Friday, September 28, 2018

Os dias do nosso (des)contentamento...



Xxxx querid@

vamos por partes: 1.º (…) 😌! Olha, espero que não chegues a fazer as figuras que eu faço, por causa da visualização - e leitura -  intensiva de coisas sobre crime. Hoje mesmo, por exemplo, aconteceu-me:  chego a casa, de noite, e vejo que a fechadura está estranha. Ora, já me vandalizaram, há tempos, a fechadura. Tive que mandar vir um técnico - de uns 80 e tal anos! - para me mudar a dita cuja. Então, como dizia, quando dou pela fechadura numa posição esquisita, parei, olhei em volta e pensei: será que está alguém em minha casa? Tirei logo uma caneta, como arma de defesa. Depois abri a porta. Depois mantive-a aberta, acendi as três luzes da entrada e olhei pelos vidros das portas. Depois fechei à chave, de forma rápida, as portas do escritório e da entrada para a zona dos quartos. Depois fechei a porta da entrada. Depois vasculhei a cozinha e a lavandaria. Depois abri a porta do escritório e vi tudo. Depois a entrada para a zona de dormir: fui com as costas contra à parede. Depois vi a casa de banho. Depois o meu quarto. Finalmente a minha rouparia, que é maior e exigiu particular atenção, com abertura de armários e perscrutação sob a cama que lá se encontra. Relatório de buscas: tudo em ordem; nenhum meliante penetrou no meu condomínio. (oooooohhhhhhhhhh! que monotonia!). E pronto. Foi assim. Isto para não falar da altura em que vi tudo o que havia de arrepiante sobre casas assombradas ðŸ˜±! Que é outro tema que adoro. Mas já vi tanto, que agora já nada me faz disparar o coração, nem andar com a sensação de que oiço barulhos. E olha que a luz do tecto do meu quarto acendeu-se e apagou-se sozinha, mais do que uma vez (que bom!). A minha vida seria tão (mais) monótona se não existissem estes fantasmas e estas pessoas suspeitas pela minha casa…
Portanto, comporte-se, não faça as figuras que eu faço, qual D. Quixote a combater serial killers imaginários com uma caneta.
etc. etc.

Thursday, September 27, 2018

Sunday, September 23, 2018

Sonhos, pesadelos...





A canção Sweet Dreams é seguramente uma das minhas preferidas. Há diversas versões. Esta encontrei-a ontem, como banda sonora da vida de uma mulher invisível - degradada, abusada - que se tornou visível apenas quando se transformou, ela própria, num monstro, numa criminosa.

Não gosto particularmente deste vídeo. Preferia ter colocado o outro, com fragmentos da vida de uma assassina. Mas isso seria, não sei, desrespeitoso. Claro que na sociedade do espectáculo, o horror, a morte, o crime são o espectáculo último (das massas): tem tudo! Mas eu não quero esse espectáculo aqui: tenho de manter alguma sanidade, algum bom gosto, sei lá…

Este vídeo, pelo que percebi, tem a ver com o filme Sucker Punch, de cuja banda sonora Sweet Dreams, na voz de Emily Browning, faz parte.

É a distopia num mundo distópico...

Friday, September 21, 2018

Literatura Policial, mas pouco



Não consigo - quase - ler literatura, ficção, romance. Nas férias, li dois, não, três policiais:

 - Os Crimes Inocentes, de Gabriel Magalhães (que não é bem um policial)

 - ???, de ???

- Em Nome do Porco, de Pablo Tusset (que não é bem um policial, ou talvez seja)

