Saturday, December 30, 2017

"Nightwalking" by Boris Groh



«É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solidário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fim da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar

(...)»

Ruy Belo

Saturday, December 16, 2017

Fugiram de Casa de Seus Pais - Episódio 2

Fugiram de Casa de Seus Pais - Episódio 2 - RTP Play - RTP



Agradeço ao MEC, ao Bruno e ao Markl por terem trazido um bocadinho de riso e de esquecimento a este dia tenebroso...

Friday, December 15, 2017

BarlowGirl - Carol of the Bells/Sing We Now of Christmas




Carol Of The Bells





Procurei esta cântico durante séculos! E agora encontrei-o em múltiplas versões, cada uma mais bela do que a outra. Lindo!

Sunday, December 10, 2017

A Queda de um Anjo





Dustin Hoffman era um dos meus actores favoritos. Não é mais. E tenho pena, porque não conseguirei tornar a ver esta cena do filme O Perfume com o mesmo encantamento. DH afinal não aprendeu nada com o seu papel em Tootsie. Era afinal um boçal, um grosseiro, que dizia coisas horríveis, como ele próprio admitiu, a mulheres. Na altura era aceitável. E era. Aliás, continua a ser... Tentei perdoá-lo. Mas afinal não eram só palavras as armas de arremesso contra mulheres. Eram também as mãos imundas.

Haverá alguma mulher que não tenha lindas histórias do género para contar? Eu tenho. A última, já eu era cinquentona! O que é que fiz? Fiz de conta que não aconteceu, dado o ridículo, o insólito e a personagem. Mas está, de facto, na altura de não fazer de conta. Aliás, os homens com excesso de testosterona causam-me sempre alguma indisfarçável repugnância! 

Friday, December 08, 2017

Fugiram de Casa de Seus Pais





Adorei. Senti como se estivesse também nesta casa linda e acolhedora do MEC. Penso que não faria falta o convidado. O Bruno N e o MEC dão conta do recado. Foi uma espécie de regresso ao nonsense da revista K.

Lindo!

Monday, December 04, 2017

Companheiros da noite


Até amanhã, ainda há uma noite para passar. São poucas horas, mas estarei sozinha, com os companheiros de sempre. Os meus melhores amigos.

Friday, December 01, 2017

Tardio



“agora passo ao de leve pelas coisas
 e tudo é transparente
 sou um fantasma sou um anjo
 nem sequer de cócoras posso estar
 o mundo é cada vez menos inconsistente
 escrevo tudo como se fossem cartas
 trespasso objectos com um olhar diáfano
 posso agora assistir melhor
 ver como cai o pó
 essa preocupação inverosímil
 um pouco tonta
 quando tudo se esboroa
 sei agora como cai
 não sei como é estar vivo”

 Rosa Oliveira, tardio


Imagem: https://www.facebook.com/zdzislawbeksinski/photos/a.410569045757276.1073741828.403676586446522/700296513451193/?type=3&theater, consultado em 1 de Dezembro, 2017


Thursday, November 30, 2017

Mais um dia...




... e menos um dia também. Dia inenarrável.

«A boa educação consiste em tornar mais confortável e agradável a existência dos outros: bem cultivada, é uma forma de bondade.»

Miguel Esteves Cardoso

Não existe nem  conforto nem bondade na minha vida... 

«Deixem os mortos em paz. Poupem nas litanias. Eles já não vos ouvem. É capaz de ser essa a vantagem de estar morto. Já não vão poder chateá-los mais. A sério: deixem os mortos em paz, pá.»

Carlos Vaz Marques

É uma vantagem, sim, dos mortos: já ninguém pode chateá-los. Ninguém!

Imagem: https://www.facebook.com/zdzislawbeksinski/photos/a.410569045757276.1073741828.403676586446522/950417721772403/?type=3&theater, consultado em 30 de Novembro, 2017

Friday, November 24, 2017

Pedro Rolo Duarte


...morreu. Eu lia o Independente e a revista Kapa. Via-o no Falatório da RTP2, se não estou em erro. Por vezes, ouvia o programa Hotel Babilónia. Agora partiu. Que pena. Tudo acaba.

Thursday, November 23, 2017

Noite de Chuva



10 da noite. Terminou o dia de trabalho. Vou para casa. Uma colega traz-me no seu carro. Mas ainda tenho que pagar a factura da água. É urgente. Abro o guarda-chuva, com muito prazer, e vou ao multibanco. Para abrir a porta e dirigir-me à máquina, paro para tirar o cartão. Estou carregadíssima: o computador para um lado, o guarda-chuva, a mala caótica, na qual tento chegar ao cartão. Enfim, estou em frente ao banco, tentando equilibrar tudo aquilo. Claro que das profundezas da mala nada sai:

«É preciso ajuda, minha senhora?»

São dois homens da minha faixa etária que passam por mim, cada um debaixo do seu guarda-chuva. Olho para eles, e vejo simpatia pura:

«Obrigaaaada.»

Arrasto as sílabas. É a minha forma de lhes agradecer o terem dado por mim. Eu gosto de ser invisível, mas também gosto quando me vêem.
A noite parece estar a correr bem. Que bom!


Imagem: https://afremov.com/THE-SPECTRUM-FOR-HAPPINESS-PALETTE-KNIFE-Oil-Painting-On-Canvas-By-Leonid-Afremov-Size-40x30.html, consultado em 25 de Agosto, 2017

Wednesday, November 22, 2017

Silly Season



Começou aquela época estranhíssima de faz de conta...


Tuesday, November 21, 2017

A Vida Curiosa dos Invertebrados



A civilização tem destas coisas: a boa educação. Entre aspas. Por vezes, no entanto, gostaria de ver os ofendidos a agarrar os outros pelos cabelos e a arrastá-los pelo chão. Claro que as palavras moca e mocada, salvo seja, também me vêm à mente. É mais humano, mais lógico. É também mais bárbaro, e bem. Mas não será igualmente bárbaro que dois sujeitos, que disseram um do outro – especialmente um em relação ao outro  e vice versa – o que Maomé não disse do toucinho, se desfaçam em delíquios próprios da literatura ultrarromântica?  Um dia destes procriam em público!!! Vai ser o fim da macacada…


Imagem: https://www.pinterest.co.uk/poesglow26/american-gothic-hilarity/?lp=true, consultado em 3 Stembro, 2017

Janelas



Há uma paz imensa na observação de janelas que se iluminam para a noite e o frio.

Imagem: https://www.facebook.com/pitturapoesia/photos/a.1895062677435803.1073742088.1518350561773685/2023431707932232/?type=3&theater, consultado 19 de Novembro, 2017

Friday, November 17, 2017

Fingertips - Move Faster





...

Sexta-feira à noite...



