Wednesday, September 20, 2017

Leon: The Professional (1994) TRAILER

Leon





Dia indescritível! Mas já acabou. Já posso esquecer tudo - o gozo reiterado, o desrespeito endémico - olhando uma e outra e outra vez Leon e Mathilda.

Tuesday, September 19, 2017

Leon, The Professional




Hoje foi um dia muito longo. Estive sete horas seguidas no meu local de trabalho. Sem comer, claro! Já cheguei há uma hora. Já comi qualquer coisa, já bebi chá. Já deveria estar na cama. Mas não consigo esquecer o filme que descobri acidentalmente no YouTube, e que é um dos meus filmes preferidos. Talvez porque há muito não via ou lia nada que verdadeiramente me entusiasmasse. Com este filme foi diferente. Aliás, os comentários são unânimes: não há como não ficar fascinado.
Foi o que me aconteceu. Já há muito não me emocionava tanto com uma coisa boa. Habituei-me a andar anestesiada, a fazer as coisas de forma rotineira, mecânica, porque tem de ser, a fingir boa disposição, simpatia (eu tento, juro que tento, embora já me tenha esforçado mais), enfim… aquelas coisas indispensáveis à passagem pelo dia e pelos outros. Estava desabituada de me deixar levar por uma história, ou histórias, de deixar que todos os sentimentos viessem ao de cima. Não resisti à relação de afecto entre dois náufragos, um homem e uma menina, à  mistura de violência (muita) e ingenuidade. Não resisti sobretudo ao desempenho notável de todos os actores. Penso que a história por si só não se aguentaria sem Jean Reno – belíssimo, que eu não conhecia -, Natalie Portman – que só conhecia de nome - e Gary Oldman.
O filme durou mais de duas horas, durante as quais me foi impossível desviar os olhos do ecrã. Uma coisa mágica, hipnótica. Perto do fim, antecipando já o final, o espectador está a tentar conter-se, a tentar ser forte, a fazer tudo para não ceder mais ainda do aquilo que já cedeu, posto que está de rastos, com a respiração difícil, a garganta apertada, e então o que acontece, na última cena, na derradeira cena? Como se não bastasse o que se pode ver, começa a ouvir-se devagarinho, baixinho, e depois mais alto e mais nítido,  Shape of My Heart: a canção belíssima de Sting. Não há nada a fazer. É fechar os olhos e deixar acontecer. É exorcizar tudo. Lavar a alma, os olhos, exorcizar as pequenas mas terríveis histórias que nos derrubam todos os dias, apesar do tempo que passou.
Leon e Mathilda: inesquecíveis!

Wednesday, September 13, 2017

Gatos





Não é lindo?

Coisas da noite


Levanto-me diariamente ansiando pela hora de voltar para a minha caminha, para o meu quarto. Nos dias mais agrestes, entro em casa e vou de imediato para o quarto. Antes, claro, tenho de retirar da minha pessoa todo o lixo que se colou a mim durante a triste passagem pelo dia. Difícil é limpar as imagens dentro da cabeça, e a sensação desagradável que vagueia pelo meu corpo. O peito oprimido, a dificuldade de respirar.
Preparo um tabuleiro com alguma coisa boa, um chocolate quente, um chá, uma fatia de bolo, pão com manteiga. Por vezes, não raro, as coisas boas ficam ali, a enfeitar, dada a impossibilidade... enfim, a impossibilidade. Levo também um livro, o computador, o kindle, seja o que for, para esquecer, para me aturdir, para me entorpecer.
Hoje, foi um dia "sui generis", mas banal. Não faz sentido, eu sei. Tudo, porém, se tornou normal nos tempos que correm. Por outro lado, eu já tinha dito que a criatura tinha muita falta de chá. Mas, confesso, não imaginava que fosse possível uma coisa assim, apesar de tudo: a grandessíssima besta! Foram ultrapassados todos os limites do razoável. Da próxima vez, quem sabe, espera-nos um pau de vassoura  pela cabeça abaixo, ou mesmo um clássico de tempos idos: sermos cobertos de alcatrão e penas de galinha. Depois, veio Julieta e Julieta, enfim sós! Que par...
Como, no fundo, não houve novidade, posto que a telenovela mexicana decorreu como era suposto, dada a escassa qualidade das personagens e a falta de novidade do enredo, basta um leitinho e o computador para ver vídeos de gatinhos, gatinhos mesmo, entenda-se, de quatro patas, que é um hábito recente, que espero me passe depressa. É tudo.

