Saturday, May 13, 2017

Passeio pelo escuro


Fátima/Francisco, Futebol, Festival. Parece que tudo correu bem para todos, hoje. Eu gosto que Salvador tenha ganho, claro. O futebol não me diz muito. Para já, está a impedir o meu programa de televisão preferido: governo sombra. Porém, sinto-me bem longe. Num lugar em que estive há muitos anos com a minha avó materna, a avó Maria.
Penso que dormi no chão, numa cama improvisada, junto da minha avozinha. O típico daqueles que fazem deste sítio um local de eterno retorno. Lembro-me também de ir ao colo da minha avó, para não me perder no meio da multidão. Devo ter gostado. Naquela altura ainda não sabia que não gostava/gostaria de multidões. Sinto-me, como explicar, numa espécie de encantamento. Não me sai da cabeça aquele homem sereno, afável, humano, mágico. De algum modo, esperava "espectáculo", um excesso de abraços, de gestos, de vazio, de nada. Mas foi tudo na medida certa, aquela medida das coisas genuínas, sentidas, belas. Gostei particularmente do silêncio, o silêncio partilhado.
Neste momento, o espaço estará vazio na noite, suponho. Era aí, precisamente, nessa noite e nesse vazio, que eu queria, agora, estar.

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