Rest in Peace

Friday, October 24, 2025

Insanidade!

 


É preciso fazer teste??? Claro que nem tudo o que parece é, e nem tudo o que reluz é ouro. Mas... nadadorA? Desde quando é que nos tornámos tão imbecis??

https://www.instagram.com/p/DQMolLQke6n/, consultado em 24 outubro, 2025

Wednesday, October 15, 2025

Ah! Entendi

 


https://web.facebook.com/photo/?fbid=24808255435481815&set=a.373087232758642, consultado em 30 de setembro, 2025

Sunday, October 05, 2025

O frio

 



Manuel A. Domingos, BAÇO, edição Medula

imagem: https://web.facebook.com/photo/?fbid=32320338947564963&set=gm.2801223356750085&idorvanity=157947604411020, consultado 19 Setembro, 2025

https://web.facebook.com/photo/?fbid=1375683677893066&set=a.382580190536758, consultado em 5 Outubro, 2025

PS: há sempre uma imagem e um texto que se completam...

Thursday, October 02, 2025

Poeira - A Casa

 


Eu tinha partido em busca de uma casa invulgarmente bela que vi uma vez, de forma fugaz, enquanto dormia. Eu lembrava-me que tinha andado durante muito tempo num caminho muito acidentado, hostil e cheio de poeira. Era um lugar de tal forma deprimente que decidi esquecer-me dele, e foi nessa altura, na ânsia de ver algo bom e belo que avistei, ao longe, uma casa. Fiquei por isso, durante muito tempo, quieta e silenciosa olhando a casa. Ela ficou quieta e silenciosa também e deixou amavelmente que eu a observasse. Dela, porém, não retive um só detalhe. Não sei sequer se era grande ou não. Era apenas bela e eu procuro-a desde então, todas as noites, nos meus sonhos, porque sinto saudade.

Pensei que devia começar por encontrar o caminho deprimente, mas foi impossível encontrá-lo. Tive então consciência de que estava num pinhal muito denso. Todos os pinheiros eram da minha altura, alguns mais baixos, e todos eles, sem excepção, estavam carregados de cerejas amarelas. Parei. Por momentos, desejei permanecer ali para sempre, encantada com a beleza do local. Fechei os olhos. Quando os abri, a paisagem tinha mudado. À minha frente, estendia-se uma planície imensa. Tudo era terra escura e desolação. Depois, fui descobrindo rectângulos de pedra branca, como túmulos. Eram túmulos. Depois começaram a erguer-se do chão estátuas e cruzes brancas, umas de pedra outras de ferro. Havia também flores artificiais sem cor. Toda a planície, a perder de vista, era um cemitério desolado e belo. De repente, senti um aroma quente de café. Virei-me. Atrás de mim, tinha-se formado uma enorme esplanada cheia de um movimento lento mas intenso. Os clientes, todos homens muito velhos, estavam sentados, cada um à sua mesa, bebendo café. Havia também uma mulher, mas essa parecia adormecida. No seu colo, dormia também um gato e sobre a sua mesa, como um prodígio, crescia uma flor branca e frágil com as pétalas, puras como seda, permanentemente agitadas por um vento impiedoso e invisível. O empregado de mesa aproximou-se de mim, apontou-me uma mesa junto a um túmulo discreto e, com um sorriso, disse:

- "Vai querer café, certamente."

Eu respondi:

- "Não. Procuro uma casa."

Ele ficou desiludido e mudo e eu disse:

- "Existe por aqui uma casa?"

E ele disse novamente com um sorriso:

"Vai querer café, certamente."