Imagem: https://www.facebook.com/zdzislawbeksinski/photos/a.410569045757276.1073741828.403676586446522/952052384942270/?type=3&theater, consultado em 17 Novembro, 2017

Monday, October 30, 2017

The Walkers


The Walking Dead recomeçou. Na semana passada não pude ver, mas hoje pude. E vi. Só o hábito, no entanto, explica que continue a ver. A história esgotou-se. As personagens aumentaram e perderam o encanto de outrora. A primeira temporada foi a melhor. Aliás, foi francamente boa. Depois, houve episódios de temporadas posteriores que são inesquecíveis. Agora nada parece verdadeiramente fazer sentido. Há várias comunidades lutando umas contra as outras. Claro! Hoje, transformada eu própria numa morta viva, fiquei pasmada - se calhar até de boca aberta e a babar-me, tudo é possível - a ver as imagens. Havia gente por toda a parte e todos a matarem-se uns aos outros. Isto é, os mortos querem comer os vivos. Os vivos, por sua vez, querem matar os que já estão mortos e também os que ainda  estão vivos. Andava tudo de armas de todos os tipos na mão. Menos os mortos, postos que alguns já nem mãos têm. Os mortos matam à dentada. De repente, tentei raciocinar: mas como é que esta gente tem tantas armas? O mundo está parado, não se produz nada, não resta quase ninguém. Depois reparei que a acção hoje passava por encontrar as armas guardadas numa casa. Não era um quartel. Isto é, as armas só poderiam estar espalhadas nas casas abandonadas das cidades destruídas. E que arsenal! Isto é - peço desculpa pela repetição -, estas cidades, quando reinava a normalidade, estava cheia de gente que detinha todo o tipo de armas sofisticadas, armazenadas nas suas casas, com o fim de destruir o seu semelhante. O que as pessoas gostam de destruir os outros. De matar. De aniquilar. E nem sequer são necessárias armas.
Hoje mesmo, assisti a várias formas de tentativa de aniquilação: com palavras, virar de costas, indiferença, desprezo. Eu própria desprezei em legítima defesa. Sim, que não me dou ao trabalho de atacar. Que mundo! De merda!

Imagem: https://www.facebook.com/PolishMastersofArt/photos/a.1526688624261610.1073741945.1489475997982873/1953891651541303/?type=3&theater, consultado em 22 Outubro, 2017

Saturday, October 21, 2017

Vem, abraça-me, beija-me....



«O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.»
Martin Luther King

https://www.pensador.com/frase/NDg1MjYy/

E Marcelo Rebelo de Sousa é bom e comparece! Ele não virou as costas àqueles que desesperam no momento de aflição. Claro que os abraços não resolvem os problemas imensos que a tragédia deixou para trás. Mas não se subestime o valor do afecto, da amizade, do carinho. Bem diz o ditado que é na dor que se conhecem os amigos.  E MRS, num mundo de "líderes" boçais e ignorantes, é inteligente, é digno e, sobretudo, é BOM!

Sunday, October 15, 2017

Nighttrain to Lisbon





A insónia levou-me a procurar um filme já perto da madrugada. Acabei por deparar-me com este. Nem sabia que existia. Já tinha lido o livro no qual se baseia há algum tempo. Mas também já o tinha esquecido. A noite nunca, quase, me desaponta, até na insónia.

Que belo filme! Que bom rever o querido Nicolau Breyner e todos os outros excelentes actores portugueses. E que bom ver Jeremy Irons deambular por Lisboa, belíssima também.

Mais um filme para a lista dos inesquecíveis!

Friday, October 06, 2017

Kazuo Ishiguro, The Remains of the Day


Este ano a Academia deu o prémio a um escritor, como deveria ter feito sempre. Mas a escolha foi tão boa, a meu ver, que se conseguiu redimir das asneiras de anos anteriores.
" Os Despojos do Dia". Conhecia o nome deste romance, que associava apenas ao filme. Quanto ao nome do escritor, não o saberia escrever. Acontece-me também o mesmo com Akira Murakami, se não estou em erro. Mas o nome deste último era-me bem mais familiar. Eu, porém, não tenho grande apetência por escritores que não escrevam em português, inglês, francês ou alemão. Claro que não sabia que Ishiguro é britânico, embora tenha nascido no Japão, e que a sua obra está escrita em inglês. Tudo isto aprendi ontem, posto que fiquei curiosa para saber a quem tinha este ano atribuído a Academia o Nobel. E eis quando me deparo com o título The Remains of the Day. Comprei-o de imediato na Amazon e de imediato o li. Ainda não consegui sair de uma espécie de encantamento em que entrei a partir aí da quarta ou quinta página. É tudo tão bom, de tão bom gosto, tão bem escrito, tão bem estruturado, que parece escrita fácil. A Literatura é isto. É assim que é um romance literário.
Por vezes, quando agarramos num escritor canónico ou respeitado pela crítica académica, temos a sensação de estar em presença de um livro que só é aceite por ser tão intragável. Não vou dar exemplos. Mas posso falar daquela coisa de não haver necessidade de contar uma história, pois só a linguagem importa. Não concordo. Eu quero uma história. E em The Remains of the Day conta-se uma história, uma grandiosa história. Está lá tudo: personagens, tempo, espaço, etc. Quanto à linguagem, é de uma simplicidade que impressiona: não há tiradas retóricas, junção de palavras de grande efeito, enfim, malabarismos linguísticos Há tão somente simplicidade, palavras adequadas para relatar/descrever o que interessa para o desenrolar da acção. Mais nada! Por outro lado, apesar da carga emotiva inerente àquilo que é contado, na primeira pessoa, não se pode "culpar" a escolha de vocabulário específico para emocionar. Tão pouco se pode apontar o dedo ao narrador, que é quase esfíngico.
O que vai tomando conta do leitor é um eco da humana incapacidade de alguns de nós - ou muitos de nós - de agarrar o dia, de criar laços, de deitar a mão àquilo que se nos oferece e agarrar com força, para não deixar fugir. É a omnipresente solidão de tudo aquilo. É a viagem ao encontro de alguém que já não está ao nosso alcance, para dizer adeus, um adeus definitivo, numa tarde de chuva, numa paragem de autocarro, com o guarda-chuva aberto. E depois regressar ao ponto de partida, à casa, quase vazia, a única referência de que algo aconteceu, de que algo foi vivido, apesar de tudo.
Num dos artigos que li sobre este escritor, diz-se que duas das suas referências literárias são Kafka e Jane Austen. Claro que lerei mais livros seus e tentarei procurar neles estas duas referências. Para já, em The Remains, é fácil encontrar Kafka na solidão extrema, quase sem sentido, da personagem principal. Quanto a Jane Austen, está bem patente na elegância da escrita. E na casa, grandiosa, que quase poderia ser Pemberley.    

Imagem: 



Wednesday, September 20, 2017

Leon: The Professional (1994) TRAILER

Leon





Dia indescritível! Mas já acabou. Já posso esquecer tudo - o gozo reiterado, o desrespeito endémico - olhando uma e outra e outra vez Leon e Mathilda.

