Monday, November 29, 2010

Evolução Silenciosa


Evolução Silenciosa é como se chama uma exposição de estátuas submersas...no México.

A Ilha das Bonecas


Gosto do México. É o país em que se festeja a morte. Agora é também o país da Ilha das Bonecas. A história é simples: Um homem decide isolar-se numa ilha. Porém é assombrado pelo fantasma de uma menina que ali morreu afogada. Para acalmar o seu fantasma, o homem oferece-lhe todas as bonecas que consegue encontrar. Oferece-lhe também bocados de bonecas. Tudo o que tenha a ver com bonecas. E vai colocando os presentes ao fantasma da menina afogada por todo o lado: árvores, cordas, portas de cabanas na ilha. Pouco a pouco cobriu a ilha de bonecas. Um dia, também ele morreu...afogado.

Saturday, November 20, 2010

Adeus


Morreu o Senhor Do Adeus. Aquele senhor que iluminava a noite de Lisboa, e a quem a luz de Lisboa iluminava também!

Wednesday, November 10, 2010

Poema aos homens constipados

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes -
(rsrsrs ahahah ihih)