Wednesday, July 28, 2021

Primeiro Dia de Férias

 


Começou a contagem decrescente... 

Hoje, para além de ter estado ao telefone com a minha mãe seis vezes, a última das quais às dez da noite, aproveitei para ficar na minha cama. Vi filmes, li e fiquei no meu quartinho, devidamente resguardado do exterior através de cortinas pretas, sempre fechadas. Ficarei em modo quarto até ao Domingo. Depois, tenho coisas maçadoras para fazer. Tédio. Depois... depois logo se vê.

Tuesday, July 27, 2021

O Agosto de 2019, acho eu

 


Não foi grande ideia a gabardina cor-de-rosa. Só fica bem com branco, e eu só raramente me atrevo a vestir branco... 

Monday, July 26, 2021

Grande Hotel Europa

 


No Público, António Guerreiro, o meu colunista preferido, porque não cede à facilidade dos temas e da linguagem, porque não desiste de mostrar a sua cultura livresca, fez uma entrevista ao escritor holandês Ilja Leonard Pfeijffer. Este é um escritor culto, um intelectual na verdadeira acepção da palavra. Também ele não faz cedências. E bem! Não cede até a uma pergunta menos bem conseguida de AG. A forma elegante, mas também sobranceira, como Pfeijffer diz «Não sei se percebi bem a sua pergunta.» Claro que percebeu, percebeu até bem demais. Percebeu que era uma pergunta descabida.

O romance, se bem percebi, faz um retrato nostálgico da Europa. A Europa cuja economia sobrevive sobretudo de se vender aos turistas. Vende-lhes a experiência europeia: a visita aos monumentos, a organização sui generis das suas cidades, testemunhas do passado e reféns da sua História. E a massa de turistas, mais que ver - digo eu - está desejosa de fotografar os palácios, os castelos, os mosteiros, as igrejas, as estátuas, os museus, os teatros, as ruas de outrora, as ruínas gloriosas ... 

E fala-se de Veneza, a cidade náufraga num mar de visitantes... etc.

Às tantas, diz ILP:

«nascemos, vivemos, amamos e morremos rodeados de monumentos provenientes de épocas mais gloriosas. Todo esse passado é obviamente a nossa riqueza. Mas talvez haja também o outro lado da moeda, porque quem vive no meio dos vestígios de séculos mais gloriosos, mais cedo ou mais tarde pode ser tentado a concluir que os melhores tempos estão atrás de nós. Esta nostalgia também está no cerne da identidade europeia e pode-nos paralisar. Todos nós aguardamos o regresso do rei Dom Sebastião. Há tanto passado na Europa que já não há espaço para o futuro.»

Pelo menos, não haverá um futuro com indivíduos com "uma cultura clássica", forma como Ilja Leonard Pfeijffer se vê. É essa Europa que vai desaparecer. Que talvez até já tenha desaparecido.

Este livro - que vou ler - traz-me à memória o livro de Stephan Zweig O Mundo de Ontem. Este é um documento, um livro de alguém que, antes de se suicidar, quer deixar um testemunho do mundo antes das guerras, mas sobretudo antes da Segunda Grande Guerra. O livro de Pfeijffer, uma obra de ficção, é, à sua maneira, também, um testemunho da Europa em ruína. Não da guerra, mas da incultura. É um testemunho do mundo líquido em que vivemos: dos "negacionismos" vários, da ignorância, do vale tudo. A ciência e o pensamento mágico competindo pelo mesmo espaço. O homem-massa a dirigir nações... 

A  Escola, entretanto,  trata o Conhecimento como algo que deve estar em segundo plano, até desaparecer!!  O conhecimento é obsoleto! Não interessam a Filosofia, a História, a Literatura. Das Humanidades, dizia alguém, só interessa a língua inglesa, o resto é pura perda de tempo. Inclusive o estudo da língua portuguesa. Não serve para nada. Interessam as competências. O, dizem eles, saber-fazer. A literacia digital. O conhecimento científico que se traduza em "coisas" palpáveis. Imagino que a Física Quântica não interesse também nem ao Menino Jesus. 

Nunca me esqueço da figura de uma mulher velha, mas muito elegante, de vestido comprido, a vaguear numa bela casa em ruínas. Assim, parece-me, está a Velha Europa. Expugnada da sua glória, da sua elegância antiga, oferece-se ao Outro, que não tarda a manda terraplanar para fazer uma qualquer nova-dubai: brilhante, desmesurada, vaidosa. E muito vazia. 

https://www.publico.pt/2021/07/25/culturaipsilon/entrevista/europa-romance-tragico-1971006, consultado em 26 de Julho, 2021


Wednesday, July 21, 2021

Santa Apolónia


Senhores passageiros, o comboio proveniente de Lisboa, Santa Apolónia cessou a sua viagem. 
Ainda bem. Não via a hora de chegar a casa...

VIAGEM

 


Olhar para o comboio é, para mim, a única viagem que vale a pena. Sem malas, sem bilhete, sem ir amarfanhada no ambiente de ar condicionado, sem companheiros de viagem. Sem companheiros de viagem!! 

O homem-massa


«... a minha ignorância vale tanto como o teu conhecimento» .

Não é só nos EUA. É geral! 


Tuesday, July 13, 2021

Tosta Mista


- Como vai ser?

- Mista.

- Sim... Como???

- Mista.