Tuesday, September 19, 2017

Leon, The Professional




Hoje foi um dia muito longo. Estive sete horas seguidas no meu local de trabalho. Sem comer, claro! Já cheguei há uma hora. Já comi qualquer coisa, já bebi chá. Já deveria estar na cama. Mas não consigo esquecer o filme que descobri acidentalmente no YouTube, e que é um dos meus filmes preferidos. Talvez porque há muito não via ou lia nada que verdadeiramente me entusiasmasse. Com este filme foi diferente. Aliás, os comentários são unânimes: não há como não ficar fascinado.
Foi o que me aconteceu. Já há muito não me emocionava tanto com uma coisa boa. Habituei-me a andar anestesiada, a fazer as coisas de forma rotineira, mecânica, porque tem de ser, a fingir boa disposição, simpatia (eu tento, juro que tento, embora já me tenha esforçado mais), enfim… aquelas coisas indispensáveis à passagem pelo dia e pelos outros. Estava desabituada de me deixar levar por uma história, ou histórias, de deixar que todos os sentimentos viessem ao de cima. Não resisti à relação de afecto entre dois náufragos, um homem e uma menina, à  mistura de violência (muita) e ingenuidade. Não resisti sobretudo ao desempenho notável de todos os actores. Penso que a história por si só não se aguentaria sem Jean Reno – belíssimo, que eu não conhecia -, Natalie Portman – que só conhecia de nome - e Gary Oldman.
O filme durou mais de duas horas, durante as quais me foi impossível desviar os olhos do ecrã. Uma coisa mágica, hipnótica. Perto do fim, antecipando já o final, o espectador está a tentar conter-se, a tentar ser forte, a fazer tudo para não ceder mais ainda do aquilo que já cedeu, posto que está de rastos, com a respiração difícil, a garganta apertada, e então o que acontece, na última cena, na derradeira cena? Como se não bastasse o que se pode ver, começa a ouvir-se devagarinho, baixinho, e depois mais alto e mais nítido,  Shape of My Heart: a canção belíssima de Sting. Não há nada a fazer. É fechar os olhos e deixar acontecer. É exorcizar tudo. Lavar a alma, os olhos, exorcizar as pequenas mas terríveis histórias que nos derrubam todos os dias, apesar do tempo que passou.
Leon e Mathilda: inesquecíveis!

Wednesday, September 13, 2017

Gatos





Não é lindo?

Coisas da noite


Levanto-me diariamente ansiando pela hora de voltar para a minha caminha, para o meu quarto. Nos dias mais agrestes, entro em casa e vou de imediato para o quarto. Antes, claro, tenho de retirar da minha pessoa todo o lixo que se colou a mim durante a triste passagem pelo dia. Difícil é limpar as imagens dentro da cabeça, e a sensação desagradável que vagueia pelo meu corpo. O peito oprimido, a dificuldade de respirar.
Preparo um tabuleiro com alguma coisa boa, um chocolate quente, um chá, uma fatia de bolo, pão com manteiga. Por vezes, não raro, as coisas boas ficam ali, a enfeitar, dada a impossibilidade... enfim, a impossibilidade. Levo também um livro, o computador, o kindle, seja o que for, para esquecer, para me aturdir, para me entorpecer.
Hoje, foi um dia "sui generis", mas banal. Não faz sentido, eu sei. Tudo, porém, se tornou normal nos tempos que correm. Por outro lado, eu já tinha dito que a criatura tinha muita falta de chá. Mas, confesso, não imaginava que fosse possível uma coisa assim, apesar de tudo: a grandessíssima besta! Foram ultrapassados todos os limites do razoável. Da próxima vez, quem sabe, espera-nos um pau de vassoura  pela cabeça abaixo, ou mesmo um clássico de tempos idos: sermos cobertos de alcatrão e penas de galinha. Depois, veio Julieta e Julieta, enfim sós! Que par...
Como, no fundo, não houve novidade, posto que a telenovela mexicana decorreu como era suposto, dada a escassa qualidade das personagens e a falta de novidade do enredo, basta um leitinho e o computador para ver vídeos de gatinhos, gatinhos mesmo, entenda-se, de quatro patas, que é um hábito recente, que espero me passe depressa. É tudo.

Tuesday, September 12, 2017

Santa Apolónia


Dia cheio... de trabalho e tédio. Rever aqueles que me repelem "beyond expression". Sempre as mesmas frases, os mesmos enganos, as caras sérias, sabendo que nada vai acontecer como "previsto", porque nada está previsto, porque é gente que não sabe prever, nem agir, nem decidir. O destino e o tempo colocarão tudo no seu lugar: o lugar errado, ou não, concedo. O acaso encarregar-se-á de tudo encadear dia após dia, mês após mês, até ao novo fim e ao novo recomeço. Vómito!
Final de tarde, anúncio do regresso a casa. Antes, o convívio com aqueles que penso que gostam de mim - surpresa -, que apreciam a minha companhia: obrigada. Contámos histórias, eu recontei coisas, reciclei, ri-me e fiz rir. Por vezes, no entanto, apeteceu-me, em vez de rir, fazer o que é suposto, com as histórias tristes que me assombram.
Estou finalmente em casa. Amanhã, o dia será de novo muito preenchido e muito vazio também. É o último dia antes de tudo começar à séria. Esta será também a última noite menos inquieta, apesar de tudo. Há, antes, que retirar todo o lixo que ficou agarrado a mim, à minha roupa, à minha alma. Depois, espero conseguir dormir o suficiente para poder sonhar. Se tiver sorte, irei à cidade de Santa Apolónia, aquela cidade deserta com uma enorme avenida, a perder de vista, tão larga, que parte está permanentemente sob grande escuridão. O sol não chega lá. Andarei por entre as ruas, à noite, na noite, procurarei um restaurante no qual não conseguirei engolir nada, e terminarei num  quarto de pensão, numa cama gigante deitada lado a lado com uma multidão que não para nunca de entrar, despir e deitar. Foi isso pelo menos que aconteceu da última vez que lá estive. E foi tão bom!
Com sorte, até conseguirei voar, para espreitar pelas janelas das casas silenciosas.     



Saturday, September 09, 2017

"Passagem das Horas"



Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que se não pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.


Fernando Pessoa

Verdade. E, pelos vistos, houve mais alguém que esteve naquele sítio da casa, das flores brancas, das flores vermelhas e da janela discreta. Mas no dia em que lá estive o céu não estava nublado: todo o espaço resplandecia com o brilho da noite.

Webgrafia:
https://escritores.online/quando-fui-outro/ , consultado 7 Setembro, 2017 

Wednesday, September 06, 2017

Agora e na hora da minha morte...



A: Olá, pareces-me mais macambúzia do que nunca.
B: Obrigada. Bondade tua.
A: É dos meus olhos.
B: Certamente. Eu não esperava outra coisa. Sempre um gentleman.
A: Vamos então à matéria de facto. Já decidiste?
B: Estou em processo de decisão, mas já com algumas certezas. Tenho que começar a executar, o que não é fácil, desde logo, porque tenho que falar com pessoas.
A: Aiiiiiiiiiiiiiii, credo. Pois é.
B: Cést la vie.
A: Tens então pensado bastante na morte e, neste caso, não é na morte da bezerra.
B: Eu nunca penso na morte da bezerra, como sabes. Tenho mortes mais importantes em que pensar, como a minha.
A: Gaba-te cesto, que vais para a vindima.
B: Sim, mas ainda não é hoje que vamos à vindima.
A: Porquê? Fazia-se aqui um serão. Está um vento bastante forte, bebíamos um café, ou um chá, e iniciávamos o assunto.
B: Lá chegaremos. Como é que se diz?
A: Dorme bem.
B: Não! Olha o título...
A: Ah!
B: Ah?
A: Ámen!

