Saturday, March 25, 2017

Wednesday, March 22, 2017

Tuesday, March 21, 2017

As mulheres do Sul e a crise segundo Dijsselbloem


A misoginia anda à solta. Acabou o tempo do politicamente correcto. Há dias, um energúmeno, no Parlamento Europeu, pediu salário menor para as mulheres, porque estas são mais pequenas, mais fracas e menos inteligentes. O novo rico que aterrou na Casa Branca "grabs them by the pussy"! Aliás, no encontro com Angela Merkl, demonstrou um desrespeito repugnante para com ela, na questão do aperto de mão sugerido pelos jornalistas. Ele não é de agarrar as mulheres pela mão...
Hoje Dijsselbloem, o Presidente do Eurogrupo, explica a crise que assola os países do Sul com uma frase discriminatória e sexista, para variar. Segundo este político e especialista  - ou talvez não, parece que plagiou na tese de Mestrado - os países em crise terão gasto o dinheiro em "álcool e mulheres"! Ou seja, os homens - quem mais? - do Sul torraram o dinheiro em bebida e putas. Traduzindo: os homens são os únicos que têm poder económico. O poder, por sua vez, ter-lhes-á subido, ou melhor, descido à cabeça, e desataram em homéricas actividades de dissipação. Como o homem do Sul, ao contrário do homem do Norte, é bronco, a sua noção de divertimento limita-se à bebida e ao sexo. As mulheres do Sul, por sua vez, são um brinquedo nas mãos dos homens e, como tal, quando se lhes acena com notas, já se sabe. De que outro modo poderiam as mulheres do Sul ganhar a vida? Aliás, ao longo dos tempos, como foram as mulheres representadas? Como a origem de todo o mal. Nada muda. Nada!
 Entretanto, alguns homens temem que as mulheres os suplantem. Que ingénuos. Vejam-se alguns comentários a estas notícias e verifique-se como muitas mulheres desvalorizam, estoicamente, estas alegações. «Não se pode levar tudo a peito», dizem! «Foram apenas declarações infelizes», acrescentam. Pessoalmente, como estou a ler o manifesto SCUM, da autoria de Valerie Solanas, que disse dos homens aquilo que Maomé não disse do toucinho, só espero que venha um clone de VS, assim à séria, muito  anos sessenta, desbragada, muito à moda do Feminismo de Segunda Vaga e diga uma coisa mesmo a doer, mesmo sem dó nem piedade. Enfim, qualquer coisa que faça o Facebook espumar durante, vá lá, meia hora...
Eu estou muito amarga hoje. Amanhã, porque me o exigem, terei de ir para uma tarefa absolutamente inútil, que vem transtornar toda a planificação que fiz para o trabalho imenso que tenho sobre a mesa. São tempos de raiva estes que se vivem. Sinto-me vulnerável, à mercê de tudo, desrespeitada de todas as formas, obrigada a fazer e ouvir aquilo que abomino, porque é baixo, é torpe, é mau.
Mais uma nota. Fui hoje abordada por um indivíduo meio embriagado, à porta do meu local de trabalho (!), que usou como pretexto pedir-me informações na qualidade de possível aluno. Claro que tentei ser simpática, ele aliás também estava muito simpático comigo. Depois de uma conversa algo surreal, o bom do homem mostrou ao que vinha: queria dinheiro! E eu dei. Diz a minha colega que assistia a tudo: «toda a gente te pede dinheiro, Adélia, tu tens essa cara de boa pessoa e de tonta...». Obrigadinha, Romix, já mo tinhas dito.

Imagem: http://www.imprevisivel.com/2013/06/a-arte-sombria-de-zdzislaw-beksinski.html, 21 Março, 2017

Monday, March 20, 2017

Washington Square





Que belo filme. Só agora reparo que é baseado num romance de Henry James. A grande literatura dá grande filmes. Este, que me encantou no Sábado passado, surpreendeu-me pela história, o trabalho de actores e a música. É mais um filme que dá conta de como era a vida de certas mulheres, num tempo em que elas passavam da protecção do pai para a do marido, se conseguissem arranjá-lo, ou melhor, se ambos os homens se pusessem de acordo. Neste filme não puseram. Mas ela, que era extremamente ingénua, aliás tonta, amadurece e sabe fazer frente ao pai e dar um pontapé naquele sítio (traseiro) ao futuro ex-marido: bem feita.

 Lindoooooo! 

