Tuesday, March 24, 2015

Morreu Herberto Helder

 

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gentes de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera de seu tempo e do seu precipício
 (…)
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
 (…)

Mário Cesariny


São assim, como as "descreve" Cesariny - penso - as PALAVRAS dos poemas de Herberto Helder. Não percebo nada do que ele escreve. O que me faz ler os seus poemas? A beleza pura das suas palavras, as associações desconcertantes - e desconcertantemente belas - que faz. Fico sempre apenas à superfície dos textos de HH. Não tenho peso interpretativo para os aprofundar e me afundar neles. Navego neles, apenas. Não sou leitora, pois. Apenas navego na superfície dos seus textos.
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5 comments:

julio césar said...

passos em volta

julio césar said...

os passos em volta.

julio césar said...

mais. acho que a foto que ilustra o teu dizer tem muito a ver com o espirito do homem. austeridade materialista. saiu-me. foda-se, comprei um pc frances e o teclado para escrever portugues e uma merda. para bom entendedor muitas faltas bastam. kiss you.

julio césar said...

o' pa' mas tu escreves melhor que eles, ambos os dois como diz o num sei quem.

Adélia Rocha said...

Oh, kido, essa de dizeres que eu escrevo melhor k eles só pode ter sido uma gralha do teu computador francês! Ó pra mim toda corada....