Imagem: https://www.facebook.com/events/327734210915100/, consultado em 6 Setembro, 2017

Regresso


Passaram as férias. Livrei-me de meia tonelada de lixo, seguramente. Algum está em lista de espera, já devidamente ensacado, pronto para a deposição em sítio próprio. Falta ainda outra meia tonelada. De resto, a casa, apesar da encomenda em tão afamada empresa, está na mesma. Suas excelências, como não sabem contar, estão certamente ainda dentro do prazo de 15 dias para comunicação do orçamento. Normal. Lá vou ter de recorrer ao amigo do meu amigo - ainda tenho um ou dois com quem posso contar, vá lá - e aguentar uma eternidade até ter tudo em condições.
Li bastante. Disso falarei um dia destes. Já nem sabia que conseguia ainda ler tanto. Boas notícias, pois. Se eu não puder contar com a leitura e os meus melhores amigos, os livros, para me amparar, me consolar, me rir, emocionar, o que me resta?
Vai começar tudo de novo.
Os pintores, que procuram nos seus pesadelos  - e nos meus - matéria para as suas obras, não imaginam como os invejo. Se eu soubesse pintar assim!
Para memória futura: hoje já consigo usar esta imagem, na segunda-feira não consegui...

imagem: https://www.facebook.com/PolishMastersofArt/photos/a.1526688624261610.1073741945.1489475997982873/1933376050259530/?type=3&theater, consultado em 4 Setembro, 2017

Sunday, August 20, 2017

Agosto, 19, 2017


A Serra arde todos os anos. Todos, sem excepção. Este incêndio é bem pior. Não termina. A serra é grande e ele vai-se deslocando. Ontem, à noite, parecia confinado àquele sítio. As chamas eram visíveis. Hoje, há fumo e cheiro a queimado, que se aloja na garganta.
Amanhã, vou dizer àqueles senhores que, dado que nada vai acontecer certamente em Agosto, me contactem apenas em Setembro. Mais uma vez, aquela coisa vai ser adiada. Espero poder "apreciar" os últimos dias deste mês.
Tenho de agradecer a Wilkie Collins, cujos livros me têm feito rir e, simultaneamente, contactar com pessoas com sentimentos, com a ideia do bem e do mal. Já não me lembrava como era! Mas, claro, é ficção. Por falar, vou tomar banho, beber um copo de leite e continuar a minha leitura: que coisa desastrada fará a seguir Allan Armadale?

Serra da Estrela


Quarto com vista para o fogo...

Tuesday, August 15, 2017

Pride and Prejudice (1995) Trailer

The Haunted Hotel


Mais um romance de Wilkie Colins. Não se compara a The Woman in White, nem tem nenhuma personagem como Mr. Fairlie, o adorável hipocondríaco, mas foi bom passar o dia com as fantasmagorias de Wilkie C. Li-o num instante. Sobrou dia suficiente para ler Price and Prejudice, mas do ponto de vista de Mr. Darcy. Lindo! Decididamente, Jane Austen criou a personagem masculina mais fascinante de todos os tempos. Ou talvez não. Talvez tenha sido a BBC a encontrar o melhor actor para fazer a personagem.

Mr Darcy's Proposal


Literatura do século XIX: não consigo ler mais nada. Não me interessam as histórias da atualidade, os temas, as personagens. Dos livros, isto é, da ficção, quero apenas alheamento, fuga, corte com a realidade. Se for boa literatura, tanto melhor, se não for, a paraliteratura serve, e bem.
Ai eu, feliz, na companhia de Mr Darcy!

Thursday, August 10, 2017

Natureza Morta 2


Eu com a minha blusa de trazer por casa.

Natureza Morta


E já é dia 10 de Agosto... Se bem que os dias parecem todos iguais e igualmente aborrecidos. Acabei de ler um livro em papel. Já nem me lembrava como era. Comecei outro, também em papel. Com o primeiro passei o tempo. Com o segundo tenho a sensação de estar a perder tempo. Não me interessa o assunto, não me interessa a personagem, não me interessa a linguagem. Mas há que passar o tempo. É deixá-lo passar...

Thursday, August 03, 2017

Os apreciadores de diospiros


O Daniel M-P R escreveu-me e despediu-se com muita admiração (por mim)!
Ah, e o F telefonou, todo simpático.
Nem tudo é mau.

2014, Agosto


Nesta altura, em 2014, com a discoteca junto à minha casa ainda a funcionar, eu tentava, no meio do calor e do cansaço, continuar a minha tese. Não tenho saudades desse tempo de muitas angústias. Mas o Agosto de 2017, mais uma vez, traz-me uma nova tarefa, bem desagradável e cansativa. Mais: não há o prazer associado de aprender coisas novas. Se calhar, é em 2018 que me vou divertir. Se calhar não!

Wednesday, August 02, 2017

Light!


Está melhor! Que mortiça.

O Verão é tão longo...



Farta do Verão! Tenho saudades da minha gabardina preta... E de que servem as férias, se não posso desligar o telemóvel? É como estar com a porta aberta. Nunca se sabe quem vai entrar. E a trabalheira que tem sido e que será ainda até não sei quando. Quando é que eu vou descansar? Que pergunta! Quando morrer, claro.

Monday, July 24, 2017

Mr Rochester...





Passei o fim-de-semana com Jane Eyre, Charlotte Brontë, Mr Rochester. Todo o fim de semana. Todo. E ainda tenho mais duas ou três versões para ver e depois posso rever tudo.

Mas apesar de a versão da BBC com Thimothy Dalton ser muito boa - excelente, mesmo - continuo a preferir esta.

Ah e também vi uma outra versão de Pride and Prejudice! Jane Austen faz este ano 200 anos e continua, juntamente com as Brontë ( e Gissing, o meu Gissinguezinho), a proporcionar-me o único espaço - único! - que gosto de frequentar: o do seu mundo ficcional.


Friday, July 21, 2017

A semana passada


A semana começou na 2.ª feira da outra semana e durou doze dias! Houve apenas uma coisa boa: durante seis dias, ao pequeno-almoço, comi um croissant, e bebi café (sem leite, reparem!) e um copo de sumo de laranja. Não é bom?

Nota: aquilo lá ao fundo é desarrumação...crónica.

Thursday, July 13, 2017

Até Amanhã


Chegou a hora de dormir.
Que dia! Que coisa patética! Que paspalho, que burgesso, que paspalha, que burgessa, que paspalhos, que burgessos! Nunca é de mais afirmá-lo. Que figuras. O drama, o horror, a tragédia!
Por hoje é tudo.

