O passado é um pilar simbólico que
nos sustenta. É povoado de coisas e gentes. Nele habitam luzes, pequenas
clareiras de felicidade e desertos enormes de grande tédio e pequenos e médios
desencontros. Partes do passado já não o são. Integram o espaço virtual do
esquecimento. Por vezes, afloram de forma fugidia, mas não passam de pequenos
relâmpagos longínquos, que não produzem som. Nem fúria. Há, porém, partes do
passado que queremos que sejam sempre presente(s). Para tal, procedemos a
gigantescos actos de sublimação. Tal e qual um escultor, vamos tirando tudo o
que não nos agrada. E, um dia, ali está esse passado, essa narrativa com
princípio, meio e fim. Tudo belo, perfeito, inatacável. Arrumamo-lo então, e
visitamo-lo quando o presente nos falha ou nos magoa.
Porém, há sempre um tempo, em que
alguém atira uma mão cheia de vulgaridade sobre a nossa estátua, longamente
burilada, bela, perfeita... (quase) destrutível…!
1 comment:
uaaauuuu
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