Thursday, March 16, 2017

Tuesday, March 14, 2017

Cláudio Ramos


Obrigada, CR, por me fazeres rir. Se soubesses como o meu dia foi um dia de merda, se soubesses que eu pensei que teria de fazer algo hoje, para conseguir tirar da cabeça os espantalhos de merda que lá se alojaram, que é uma coisa que as pessoas de merda fazem...
Passei o dia a tentar manter o nariz fora do esgoto, mas houve momentos em que submergi por completo. Cheguei verdadeiramente de rastos a casa, desesperada, a pensar em o que poderia fazer para dormir, dormir, dormir. Entretanto, liguei para a Passadeira de Vermelha e tu fizeste-me rir. Quem sabe consigo dormir, fazendo apenas o do costume: obrigada!!

Saturday, March 11, 2017

O que é que as mulheres querem? (perguntava Freud)


António Guerreiro, no Público, escreve um artigo intitulado O Fim dos Homens. Como AG costuma saber escrever, pensei que dali viesse um contributo para falar sobre questões de género. Mas não. Ele põe umas palas na lateral de cada olho e faz de vítima das mulheres e, principalmente, do Feminismo Radical. Aliás, para certas criaturas, o feminismo é sempre radical. Parece que há homens que têm mesmo medo de que as mulheres acabem com eles!! Que desplante. A findar a sua diatribe choramingona, vai buscar as palavras de uma tal de Solanas (que eu não conheço, mas que vou procurar já de seguida na Amazon) para concluir que a atrás referida se calhar tem razão, quando diz que os homens, como não fazem falta, vão desaparecer.

«Solanas desenvolvia argumentos que alguém classificou como “nietzschianismo mutante”: o homem é uma “mulher incompleta”, geneticamente deficiente devido ao cromossoma Y, por isso gasta todo o seu tempo a tentar ultrapassar essa inferioridade. Não o conseguindo, investe na guerra como compensação. Foi para servir a máquina da guerra que os homens desenvolveram a técnica. Felizmente, dizia Solanas, em breve vai ser possível prescindir dos homens, eles não serão necessários nem sequer como doadores de esperma. Esta Solanas era uma profeta.»

https://www.publico.pt/2017/03/10/culturaipsilon/noticia/o-fim-dos-homens-1764290, em 11 Março, 2017

Eu nem vou levar isto muito a sério, porque me daria muito trabalho, mas esta coisa de considerar o homem uma "coisa incompleta" e amuar por isso, é ignorar as coisas medonhas que se disseram (e dizem) ao longo dos tempos sobre as mulheres. Começa logo pelo facto de terem sido criadas a partir da costela do Adão! Faço uma lista curta a partir do livro A Brief History of Misogyny de J. Holland.

1- Corpo das prostitutas, um esgoto: «she was viewed in terms of a sewer that drained off men's lust» (loc. 464).

2- Mulher, cobra venenosa: «He who teaches letters to his wife is ill advised: he's giving additional poison to a snake.» (Loc. 434).

3- Aristóteles: mulheres são inferiores, prova: menos dentes e mais cabelo: «As a sign of women's inferiority, he referenced the fact that they did not grow bald (...) he also claimed that women had fewer teeth than men» (loc. 602).

4- Catão (234-149 A.C.) via a mulher como um animal incontrolável, se lhe derem a igualdade dominarão: «Once they have achieved equality, they will be your masters» (loc. 768).

5- São Tomás de Aquino: mulheres, objecto para reprodução e outras serventias: «a necessary object, woman, who is needed to preserve the species or to provide food and drink» (loc. 1789).

6- Rousseau desprezava as mulheres, Sade, o divino Marquês, gozava-o: «Sade mocks and derides Rousseau's vision of the ideal woman by showing that as he believed (...) the instinct for power is part  of human nature, then women can possess it as much as men» (loc.2858). Claro que Rousseau excluia as mulheres do conceito de "natureza humana"!

7- Para Kant, a mulher era uma flor. Nem vale a pena citar.

8- Nietzsche, mulher inimiga da verdade; Freud, inimiga da civilização: «Nietzsche saw woman as the enemy of truth, whereas Freud saw her as the enemy of civilization» (loc. 3280).

9- Otto Weininger (2880-1903) - mulheres são nada, nada, nadinha  (parece que ninguém odiou tanto as mulheres, e olha que não é fácil): «"Women have no existence and no essence; they are not, they are nothing."» (loc. 3292).

10- Hitler, que admirava Weininger, tinha medo das mulheres, e desprezava-as; mulher ideal, para ele, fofinha e estúpida: «His ideal woman was, in his own words, "a cute, cuddly, naïve little thing - tender, sweet and stupid"» (loc. 3353)

Etc., etc., etc.. E AG e alguns comentadores estão com medo do Feminismo Radical: mariquinhas pé de salsa!
Se nós mulheres tivéssemos medo dos homens, e motivo não nos faltou ao longo da história, ainda hoje estaríamos sossegadas e quietas a fazer o que suas excelências queriam. Mas não estamos...