Monday, July 10, 2017

Para Si


Sei que já saiu do frio, onde o desamor e a ingratidão de todos a abandonaram. Disseram-me porém que, entretanto, uns papéis já tinham sido assinados e já estava no sítio certo, a descansar sob a terra. Imagino que tenha sido tudo solitário. Lembro-me quando me dizia, já um pouco fora de si, com o olhar distante: «Pego-me com Deus, sabe, eu pego-me com Deus.» Pergunto-me se alguém terá feito uma oração no momento de dizer adeus pela última vez. Na última morada. Pergunto-me se alguém terá sequer estado ao seu lado, a caminhar junto de si, se lhe terá oferecido flores.
Posso dizer-lhe que andei numa azáfama a correr páginas e páginas na Internet à procura de notícias sobre si. Mas nada. Posso no entanto dizer-lhe que, naquela noite mesmo, a noite em que a encontraram naquelas circunstâncias, nessa noite mesmo, vinda, à noite, do meu trabalho, colhi duas rosas do nosso jardim - aquela roseira sob a sua janela - e atirei-as pela minha janela para o pátio da sua casa. Aí mesmo, da minha janela, "peguei-me com Deus", por si.
Olhe como as coisas são estranhas. Eu não sabia que a médica que me acolheu na primeira vez que fui ao hospital na Covilhã  - o antigo - iria ser minha vizinha. Mais, iria ser a pessoa com a qual viria a falar mais. Que seria a pessoa que sempre me ofereceu ajuda: tanto nos tempos da lucidez, como nos tempos da confusão. «Se precisar de mim, já sabe...». Foram as últimas palavras que me disse. Mas já não me podia ajudar, nem eu a si, a senhora não deixaria, a senhora, isto é, os seus demónios obscuros.
De facto, são muitas vezes os nossos amigos/conhecidos a família possível, aqueles que tentam fazer alguma coisa para nos confortar. Family is overrated!  

Wednesday, July 05, 2017

Pequenos exercícios de crueldade


«A história só se repete duas vezes. Uma em forma de tragédia, outra em forma de comédia.»

A personagem de uma história passada, de má memória, finda a tragédia, prepara-se, enverga, aliás, as vestes de palhaça, para que a comédia tenha início. Molière já deu as pancadinhas e o pano já está a subir. Pois que entre a comediante e faça o seu monólogo, solilóquio...enfim, o que for. Mas não conte comigo. Acompanhei-a na tragédia, porque fui personagem involuntária. Agora já conheço a comediante e a sua grande apetência para as artes performativas. Pois bem, que ande pelo palco aos saltos e aos guinchos - parece que é coisa hilariante - sozinha. Eu tenho mais que fazer.
Agora por exemplo, são quase 4 da manhã, preferia estar a dormir, mas tenho de fazer o elogio do espectáculo a que esta sujeita gosta de se entregar. É uma figura trágica, coitada, digna de dó, até. Mas quê? Foge-lhe o corpo todo para o desplante... para o disparate, para a sandice. Ele há gente assim. Comicamente trágica, tragicamente cómica.
E eu faço-lhe o elogio. É a melhor maneira de catarse. Aprendi-o a duras penas. Na frente laboral, a acção não se recomenda. Um belo dia, abismada que estava com os acontecimentos surreais, bizarros, aliás, decidi ir escrevendo o que observava. Não mais parei. A função é penosa, quando se está no teatro de operações, mas, chegada a casa, fora, portanto, de terreno hostil, quando peguei no triste relato dos acontecimentos, verifiquei que a matéria era hilária. Muitas gargalhadas tenho dado ao longo dos tempos, à custa da coisa. À minha custa também, claro, mas rir é rir, apesar de tudo: no pain, no gain!
Parece que tenho de diversificar os relatos, alargar o campo de acção, apanhar a personagem trágico-cómica em poses caricatas - fácil - e preparar os textos que me farão rir, certamente, logo que consiga ter esquecido, o que não é difícil, apesar de tudo.
Há males que vêm por bem. Este é um deles: o facto de que a sujeita não se contenha. É que ultimamente têm acontecido episódios muito tristes - pode ler-se na entrada do meu prédio, entre outras coisas: danger of infection... Deathclean....etc. Nada que seja inspirador. Quanto aos meus sonhos e pesadelos, estou a guardá-los para escrever um livro. Ora, resta escrever sobre a sujeita. Enquanto começo e não começo o meu novo curso, tenho inspiração - digamos, assim - garantida. Mais: não vai, infelizmente, faltar matéria.
Não há príncipes? Não faz mal. Escrevem-se histórias de sapos.


Imagem: https://www.facebook.com/beksinski/photos/a.461674261555.246767.28742581555/10153355053916556/?type=3&theater, consultado 6 julho, 20144

Wednesday, June 14, 2017

Samuel Barber - Adagio for Strings





Afinal, aquela coisa desagradável que se fazia sentir na entrada do prédio, e no elevador... era mais uma história daquelas de tablóide: senhora idosa, abandonada - nem um telefonema?? - e doente - daquelas doenças que fazem de nós uma outra pessoa - encontrada hoje em sua casa, uma semana após morrer. Pensava que só acontecia no prédio dos outros. Afinal...

A última vez que a vi, há pouco tempo, estava afável - calhou -, beijou-me no elevador, contou-me que lhe andavam a fazer macumbas - por estas palavras -, e depois, enquadrada na porta do centro comercial, disse-me duas vezes, com grande alarde, que, se eu precisasse de alguma coisa, podia contar com ela. Eu disse-lhe que ela também podia contar comigo. E poderia ter contado, mas... quando a pessoa já não é como era suposto ser... quando a pessoa já não está em si, e pelos vistos quem teria  - até por gratidão - de lhe fazer um telefonema - um telefonema!! - a perguntar: «como estás, estás bem?», não fez, não se importou!

 Nós, os vizinhos, devemos ter estado todos incomodados com aquele ar desagradável que circulava. Mas quem ia pensar, que alguém estava ali deitado, com os gatos, todos mortos?

Hoje, quando entrei no elevador foi tão desagradável que, pela primeira vez, veio-me à cabeça a palavra morte. E depois estavam ali aquelas figuras equipadas e com máscaras e a polícia. Mas eu não perguntei nada: sou uma pessoa civilizada, uma pessoa civilizada não se mete na vida dos outros. Mas tive logo a certeza que tinha pensado bem, quando pensei em morte. Mas pensei que fosse o cão.

 Quem teria chamado quem era suposto chamar e como e quando e porquê? Não sei.

Quando regressei a casa a porta da rua estava aberta. O mesmo ar desagradável, talvez um pouco menos - ainda pensei, deve ser a canalização, e fiquei contente. Subi as escadas. e, naquele andar, a porta de acesso estava aberta. Fui ver. Muito mais desagradável e intenso. Finalmente a porta da casa, com sinais de arrombamento e umas coisas de plástico anti-odor. Soube logo que não podia ser bom. Mas podia ser o cão. Continuei a subir as escadas e as portas de acesso estavam fechadas. Abri uma, lá dentro o ar era normal. Fui para casa. Decidi levar o lixo para o contentor. Entrei no elevador, cheirava a limpo. Não gostei daquilo: não podia ser a canalização! Mas podia ser o animal.