Eu sorri para ele e não disse mais nada. Virei-me e continuei o meu caminho. Estava novamente num sítio com árvores muito baixas e muito densas, mas agora sentia-me impaciente. Protegi os olhos e fui abrindo caminho, com violência, incomodada com o choque da vegetação por todo o meu corpo. De repente, ficou tudo vazio e amplo outra vez. Eu estava junto a um lago de um verde leitoso. No meio dele, estava uma casa vermelha com grandes janelas, através das quais a noite entrava e permanecia. Sentei-me no chão. Queria terminar ali a minha viagem, contemplar a casa durante muito tempo e descobrir se era ela a casa extremamente bela de um sonho passado. Ouvi, então, um barulho leve e tímido. Virei-me. Atrás de mim, como uma orquestra, estavam os clientes velhos e solitários, as sepulturas, a senhora adormecida, o gato também adormecido, a flor branca e frágil e o vento impiedoso e invisível. Ao meu lado, alguém disse:

- "Vai querer café, certamente".

Fiquei feliz, tomei o meu lugar na mesa junto ao túmulo discreto e disse:

- "Certamente".

https://pt.vecteezy.com/foto/12790692, consultado em 29 Setembro, 2025

Saturday, September 27, 2025

Sorry if I look a little lost


Busy digging out her own grave...

A caminhada solitária... mas sempre com possibilidade de ficar mais árida ainda... À mercê do virar de costas dos outros. Sozinhos a fazer planos de como conseguir dar mais um passo, ultrapassar mais uma contrariedade. Ninguém se rala. Ninguém ouve...

Saturday, September 13, 2025

Iryna Zarutska

 


Aqui a um ou dois minutos de morrer. Já ferida de morte: esfaqueada pelo monstro atrás dela. Ninguém se levantou para a ajudar. O assassino saiu do comboio com a faca a pingar sangue. Ela, depois, tapou a cara com as mãos, apoiando-se nos joelhos. Não saberia o que lhe tinha acontecido. Foi tudo muito rápido. Depois foi caindo no banco, sempre encolhida, e dele caiu para o chão, a vida a fugir-lhe. Depois, durante uns segundos, não aconteceu nada, até que uma enorme quantidade de sangue, de repente, correu para a área de embarque de passageiros. Muito sangue. Veio-me à cabeça a imagem do filme Shining: a parede a cobrir-se de sangue.
Entretanto, chega um homem e uma mulher e outro homem, para ajudá-la. Pessoas que estavam longe do sítio onde ela estava. Os que estavam perto nada fizeram. Mas ela morreu. Foi num instante. Um dia de trabalho. A hora da saída. O chegar ao comboio. Sentar-se, colocar os auriculares e concentrar-se no telemóvel. Atrás dela, um homem tira uma faca, levanta-se e atinge-a três vezes no pescoço. Depois sai do comboio, a faca a escorrer sangue.  Na imagem, o momento em que ela olha para perceber o que estava a acontecer. Depois, mais nada: sozinha, numa carruagem de um país estrangeiro, perante a indiferença dos outros passageiros, foi caindo, mais e mais até morrer...  


 https://x.com/EndWokeness/status/1966897158763819084/photo/1, consultado em 12 de Setembro, 2025

Tuesday, September 09, 2025

Supertramp


Sou daquelas pessoas que adora Supertramp. Adoro! Andava algo esquecida deles, mas, de repente, morre Rick Davies: voz inesquecível. 
Lembro-me de um dia, em Coimbra, 6.ª feira, ia apanhar o comboio para ir para a casa da minha tia (obrigada, tia, pela ajuda que me deste). Ia apressada. Saí da faculdade diretamente para uma ruela da parte mais antiga de Coimbra. Aquelas ruas estreitas que as minhas colegas e amigas não frequentavam, e me pediam para eu evitar. Elas iam para o comboio no autocarro. Eu ia a pé, por gosto e porque não tinha dinheiro para autocarros. Era inverno, a noite estava instalada. Rua isolada e noite escura: há coisa melhor? Nisto, pela janela de uma casa, aos berros, fazia-se ouvir uma canção dos Supertramp. Eu adorava e tive de parar para ouvir tudo, aos berros, repito, uma barulheira imensa e linda. Foi um momento mágico! Depois, para não perder o comboio tive de correr o mais que pude para chegar a horas à estação...

Descansa em paz, Rick Davies!