Todos os romances começam bem: crime no Museu dos Coches, crime no parque e crime num matadouro. Preparei-me para o pior, mas ele não veio. O "mordomo" do primeiro romance é o país. Sátira. 
O primeiro capítulo, do romance de cujo título não me lembro, é excelente: segue bem a fórmula. Aliás, o pior foram as tentativas de lhe fugir (à fórmula), com aquelas incursões pelo passado traumático do polícia, veterano do Vietnam, e a descrição da vida pessoal deste com a sua mulher. Esta, traumatizada também. É demasiado trauma e pouca mestria para que estas incursões traumáticas façam sentido. As personagens dos policiais de Ruth Rendell são autênticos casos mentais, mas esta escritora sabe como escrever romances que fogem à formula, sendo mesmo policias (o policial negro, psicológico): o espaço claustrofóbico, as personagens fascinantes, únicas, solitárias, incapazes de se integrarem no mundo que as rodeia. Depois,  na busca pelo assassino, vão-se somando pessoas/personagens, para despistar o leitor, como convém a um "whodunit". Mas, eis que, como quem não quer a coisa, somos levados a um consultório de veterinária, lugar insuspeito, e surge um simpático homem em cadeira de rodas. Eu disse logo: é este o assassino e a cadeira de rodas é só para disfarçar; anda mais ele sozinho do que as restantes personagens todas juntas, cães incluídos!  E prometi que, se estivesse certa, comprava uma caixa de pastéis de Tentúgal. Claro que escusado será dizer que, findo o livro, me dirigi de imediato à pastelaria!
Em "Em o Nome do Porco", temos também um bom começo: estamos num matadouro, e um detective explica como se procede para matar os porcos, desde a sedação até ao desmembramento e embalamento das várias peças de carne. Ora, entre os porcos, e recebendo tratamento semelhante, estava a vítima: uma mulher. Isto no primeiro capítulo. De seguida, assistimos à vetusta rotina do inspector velho e sua mulher, até à morte daquele, e à não menos vetusta - e também kitsch e inquietante e violenta - do inspector novo. Às tantas, uma pessoa já está farta de saber o que é que os ditos vão almoçar e jantar e como é que o inspector mais velho beija a mulher. Porque é que o leitor - moi même - não deita o livro para o lixo? Porque há bons momentos, boas frases, promessas de histórias que ficam só pelo começo ou pelo anúncio. Mas nós não sabemos que essas histórias ficam por ali, a menos que continuemos a ler. E esperamos, em vão, pelo regresso ao matadouro e por saber quem matou a vítima e porque é que a matou. Nada. Não ficamos a saber nada. Sabemos é que o inspector novo é um psicopata, que agrediu selvaticamente e até matou uma pessoa bem ali à frente dos nossos olhos, isto enquanto vai para a terrinha onde se localiza o matadouro. Terrinha esquisita. Dir-se-ia uma alucinação de um drogado. Mais: há coisas extremamente irritantes, como o debitar de nomes da música e a obsessão com Me Gustas Tu, de Mano Chao. E a cena de sexo - da terceira idade - à noite, no mar? Não há pachorra! Mas há também coisas muito boas: a descrição da morte, por acidente, do inspector velho. Quase morremos com ele, também. E as referências ao livro de Robert Hare, sobre psicopatas. Afinal, apesar de ser um livro da década de 90, e de eu ter lido livros de discípulos de Hare, muito mais recentes, vou mesmo ter de ler Robert Hare! 
Quanto a quem matou a mulher no matadouro, ficou-se a saber, para aí na última página - p. 398! -, que foi não sei quem. Aliás, o caso fica ao deus-dará. Só o leitor é que parece estar interessado em saber. O escritor, ao que parece, ficou muito satisfeito por ter encontrado uma enorme cenoura para colocar em frente ao nariz do leitor e depois, no fim,  após ter maçado o leitor de várias maneiras, diz apenas: ah, pois, a mulher trucidada no matadouro, foi o fulano, aquela besta mal-encarada, que fez o servicinho!! E pronto! 
Comum a Os Crimes Inocentes e a Em Nome do Porco, são as incursões pela cultura e o humor. No segundo romance, com tanto trauma, não há humor que resista! Será que se buscam novos caminhos para o velho policial? É  que a Literatura Policial já não é o que era...
E é aí que vem o YouTube, com os seus vídeos de casos de polícia reais, quase todos registados em livro. São esses agora os meus "policiais": as reportagens biográficas dos casos mais inquietantes do mundo do crime... É leitura! É bom!


Monday, September 17, 2018

«Inconseguimento Verbolejante»



 O Paulo escreveu um texto com um título maravilhoso: Inconseguimento Verbolejante! O único momento de riso deste dia.
O F. enviou mensagem: que querido… digamos. De resto, depois de quatro tempos a falar, quase fiquei sem voz. Entre o período da tarde e o da noite, estive 90 min em casa, tão cansada, que dir-se-ia que tinha andado a cavar. Quando vejo colegas "entusiasmados" (!!??), que os há, poucos, mas há, dá-me vontade de me embebedar, para afogar as mágoas, embora pareça que elas já aprenderam a nadar…
Escrevi à minha amiga, que está mal, mal - mas vai passar! -, basta não poder ser senhora das suas horas e decisões, mas andar ao sabor das circunstâncias - estarmos prisioneiros, limitados, frágeis, para se estar mal. E ela, nesse sentido - e noutros - está mal. Do que depender de mim, tudo farei, assim eu possa, para não a deixar no vazio. Tenho experiência de ficar no vazio, e não aprecio…
Choveu. Foi a parte boa do dia.

Nota: o título não é da minha autoria, como já se percebeu.

Friday, September 07, 2018

Tumular...