Ninguém a quem perguntar. O prédio, tirando a porta da rua estar aberta, estava normal. Calmo. Daquele apartamento não vinha luz. Mas dos outros também não. Podia ser o animal. Fui comprar um gelado ali mesmo ao lado e, quando o rapazinho chegou ao pé de mim, perguntei. Perguntei: olhe, eu moro ali, houve alguma tragédia? E ele contou tudo, as seis horas com bombeiros, polícia e agentes funerários. Eu ainda disse que pensei que fosse o cão. e ele disse-me que não estava nenhum cão. Mas havia gatos. Mortos também.

Peço desculpa, de não ter pensado, de não ter agido, de ter sido civilizada, de não me meter onde não sou chamada. Se calhar até era chamada... Nem sei.

Recordando a nossa última conversa, vizinha, se eu precisar de si, já não posso contar consigo. E tenho pena, Tenho tanta pena...

Saturday, June 10, 2017

The Shining





Voltamos sempre aos lugares em que somos felizes. Aos mesmos filmes, às mesmas personagens, aos mesmos actores; aos mesmos livros, aos mesmos escritores. À mesa onde colocamos a chávena do café; à cadeira que nos acolhe e nos abraça, à almofada mais macia, ao sono que nos adormece e nos faz esquecer. A nós. Não há mais lugar nenhum aonde ir.

Friday, June 09, 2017

A Single Man





... acalmar... o filme mais lindo, a banda sonora mais linda, o actor mais lindo...

Fazer uma pausa...


...falta ainda muito para poder ir para a minha caminha. Estou a fazer uma pausa, depois de tanto sapo engolido, tanta burrice, tanto descaso, tanto faz-de-conta. E, quando menos se espera, tenho de resolver um problema, vestir-me, interromper o trabalho, enfim, resolver um problema de quem conta comigo. Já eu...
Cada um tem aquilo que merece, e eu não mereço nada.

Thursday, June 08, 2017

O menir da vila do Ferro


Menir quer dizer pedra longa. Que mais sei sobre menires? Que há um no Ferro, local em que estive hoje, e que fotografei. Aqui está!
Parece que estavam ligados ao culto da fertilidade. Olhando, ninguém diria.

Wednesday, June 07, 2017

Boa Noite


Acabei o dia. Ainda me faltam as abluções nocturnas: que seca! A escovagem dos dentes é a coisa mais maçadora da história das coisas maçadoras. E encremar a face, na luta contra o envelhecimento, as rugas, a gravidade e a fealdade senil em geral? Um pesadelo.
Escrevi o meu último email do dia. Fechei o escritório. Os próximos dias serão radiosos: para variar!

Sunday, May 28, 2017

Poeira 3


Agora mesmo fui surpreendida por uma imagem. É o melhor da Internet. De repente, uma paisagem que nunca vimos, mas que encontrámos de forma fugaz num sonho bom, aparece, materializa-se. Acontece-me uma e outra vez. Pelos vistos, as paisagens dos sonhos existem, e há outros que as conhecem e as visitam também. Mas não foi só isso. Veio-me à memória uma imagem minha, da infância. Vi-me claramente perdida no meu embaraço, na casa pequena que me parecia grande. Vi-me parada, imóvel, quase paralisada, com os braços esticados e as mãos fechadas. Eu, se não estou em erro, costumava ficar assim muitas vezes...

Friday, May 19, 2017

Arregaçar as mangas...



... já só falta um bocadinho, para desligar o computador e ver o meu programa de 6ª feira: casas assombradas: huuuummmmmmmmmmmmm

Saturday, May 13, 2017

Passeio pelo escuro


Fátima/Francisco, Futebol, Festival. Parece que tudo correu bem para todos, hoje. Eu gosto que Salvador tenha ganho, claro. O futebol não me diz muito. Para já, está a impedir o meu programa de televisão preferido: governo sombra. Porém, sinto-me bem longe. Num lugar em que estive há muitos anos com a minha avó materna, a avó Maria.
Penso que dormi no chão, numa cama improvisada, junto da minha avozinha. O típico daqueles que fazem deste sítio um local de eterno retorno. Lembro-me também de ir ao colo da minha avó, para não me perder no meio da multidão. Devo ter gostado. Naquela altura ainda não sabia que não gostava/gostaria de multidões. Sinto-me, como explicar, numa espécie de encantamento. Não me sai da cabeça aquele homem sereno, afável, humano, mágico. De algum modo, esperava "espectáculo", um excesso de abraços, de gestos, de vazio, de nada. Mas foi tudo na medida certa, aquela medida das coisas genuínas, sentidas, belas. Gostei particularmente do silêncio, o silêncio partilhado.
Neste momento, o espaço estará vazio na noite, suponho. Era aí, precisamente, nessa noite e nesse vazio, que eu queria, agora, estar.

Adeus, Francisco


Já tenho saudades tuas... é a parte má dos encontros: a hora do adeus.

Sunday, May 07, 2017

Já é segunda-feira...


oh! Mas ainda tenho a noite para dormir e antes ainda tenho coisas para ler, músicas para ouvir... caras, livros. Ainda existe a noite para viver!

Tuesday, April 25, 2017

Curso Intensivo de Poesia



Não sei como dizer-te que minha voz te procura
 e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
 esplêndida e vasta.
 Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
 se enchem de um brilho precioso
 e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
 iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
 pelo pressentir de um tempo distante,
 e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
 dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
 ao lado do espaço
 e o coração é uma semente inventada
 em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
 tu arrebatas os caminhos da minha solidão
 como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
 junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
 Quando as crianças acordam nas luas espantadas
 que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
 dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
 os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
 correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
 mas quando a sombra cai da curva sôfrega
 dos meus lábios, sinto que me faltam
 um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
 coisa extraordinária.
 Porque não sei como dizer-te sem milagres
 que dentro de mim é o sol, o fruto,
 a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
 o amor, que te procuram.


Herberto Helder

Obrigada, HH, por saber tudo o que há a saber sobre Poesia.

Wednesday, April 19, 2017

Eloquência bacoca ...



A terminar o dia, cansada e completamente derreada das minhas costas, ainda tento aproveitar mais uma hora ou hora e meia, para adiantar serviço, e aparece-me esta coisa mal escrita, mal pensada, mas armadíssima ao pingarelho! E tanta página - milhentas -  cheia de coisa nenhuma, excepto de frases com fraca pontuação, sem se saber bem como acabam, pois o começo, pomposo, com foguetório, até,  já augurava confusão da grossa: grossíssima, aliás. O pior, porém, é o conteúdo desinteressante: vomitivo!
Se eu morrer de tédio durante a função - não seria mau -, irei direitinha ao paraíso, pois semelhante prosa servirá de penitência de todos os meus pecados e purificação da minha massacrada alma. Porque é que estas coisas me acontecem? Ai, ai...

Fonte da imagem: não sei, nem me interessa: saquei da net!

