Friday, January 31, 2020

Em dia de greve...



«As proclamações sobre a imensa importância de recrutar os “melhores professores” são feitas pelas mesmas pessoas que foram responsáveis por medidas objectivas que levaram a afastar dos cursos de formação de professores de aqueles que viram a carreira docente ser desqualificada publicamente e proletarizada materialmente. Publicam-se notícias sobre o facto de tais cursos serem frequentados por alunos com algumas das médias mais baixas de acesso à Universidade, mas raramente se tem a coragem de ir mais longe e fazer as perguntas certas sobre a origem desse fenómeno e de questionar se o actual modelo não está errado por outras razões que não as que são lançadas para consumo público.

Estou convicto que os responsáveis políticos não têm qualquer interesse em terem nas escolas os melhores professores, mas sim os professores que façam tudo o que lhes é exigido pelo custo mais baixo e sem especiais contestações. Entre um excelente professor no trabalho com os alunos, mas consciente do seu valor enquanto profissional qualificado e contestatário dos seus direitos e um professor razoável, mas obediente e respeitador das hierarquias, a generalidade das “lideranças” prefere o segundo. Porque se mostrará mais “flexível” para integrar o “projecto” e trabalhar “em equipa”.»
https://guinote.wordpress.com/2020/01/30/este-mes-no-jl-educacao/#comment-143324

Muito bem! Os professores que questionam se vale tudo para cumprir metas não são muito bem vistos: who cares??
Pessoalmente, embora já tenha resistido mais, tento conciliar ambas as coisas. Não me estou nas tintas para as metas. Para isso, mais valia sair da profissão, pois estaria a fazer aquilo que me dá na real gana e eu não sou a favor do caos. Mas tenho limites. O plágio, por exemplo, é um desses limites. Cópias??? Mas isso é certo? Um rotundo não. NÃO!
Quando houver uma greve para restituir a autoridade ao professor e pôr o conhecimento - não as competências -  no centro da escola, farei greve. Por condições salariais? Eu gosto de dinheiro. Aliás, adoro. Mas não é isso que me move. O que me move é o respeito (ou mesmo o respeitinho, não discrimino diminutivos), os professores darem-se ao respeito. Valer tudo para atingir números não é uma base para o respeito pela função. Pelo contrário. É um embuste.
Quantas vezes ouvimos dizer a propósito deste e daquele e daquela e disto e daquilo no mundo da política e das finanças: mas ninguém viu? Mas ninguém denunciou? Mas ninguém sabia? Mas como foi possível? Isto só foi possível com a cumplicidade de alguém. Onde estão os outros?  Etc.

Claro que ninguém vê! Não há indisciplina, não há violência, quer física, quer verbal. Não há burnout (há é pieguice). Não há facilitismo. Há, sim, rigor. Rigor e mais rigor. E há sucesso.
E claro que ninguém denuncia. Claro que cada um só vê o que quer e é completamente cego no que a si mesmo diz respeito. Claro que quem não vai na onda é posto de parte. Vai para a prateleira.

É o triunfo dos porcos! Literalmente.


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