HOLLAND, Jack, A brief History of Misogyny, London, Constable & Robinson, 2006



The Walking Dead Theme (Metal Cover)





Obsessiva eu? É apenas a terceira versão da abertura de The Walking Dead que aqui coloco. E para homenagear a vinda a Lisboa de Daryl, Rick e Negan, a minha companhia de 2ª feira depois das 10. Viva a arte de massas!

Wednesday, March 08, 2017

O gatinho...


Terminou tudo. Já tudo, quase, retomou uma certa normalidade. Outra normalidade, claro.
A igreja estava cheia. Os alunos - estranhamente quietos e calados... e lindos - seguiram os ritmos da missa, levantando-se e sentando-se como se impunha. «Olha como eles estão encolhidos e chegadinhos uns aos outros... são os do 7.º ano (os mafarricos, portanto).» Verdade. Ver um aluno quieto e calado é uma experiência nova. Vê-los com as lágrimas a correr-lhes cara abaixo, mais ainda.
Os pais, apesar da debilidade, afinal conseguiram vir/ser trazidos e assistir à derradeira presença da filha. Houve anas belas e esperanças - tudo com letras maiúsculas, por vários motivos - e outros ainda, que tornaram isso possível. Tornaram tudo possível. Os amigos mesmo, à séria, aqueles dos quais se diz que estão presentes nos maus momentos, a família que se escolhe: não falham! Já me tinha apercebido desta estranha casta de pessoas, mas desta vez foram ultrapassadas todas as expectativas. Não havia família disponível - apenas duas primas - mas os Amigos estiveram lá para tudo. Tudo!
A esta hora, os vivos estão nas suas casas. Alguns, passaram a estar num lar. Os que já não vivem estão onde é suposto. A primeira noite de quem já não vive não deixa nunca de me impressionar...
O gato foi resgatado também. Os amigos, que sabiam da existência do animal, antes de fecharem a porta da casa agora vazia, lembraram-se dele. Ele também precisava de ter a sua situação resolvida. E o gato? O gato, cujas histórias dos dias felizes eram tão conhecidas, onde estaria? Encontraram-no, certamente espavorido e triste,  no interior de um armário. Acabou nas mãos sábias de um veterinário, amigo também.
Tudo está no seu lugar, porque os Maiores Amigos de que há memória fizeram de uma história trágica de morte, uma história bela de solidariedade e Amor. Uma coisa assim, desta maneira, nem na ficção!

Monday, March 06, 2017

Adormecer...




Ontem, ainda se preparou para dormir. Procedeu certamente a todos os rituais do fim do dia. Terá até talvez sentido verdadeira vontade ou necessidade de se deitar, de dormir, de descansar. Eu sinto sempre. Mas ela era tão alegre, tão activa, tão optimista, que terá até sentido tristeza pelo facto do dia acabar e de cessar, assim, o seu contacto com os outros. Há, dizem-me, pessoas que sentem o sono como algo que as inibe de viver. Para elas, viver é estar acordado, durante o dia, e fazer coisas: mexer-se, movimentar-se, falar, telefonar, enviar mensagens, jantar fora... vejam só, jantar fora. Para mim isso não é viver. É tortura. Mas ela não pensava certamente deste modo. Ontem ainda abriu a cama, poisou a cabeça na almofada e ansiou certamente pela luz do novo dia, o dia seguinte. Mas ele não chegou, não que ela o tivesse sentido, pelo menos. Ontem, adormeceu de vez. Deixou tudo a meio, interrompido. Amanhã haveria teste para a turma X. Já não há. Foi adiado. Hoje aqueles que contavam com ela para tudo, ainda acordaram no sítio do costume. E esperaram-na. Amanhã acordarão já num outro sítio: novos cuidadores. Ela não acordou mais e deixou tudo a meio, quase tudo por fazer.  Para quem tinha, parece-me, tanta coisa para fazer e tanta estrada para andar, não terá sido sequer deixar tudo a meio. Será deixar tudo por fazer... tudo por viver...
RIP

Sunday, March 05, 2017

The Purge Official Trailer #1 (2013) - Ethan Hawke, Lena Headey Thriller HD





E ao fim da tarde, de um Domingo ... como os outros, vejo este filme no AXN. Muito bom: uma bela história ao absurdo da vida.