Monday, April 10, 2017

Chuva


Vai chover antes da Páscoa. Acho bem. Não compreendo porque é que os dias andam tão alegres: cheios de sol!

Saturday, April 08, 2017

Encontro em Samarcanda


O dia começou bem. Preparava-me para fazer uma série de coisas, já nem me lembro o quê. Mas bem posso erguer uma muralha - se bem que seja inútil... por falta de motivo -, desligar tudo, desligar-me, que há sempre uma maneira de me desagradarem, de me mostrarem quem sou, e como não se podiam ralar menos comigo ou o que eu penso ou peço.
São quase dez horas, e o meu dia preferido da semana, o meu Sábado, não passou sequer por mim, nem eu por ele. Foi apenas um dia mais que findou sem glória. Sem nada. 

Thursday, April 06, 2017

Homens com O grande


Os homens são lindos, pelo menos alguns.
Conta o Público que alguns políticos, bem como muitos outros homens, andaram de mãos dadas, como forma de condenar as agressões de que foram vítimas alguns homossexuais. No meio de tanta violência, verbal e física, é lindo, parece-me, que os homens decidam dar as mãos. E em solidariedade!
A bondade não é contagiosa, infelizmente, mas comove. A mim, pelo menos.

Fonte: https://www.publico.pt/2017/04/05/mundo/noticia/no-holanda-os-homens-andam-de-maos-dadas-para-lutar-contra-a-homofobia-1767892, em 6 de Abril, 2017

Wednesday, April 05, 2017

Café


Ida a Lisboa. Segunda e terça-feira. Dois dias longe de minha casa. Fiquei numa pensão muito bem localizada. Era limpa. Até consegui dormir. Coisa rara: acordei com o despertador! Quanto às aprendizagens, espero que chegue a papelada para ler e tirar conclusões. De resto, som e fúria e dor de cabeça. Encontrei o Miguel Sousa Tavares numa farmácia onde fui comprar analgésicos. Pena não ter dado conta de que estava mesmo ali o McDonald's. A minha noite teria sido tão melhor. Colegas muito queridas. Ainda nos rimos bastante. Tirei fotografias, mas só aproveitei uma. O resto estava subsumido pelos carros. Lástima! Pastéis de Belém, impenetrável. Padaria Portuguesa foi a minha salvação. Excelente sumo de laranja. Imensos restaurantes. Listas com tradução em inglês: prow em vez de prawn: ihih. Gente e mais gente e carros e eléctricos e excursões, isto é, alunos em viagem de estudo (?). As colegas diziam: Lisboa é tão linda. Olha como ficou a zona X, Y. Que lindo. Eu só via poluição e obras. Não ousei dizer que Lisboa não é linda. Porque é, mas de noite, claro, com a luz eléctrica a realçar o belo e a deixar o feio na escuridão. Estação de Santa Apolónia: belíssima. Encheu-se-me o coração de alegria nostálgica. Também gostei de ver o comboio. De resto, eram apenas casas. O Mosteiro dos Jerónimos parecia encolhido. Devia ser do sol: abrasador. Aliás, a temperatura foi um facto desconcertante. Foi um tirar e pôr de casacos como não tenho memória. Frio à sombra, calor excruciante ao sol. Às tantas alguém teve de pôr o meu casaco. Eu, cavalheiresca, ainda temi bater o dente com a proeza, mas entretanto foi hora de saída para o sol da rua. Andar de carro em Lisboa é coisa de louco. E Deus sabe que as coleguinhas andaram mais por minha causa, para porem a menina na pensão e irem buscar a menina à pensão. À porta da Universidade, no local de estacionamento, havia uma vasta quantidade de bosta. Ainda pensei que só eu é que via aquilo, devido ao cansaço e à falta de uma refeição quente. Mas não. Todas vimos claramente visto. Que eram excrementos dos cavalos da polícia! Felizmente secos, claro, com o calor que se fazia sentir...  Chegadas à Covilhã, foi altura de distribuir cada um pelo seu domicílio. Eu fui depositada à frente da igreja pela coleguinha motorista. O percurso curto até casa foi feito sob a barulheira ensurdecedora das rodas da mala de viagem e da pasta do computador: rrrrrrrrrvvvrrrrrrrrrrRRRRRRRRRRRR. Credo! Finalmente a minha casinha. Cumprimentei-a: cá estamos, quida, sardade! Tomei banho e bebi chá com torradas. Mas estava morta mesmo era por um café. Dois dias sem café, que triste. Agora já encerrei finalmente as atribulações viajeiras. Porque já bebi, finalmente, o meu café. E daqui a dois dias, mais ou menos é Sábado. E depois começam as férias da Páscoa: telemóvel desligado e porta fechada: hummmmmmmmmm. Que bom.

Saturday, March 25, 2017

Wednesday, March 22, 2017

Tuesday, March 21, 2017

As mulheres do Sul e a crise segundo Dijsselbloem


A misoginia anda à solta. Acabou o tempo do politicamente correcto. Há dias, um energúmeno, no Parlamento Europeu, pediu salário menor para as mulheres, porque estas são mais pequenas, mais fracas e menos inteligentes. O novo rico que aterrou na Casa Branca "grabs them by the pussy"! Aliás, no encontro com Angela Merkl, demonstrou um desrespeito repugnante para com ela, na questão do aperto de mão sugerido pelos jornalistas. Ele não é de agarrar as mulheres pela mão...
Hoje Dijsselbloem, o Presidente do Eurogrupo, explica a crise que assola os países do Sul com uma frase discriminatória e sexista, para variar. Segundo este político e especialista  - ou talvez não, parece que plagiou na tese de Mestrado - os países em crise terão gasto o dinheiro em "álcool e mulheres"! Ou seja, os homens - quem mais? - do Sul torraram o dinheiro em bebida e putas. Traduzindo: os homens são os únicos que têm poder económico. O poder, por sua vez, ter-lhes-á subido, ou melhor, descido à cabeça, e desataram em homéricas actividades de dissipação. Como o homem do Sul, ao contrário do homem do Norte, é bronco, a sua noção de divertimento limita-se à bebida e ao sexo. As mulheres do Sul, por sua vez, são um brinquedo nas mãos dos homens e, como tal, quando se lhes acena com notas, já se sabe. De que outro modo poderiam as mulheres do Sul ganhar a vida? Aliás, ao longo dos tempos, como foram as mulheres representadas? Como a origem de todo o mal. Nada muda. Nada!
 Entretanto, alguns homens temem que as mulheres os suplantem. Que ingénuos. Vejam-se alguns comentários a estas notícias e verifique-se como muitas mulheres desvalorizam, estoicamente, estas alegações. «Não se pode levar tudo a peito», dizem! «Foram apenas declarações infelizes», acrescentam. Pessoalmente, como estou a ler o manifesto SCUM, da autoria de Valerie Solanas, que disse dos homens aquilo que Maomé não disse do toucinho, só espero que venha um clone de VS, assim à séria, muito  anos sessenta, desbragada, muito à moda do Feminismo de Segunda Vaga e diga uma coisa mesmo a doer, mesmo sem dó nem piedade. Enfim, qualquer coisa que faça o Facebook espumar durante, vá lá, meia hora...
Eu estou muito amarga hoje. Amanhã, porque me o exigem, terei de ir para uma tarefa absolutamente inútil, que vem transtornar toda a planificação que fiz para o trabalho imenso que tenho sobre a mesa. São tempos de raiva estes que se vivem. Sinto-me vulnerável, à mercê de tudo, desrespeitada de todas as formas, obrigada a fazer e ouvir aquilo que abomino, porque é baixo, é torpe, é mau.
Mais uma nota. Fui hoje abordada por um indivíduo meio embriagado, à porta do meu local de trabalho (!), que usou como pretexto pedir-me informações na qualidade de possível aluno. Claro que tentei ser simpática, ele aliás também estava muito simpático comigo. Depois de uma conversa algo surreal, o bom do homem mostrou ao que vinha: queria dinheiro! E eu dei. Diz a minha colega que assistia a tudo: «toda a gente te pede dinheiro, Adélia, tu tens essa cara de boa pessoa e de tonta...». Obrigadinha, Romix, já mo tinhas dito.