Ontem e hoje, depois de vir do local de trabalho, digamos assim, cheguei a casa moribunda. Parece que tinha andado a cavar. Sentia como se não tivesse sequer esqueleto, ou como se este estivesse a dissolver-se. Tinha que comer alguma coisa, porque a mudança de horários -a hora de levantar, a hora de comer, etc. - me põe num estado de quase estranhamento do meu corpo. Não me conheço, assim como quase não reconheci alguns colegas: estão mais velhos, visivelmente mais cansados e alguns estão numa fase de desencantamento abissal (eu, por exemplo: velha, cansada, desencantada, sem saber aonde ir buscar forças…). E aquela que foi sempre a pessoa mais optimista que eu conheci apareceu como no dia em que nos despedimos: adoentada. Fez exames e mais exames…
A outra - uma de entre muitas/os com depressões - desde que teve aquela doença, aliás continua a ter, ficou instável. Ignorou-me olimpicamente por três vezes, nos últimos tempos, o que muito me custou, porque não era coisa que ela me tivesse alguma vez feito - e eu não sou de ferro, e na altura ainda menos. Agora, no entanto, ontem, mas sobretudo hoje, sempre focada em mim, falando como se nada fosse. Pergunto-me como será a próxima vez que nos reencontrarmos, por altura de alguma reunião. Felizmente, trabalho na noite e num sítio pouco frequentado, de portas bem aferrolhadas, pelo que raramente me cruzo com "os outros". Daquilo que depender de mim, procurarei evitá-la, para ficar com a impressão de amizade que hoje partilhámos…
Mas, dizia eu, depois de findo o dia de trabalho, a chegada a casa tem sido quase a gatinhar, a arrastar-me. Hoje, por exemplo, ainda tentei motivar-me para sair e fazer umas compras, coisas de que preciso. Mas não. Fui deitar-me e, tanto ontem como hoje, caí num sono tumular. Um sono tão pesado, que dir-se-ia que o meu corpo, sem esqueleto, corria o risco de fazer um buraco na cama, ir por ele fora e desaparecer, parando apenas num sítio de tal modo duro, que fosse impossível perfurar. Acordada de tal sono, fica uma sensação de náusea e de dor de cabeça...

De repente, vem-me à memória a personagem de Mia Couto que, quando se deita, retira a pele e os músculos, como se de uma roupagem se tratasse, colocando-a depois no ramo de uma árvore. Se eu pudesse fazer isso e se viesse alguém e me levasse a pele… e o resto.

Wednesday, September 05, 2018

Assédio Sexual




No jornal Público, vai uma grande polémica acerca de um artigo sobre uma mulher que reage a um "piropo": Olá, Princesa!
A maioria dos homens acha que o pobre homem que levou nas orelhas, e bem, devido ao dislate, foi injustiçado. Que um homem já não pode "elogiar" a beleza de uma jovem, que um homem não pode isto, não pode aquilo, que a rapariga devia tratar-se porque tem traumas, que as mulheres agora odeiam os homens, que se o fulano galanteador viesse num Porsche e tivesse um Rolex - arghhhh - , já podia dizer o que bem lhe aprouvesse, e que as mulheres bem que gostam de se embonecar e perfumar diante do espelho, mas depois não querem que um homem, tadinho, olhe, etc., etc.. Ou seja, muitos homens continuam a achar que as mulheres são montras ambulantes, para cujas mercadorias suas excelências olham, para proferirem o que lhes vier à real  - força de expressão - cabeça.
O engraçado é que muitos dos homens que estão do lado da mulher que se queixa do olá princesa, o fazem recorrendo àquilo que para eles são mulheres: a mãe, a filha, a irmã e a esposa. "Gostavam que galassem as vossas mães, filhas, irmãs, esposas??? "
Eu entendo a perspectiva deles e aprecio-a, mas fica a sensação de que mulheres são aquelas pessoas com aqueles graus de parentesco. O resto é gado. Já as poucas mulheres que comentam o dito artigo, que já vai com umas 18000 partilhas, estão do lado da galanteada, digamos, e malham forte, e bem, no lombo do galanteador - de meia tigela. Nunca as mãos lhes doam. Uma acaba por citar George Bernard Shaw:


'Never wrestle with pigs. You both get dirty and the pig likes it." 
Tradução minha: Nunca se engalfinhem com porcos. Ficam ambos sujos e o porco gosta.
Que engraçado era Bernard Shaw: verdade?
(Imagem algures na Internet. Perdi o link.)


Tuesday, September 04, 2018

A Última Ceia





Comi um chocolate inteiro. Um crepe com mel e canela e um pastel de nata. Foi a festa possível. Fui aos correios, já que os correios não foram à minha casa. Fui ao Lidl. Está diferente. Muito lindo, cheio de coisas que apetece comprar. Fiz uma figura triste, o costume: não sabia onde estavam os sacos para pão e croissants e empadas. Pior: tiveram - um senhor simpático - de me explicar duas vezes!
E foi assim o final de férias…
Agora é tomar banho e gerir a noite.

Saturday, September 01, 2018

Only The Birds





Todos os dias há algo lindo para encontrar...