Tuesday, April 28, 2020

Matching Point


Amanhã, terei de sair. Ir à farmácia. Usarei máscara! Se eu me atrevesse a colocar o meu lenço, como faço à noite. Se fosse inverno. Se os dias fossem pequenos.
Eu devia estar bem. Estou em casa.
Não encaixo em lugar nenhum...

Saturday, April 25, 2020

Friday, April 24, 2020

After Eight

Com o meu jeito para usar a tesoura - à quinta quase foi de vez - , e a bendita espuma para o cabelo, posso dizer adeus ao salão de cabeleireira para sempre. 
Alívio! 



Monday, April 20, 2020

Hair


Nos filmes, as personagens agarram numa tesoura e dão umas tesouradas no cabelo. E ficam bonitas. No outro dia, fiz o mesmo e mal pude esperar para me ver bonita no espelho, com as melenas ainda esparramadas no chão. Continuo à espera...

Thursday, April 16, 2020

R, Adele R


Só espero não assustar o entregador do Continente...

Luis Sepúlveda






Vídeos stock de Águas calmas, Filmagem de Águas calmas livres de ...
Morreu!?

Imagem: pt.depositophotos.com

Wednesday, April 15, 2020

Realidade Líquida





As notícias quase estarrecem. Quase, na medida em que nada se inscreve verdadeiramente no quotidiano grotesco do momento actual, não actual e desactual.

Muito se fala de mortos. Pedi à minha mãe que não me contasse as notícias, posto que eu me afadigo para ignora-las. Mas ela, naquele dia, estava deveras estupefacta, não só pelo número, como pelo lugar a ocupar pelos mortos. Disse que tiveram de ser colocados num ringue de patinagem no gelo. E que não havia mãos a medir nas agências funerárias. E ainda que os funerais seriam solitários. A minha mãe abismava-se, pois, como se pode ver. Depois, voltou à vaca fria, mas pouco, para dizer que no Equador havia mortos pelas ruas. Decidi então passar os olhos pelo jornal, dado que a minha curiosidade, como se sabe, é mórbida. Com efeito, o que li deixou-me algo …. como dizer… enfim… Havia mortos nas ruas, nas casas, à espera de agentes funerários, que entretanto, dada a pujança do sector, tinham fechado as respectivas agências. Havia igualmente médicos alegadamente a aprender a utilizar ventiladores. E por aí fora: todo um cenário de horror.

Entretanto, leio que num dado país, que não interessa qual, os mortos são contabilizados como recuperados. Porquê? Porque já não contagiam ninguém. Está explicada, assim, a excelência médica que por lá grassa.
Os argumentos contra e a favor do binómio morte de velhos versus economia nem vale a pena explicitar. Há, nas caixas de comentários dos jornais, material abundante, para consulta. Entretanto, outros binómios emergem: pessoas que trabalham com infectados, logo pessoas altamente patogénicas. Algures, os respeitáveis condóminos de um prédio reuniram para impedir a entrada de uma assistente de supermercado no seu apartamento, não fosse ela contaminar toda a vizinhança até à quinta geração. Por falar em vizinhança, em Espanha, uma médica deparou-se com o seu carro vandalizado com os seguintes dizeres: rata contagiosa. Ponto de exclamação.
Inquietante é ler, também, acerca de doentes que fogem dos hospitais que os acolhem; de velhos que são apedrejados quando se encontram, em cadeiras de rodas, em trânsito para outros lares; de infectados que cospem nos outros; de pessoas que lambem prateleiras de supermercado, para gerar pânico; de infectados que se passeiam placidamente, como se nada fosse, etc..

Alberto Gonçalves, numa das melhores crónicas, que escreveu por estes dias, sob a forma de diário, contava o seguinte:

Dia 18. Comecei a aprender fagote para tirar uma fotografia e publicar no Instagram. Quando isto passar tenciono perceber o que é o fagote e, talvez, adquirir um.

Dia 19. Fui à varanda bater palmas aos profissionais de saúde, aos nossos maravilhosos líderes e ao zelo da polícia. Um vizinho incentivou-me: “Cala-te, palhaço!”. Eram 5 da manhã.
https://observador.pt/opiniao/so-eu-sei-porque-fico-em-casa-diario-de-um-cidadao-consciente/

Não admira que eu cada vez menos me interesse pela ficção, encantada que ando com a realidade.

Tuesday, April 14, 2020

O Regresso


Se me tivessem batido, não estaria mais derreada. Mal consigo levantar a cabeça. Vim escrever, porque, apesar de tudo, quero deixar um registo.
É um regresso à verdadeira pandemia…
Um dia, uma colega falava das formas de silenciar os não alinhados. É uma querida colega, mas que por vezes acho que exagera. Porque eu, no fundo, não incomodo, não faço militância, não me interesso verdadeiramente pelas coisas para me deixar perturbar em demasia. Mas não vale tudo. Não. Definitivamente. Penso agora nas palavras da colega e, se as escrevesse, colocaria em frente a todas um visto: confere.
Ainda vou pensar no que vou fazer. Mas dúvidas acerca do que se passa, das estratégias, não tenho. É sempre possível que as pessoas sejam simplesmente estúpidas. Que não pensem naquilo que fazem. Mas, pessoalmente, acredito que tudo fazem seguindo as regras aplicadas às situações concretas. O que não quer dizer que não sejam estúpidas também. Não há coincidências. E mesmo que houvesse, eu, que interpreto o comportamento das pessoas como se fossem personagens num romance, não hesitaria em caracterizá-las como calculistas, manipuladoras e, sobretudo, fraudulentas. São, igualmente, frias, subservientes entre elas - lambebotistas e botadelambidas -, completamente desprovidas de escrúpulos. E de memória. Querem sobreviver a todo o custo, atropelem nesse processo quem tiverem de atropelar. Não lhes importa. Vale tudo, para percorrerem o caminho até à meta da forma menos penosa para elas. É o salve-se quem puder. No fundo, estão tão desesperadas como todas as outras pessoas, mas têm o poderzinho… É a única diferença-
O … por invalidez… Essa não perdoo!