Imagem: http://www.imprevisivel.com/2013/06/a-arte-sombria-de-zdzislaw-beksinski.html, 21 Março, 2017

Monday, March 20, 2017

Washington Square





Que belo filme. Só agora reparo que é baseado num romance de Henry James. A grande literatura dá grande filmes. Este, que me encantou no Sábado passado, surpreendeu-me pela história, o trabalho de actores e a música. É mais um filme que dá conta de como era a vida de certas mulheres, num tempo em que elas passavam da protecção do pai para a do marido, se conseguissem arranjá-lo, ou melhor, se ambos os homens se pusessem de acordo. Neste filme não puseram. Mas ela, que era extremamente ingénua, aliás tonta, amadurece e sabe fazer frente ao pai e dar um pontapé naquele sítio (traseiro) ao futuro ex-marido: bem feita.

 Lindoooooo! 

Thursday, March 16, 2017

Tuesday, March 14, 2017

Cláudio Ramos


Obrigada, CR, por me fazeres rir. Se soubesses como o meu dia foi um dia de merda, se soubesses que eu pensei que teria de fazer algo hoje, para conseguir tirar da cabeça os espantalhos de merda que lá se alojaram, que é uma coisa que as pessoas de merda fazem...
Passei o dia a tentar manter o nariz fora do esgoto, mas houve momentos em que submergi por completo. Cheguei verdadeiramente de rastos a casa, desesperada, a pensar em o que poderia fazer para dormir, dormir, dormir. Entretanto, liguei para a Passadeira de Vermelha e tu fizeste-me rir. Quem sabe consigo dormir, fazendo apenas o do costume: obrigada!!

Saturday, March 11, 2017

O que é que as mulheres querem? (perguntava Freud)


António Guerreiro, no Público, escreve um artigo intitulado O Fim dos Homens. Como AG costuma saber escrever, pensei que dali viesse um contributo para falar sobre questões de género. Mas não. Ele põe umas palas na lateral de cada olho e faz de vítima das mulheres e, principalmente, do Feminismo Radical. Aliás, para certas criaturas, o feminismo é sempre radical. Parece que há homens que têm mesmo medo de que as mulheres acabem com eles!! Que desplante. A findar a sua diatribe choramingona, vai buscar as palavras de uma tal de Solanas (que eu não conheço, mas que vou procurar já de seguida na Amazon) para concluir que a atrás referida se calhar tem razão, quando diz que os homens, como não fazem falta, vão desaparecer.

«Solanas desenvolvia argumentos que alguém classificou como “nietzschianismo mutante”: o homem é uma “mulher incompleta”, geneticamente deficiente devido ao cromossoma Y, por isso gasta todo o seu tempo a tentar ultrapassar essa inferioridade. Não o conseguindo, investe na guerra como compensação. Foi para servir a máquina da guerra que os homens desenvolveram a técnica. Felizmente, dizia Solanas, em breve vai ser possível prescindir dos homens, eles não serão necessários nem sequer como doadores de esperma. Esta Solanas era uma profeta.»

https://www.publico.pt/2017/03/10/culturaipsilon/noticia/o-fim-dos-homens-1764290, em 11 Março, 2017

Eu nem vou levar isto muito a sério, porque me daria muito trabalho, mas esta coisa de considerar o homem uma "coisa incompleta" e amuar por isso, é ignorar as coisas medonhas que se disseram (e dizem) ao longo dos tempos sobre as mulheres. Começa logo pelo facto de terem sido criadas a partir da costela do Adão! Faço uma lista curta a partir do livro A Brief History of Misogyny de J. Holland.

1- Corpo das prostitutas, um esgoto: «she was viewed in terms of a sewer that drained off men's lust» (loc. 464).

2- Mulher, cobra venenosa: «He who teaches letters to his wife is ill advised: he's giving additional poison to a snake.» (Loc. 434).

3- Aristóteles: mulheres são inferiores, prova: menos dentes e mais cabelo: «As a sign of women's inferiority, he referenced the fact that they did not grow bald (...) he also claimed that women had fewer teeth than men» (loc. 602).

4- Catão (234-149 A.C.) via a mulher como um animal incontrolável, se lhe derem a igualdade dominarão: «Once they have achieved equality, they will be your masters» (loc. 768).

5- São Tomás de Aquino: mulheres, objecto para reprodução e outras serventias: «a necessary object, woman, who is needed to preserve the species or to provide food and drink» (loc. 1789).

6- Rousseau desprezava as mulheres, Sade, o divino Marquês, gozava-o: «Sade mocks and derides Rousseau's vision of the ideal woman by showing that as he believed (...) the instinct for power is part  of human nature, then women can possess it as much as men» (loc.2858). Claro que Rousseau excluia as mulheres do conceito de "natureza humana"!

7- Para Kant, a mulher era uma flor. Nem vale a pena citar.

8- Nietzsche, mulher inimiga da verdade; Freud, inimiga da civilização: «Nietzsche saw woman as the enemy of truth, whereas Freud saw her as the enemy of civilization» (loc. 3280).

9- Otto Weininger (2880-1903) - mulheres são nada, nada, nadinha  (parece que ninguém odiou tanto as mulheres, e olha que não é fácil): «"Women have no existence and no essence; they are not, they are nothing."» (loc. 3292).

10- Hitler, que admirava Weininger, tinha medo das mulheres, e desprezava-as; mulher ideal, para ele, fofinha e estúpida: «His ideal woman was, in his own words, "a cute, cuddly, naïve little thing - tender, sweet and stupid"» (loc. 3353)

Etc., etc., etc.. E AG e alguns comentadores estão com medo do Feminismo Radical: mariquinhas pé de salsa!
Se nós mulheres tivéssemos medo dos homens, e motivo não nos faltou ao longo da história, ainda hoje estaríamos sossegadas e quietas a fazer o que suas excelências queriam. Mas não estamos...

HOLLAND, Jack, A brief History of Misogyny, London, Constable & Robinson, 2006