Tuesday, September 12, 2017

Santa Apolónia


Dia cheio... de trabalho e tédio. Rever aqueles que me repelem "beyond expression". Sempre as mesmas frases, os mesmos enganos, as caras sérias, sabendo que nada vai acontecer como "previsto", porque nada está previsto, porque é gente que não sabe prever, nem agir, nem decidir. O destino e o tempo colocarão tudo no seu lugar: o lugar errado, ou não, concedo. O acaso encarregar-se-á de tudo encadear dia após dia, mês após mês, até ao novo fim e ao novo recomeço. Vómito!
Final de tarde, anúncio do regresso a casa. Antes, o convívio com aqueles que penso que gostam de mim - surpresa -, que apreciam a minha companhia: obrigada. Contámos histórias, eu recontei coisas, reciclei, ri-me e fiz rir. Por vezes, no entanto, apeteceu-me, em vez de rir, fazer o que é suposto, com as histórias tristes que me assombram.
Estou finalmente em casa. Amanhã, o dia será de novo muito preenchido e muito vazio também. É o último dia antes de tudo começar à séria. Esta será também a última noite menos inquieta, apesar de tudo. Há, antes, que retirar todo o lixo que ficou agarrado a mim, à minha roupa, à minha alma. Depois, espero conseguir dormir o suficiente para poder sonhar. Se tiver sorte, irei à cidade de Santa Apolónia, aquela cidade deserta com uma enorme avenida, a perder de vista, tão larga, que parte está permanentemente sob grande escuridão. O sol não chega lá. Andarei por entre as ruas, à noite, na noite, procurarei um restaurante no qual não conseguirei engolir nada, e terminarei num  quarto de pensão, numa cama gigante deitada lado a lado com uma multidão que não para nunca de entrar, despir e deitar. Foi isso pelo menos que aconteceu da última vez que lá estive. E foi tão bom!
Com sorte, até conseguirei voar, para espreitar pelas janelas das casas silenciosas.     



Saturday, September 09, 2017

"Passagem das Horas"



Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que se não pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.


Fernando Pessoa

Verdade. E, pelos vistos, houve mais alguém que esteve naquele sítio da casa, das flores brancas, das flores vermelhas e da janela discreta. Mas no dia em que lá estive o céu não estava nublado: todo o espaço resplandecia com o brilho da noite.

Webgrafia:
https://escritores.online/quando-fui-outro/ , consultado 7 Setembro, 2017 

Wednesday, September 06, 2017

Agora e na hora da minha morte...



A: Olá, pareces-me mais macambúzia do que nunca.
B: Obrigada. Bondade tua.
A: É dos meus olhos.
B: Certamente. Eu não esperava outra coisa. Sempre um gentleman.
A: Vamos então à matéria de facto. Já decidiste?
B: Estou em processo de decisão, mas já com algumas certezas. Tenho que começar a executar, o que não é fácil, desde logo, porque tenho que falar com pessoas.
A: Aiiiiiiiiiiiiiii, credo. Pois é.
B: Cést la vie.
A: Tens então pensado bastante na morte e, neste caso, não é na morte da bezerra.
B: Eu nunca penso na morte da bezerra, como sabes. Tenho mortes mais importantes em que pensar, como a minha.
A: Gaba-te cesto, que vais para a vindima.
B: Sim, mas ainda não é hoje que vamos à vindima.
A: Porquê? Fazia-se aqui um serão. Está um vento bastante forte, bebíamos um café, ou um chá, e iniciávamos o assunto.
B: Lá chegaremos. Como é que se diz?
A: Dorme bem.
B: Não! Olha o título...
A: Ah!
B: Ah?
A: Ámen!

Imagem: https://www.facebook.com/events/327734210915100/, consultado em 6 Setembro, 2017

Regresso


Passaram as férias. Livrei-me de meia tonelada de lixo, seguramente. Algum está em lista de espera, já devidamente ensacado, pronto para a deposição em sítio próprio. Falta ainda outra meia tonelada. De resto, a casa, apesar da encomenda em tão afamada empresa, está na mesma. Suas excelências, como não sabem contar, estão certamente ainda dentro do prazo de 15 dias para comunicação do orçamento. Normal. Lá vou ter de recorrer ao amigo do meu amigo - ainda tenho um ou dois com quem posso contar, vá lá - e aguentar uma eternidade até ter tudo em condições.
Li bastante. Disso falarei um dia destes. Já nem sabia que conseguia ainda ler tanto. Boas notícias, pois. Se eu não puder contar com a leitura e os meus melhores amigos, os livros, para me amparar, me consolar, me rir, emocionar, o que me resta?
Vai começar tudo de novo.
Os pintores, que procuram nos seus pesadelos  - e nos meus - matéria para as suas obras, não imaginam como os invejo. Se eu soubesse pintar assim!
Para memória futura: hoje já consigo usar esta imagem, na segunda-feira não consegui...

imagem: https://www.facebook.com/PolishMastersofArt/photos/a.1526688624261610.1073741945.1489475997982873/1933376050259530/?type=3&theater, consultado em 4 Setembro, 2017