Primeiro momento de arranque de cabelos e guincharia. E sermão. A praxe. Continuemos. Grande chefe cabeça de ventoinha elogia à esquerda e à direita. Os elogiados exibem sorrisos semi-bovinos. Mas a madre abadessa toda ela rescende a gado vacum. O costume. Tudo se compõe e segue um momento de acalmia. 

- Os materiais... olhem os materiais... olhem os materiais.

- Como diz?

- Como digo? Ando a dizer há décadas! Olhem que, olhem que, olhem que... que eu já nem vos vejo...

Segundo momento de caldo entornado. A santinha do pau oco, de surda que é, quando o assunto não lhe agrada, isto é, sempre, fala com grande alarde, fazendo uma chiadeira horrível ao articular as sílabas. A outra santinha, a do pau anafado, profere frases leves, mas dá para ouvir o rilhar de dentes. Tudo volta à civilidade. Ao verniz.

- A fulaninha está destacada. Seguinte.

- A fulaninha está assoberbada. Assoberbada.

- Mas porque é que estás a falar pela fulaninha? Se a fulaninha está assoberbada, porque é que disse que não estava assoberbada? Ó fulaninha!

- Não estou nada assoberbada. A fulana é que está assoberbada.

- Mas qual fulana? Estamos todos assoberbados.

- Mas a fulana está mais!

- Deixa a fulana falar! É que é tudo a falar ao mesmo tempo. Assim ninguém se entende.

- Pronto. Confundi as fulanas. Não vejo motivo para...

- É que estou cansada. Olhem que... olhem que...

 Novo escarcéu. E a fulaninha a desfiar o extenso rosário de incumbências. Todas elas de grande relevância. Sente-se o restolhar de orelhas caídas e pálpebras também. Aquele abaixamento de certas partes quando se está a ouvir das boas. Ou seja, das más. Há um desânimo disfarçado pelo arreganhar dos dentes. Está-se a comer, mas não é sopa, e cara alegre.

Cara alegre!! Como diz o outro, que não perde uma oportunidade de tergiversar: o povo é sereno!  

Zdzisław Beksiński- A sad end to an interesting life | S t u f f (brighton.ac.uk), em 14 de julho, 2021


Thursday, July 08, 2021

A Selfie


 A selfie de máscara. Para memória futura. 

Prova Oral

 


Castelo Branco. Depois de dez orais e muita papelada. À porta do antigo Liceu Nacional de Castelo Branco. Na Avenida mais linda de CB. Eu gosto de coisas antigas. Liceus, títulos. Tudo o que individualize. Detesto massificação. O momento de beber alguma coisa antes de regressar à Covilhã. Eu não bebi nada... mas estava bem. Estava com amigas. Na entrada da Covilhã, eu e a AM tivemos um ataque de riso - como já não me lembrava de ter - que durou até à minha casa, onde ela me deixou. Ataque de riso com lágrimas e falta de ar. Às custas do totó terraplanista e a sua queda para o azar. 

Que bom!

Tuesday, July 06, 2021

Não Sei o Que Fizeste No Verão Passado

 


Nem no anterior. Nem no inverno ou no outono. Não sei nada, nem tu de mim. É isso o que acontece com aqueles que desconhecemos, aqueles de quem nos desinteressámos. Aqueles que se desinteressaram de nós...

Também não sei nada da pessoa que possa estar agora a passar pela lateral do meu prédio. Desconheço a sua existência. É a normalidade do desconhecer.


(129) Pinterest , em 6 de julho, 2021

Saturday, July 03, 2021

Friday, July 02, 2021

A Gravidade

 
A guarda avançada da minha luta contra a gravidade, rodeada dos meus perfumes Jeanne Arthes. Anos e anos a usar perfume caríssimo e eis que encontro este tesouro a preço módico. Até o perfume com cheiro de sabonete Lux, dos antigos. É tal e qual. É sabonete. E o outro é cheiro de banho tomado, de limpinho. Por falar em limpinho, planeio, depois da reforma - falta tanto... -, rapar o cabelo e deixar de me banhar tanto. Sou previdente e, como tal, planeio o futuro, caso venha a tê-lo, e a primeira decisão está tomada. Acabaram-se os banhos!! Ah, e o cabelo. Escova zero.


Os infortúnios da senilidade...


Terei, talvez, de mudar a indumentária também... hein? A cor, não! Preto, sempre! Mas... tenho, sim. Fatos. Saia e casaco. Vou começar a usar saia. Saia lápis. Vou começar a usar óculos de aros pretos, para disfarçar os pés de galinha - e que galinha! Daquelas do campo, muito lampeiras e anafadas. Já não me faltava a profissãozinha de faz de conta, de manga de alpaca, de muita papelada para dar um ar de grande rigor - fake!!! -, ainda tenho de me ocupar com a problemática do guarda-roupa. Como dizem os ingleses, "fitst things first".

 

All Stars!


Resta-me aderir às sapatilhas, dado que detesto sabrinas e afins e saltos, mesmo baixos, causam-me inenarráveis sofrimentos, quer na estrutura óssea, quer na fina pele de meus pés. Nesta terra íngreme, com calçada portuguesa, a que se juntam passeios tortos devido às raízes das árvores, e aspersores de rega dos quais há que fugir para evitar ser encharcado em plena via, não me resta outra escolha. Eu quero ser uma idosa com estilo, não uma idosa de alpercatas! E decidi - depois de árdua reflexão e consulta de YouTubers, para saber até que idade se pode usar ténis. Parece que se pode até aos 120 anos. Óptimo!