Friday, August 17, 2018

Fevereiro - Agosto 2018


O tempo passou rápido, excepto quando custou a passar. E as lojas publicitam já o regresso às aulas. Este é o último fim de semana antes do dia 20 de Agosto. A partir desse dia, começa a contagem decrescente… Menos um dia, menos outro dia.
Em Setembro, será tudo igual ao Setembro passado - a menos que não seja. As mesmas caras do ano passado, as mesmas rotinas, espero que não os mesmos problemas - nem outros parecidos -, o mesmo Natal, o mesmo mês de Janeiro. De Fevereiro a Agosto, será diferente: não haverá planos a fazer, compras, sugestões, afectos (!?), visitas, boa vontade, bolos de Tentúgal, bolas de Berlim. Também não tornarei a cometer o agravo de telefonar em dias de vento, tempo de constipações e Brufen. Nem farei graças com "coisas sérias", nem ouvirei reprimendas. Basicamente, tirando esse parêntesis, a rotina seguirá o seu caminho.
A falta de surpresas será um conforto. Posso sempre recorrer à minha imaginação e fazer as coisas acontecer, como fiz sempre que o tédio se tornou insuportável. E colecionei histórias para contar.  Mais ainda não estou suficientemente entediada...
Quem sabe vá mesmo fazer aquele curso da Universidade do Porto. A partir de dia 20 de Agosto, em plena contagem decrescente, é hora de agir segundo o enfado, o aborrecimento. Há pessoas que fazem coisas extraordinárias quando estão felizes e optimistas. A mim, o optimismo faz-me mal. Põe-me pateta, anestesiada, confiante. Enfim, parvinha. Agora, o fastio, o tédio mais profundo e insuportável faz-me levantar e pôr-me a caminho. Foi assim em 1985, quando prometi… e cumpri! Conheci o F. Seguiu-se um período tão terrível - tantas coisas aconteceram - que arranjei lenha para me queimar durante anos. Eu suporto tudo, suporto o que é mau, o que me põe para baixo e me derruba. Mas o tédio… Isso não! Depois, foi aquilo e aquilo. O meu trabalho, as humilhações levaram-me à Universidade. Fiz o meu doutoramento. É algo, no entanto, que começa a falhar-me. É quase como se não tivesse acontecido. Entretanto, estou em mais um ciclo de depressão. Os planos que tinha para este Agosto foram mudados. Mais uma vez, pequenas clareiras de alegria, de deitar conversa fora, deixaram-me à deriva. Agora isso acabou. E começa a instalar-se um tédio que me aperta literalmente a garganta. Também pode ser um problema respiratório. Quem sabe? De qualquer modo, pela frente alguma coisa vai acontecer ou eu vou fazer acontecer: estou quase enojada… É bom sinal.

PS: Na imagem - tirada do Google - até o gato e o cão se dão bem. Olham ambos para o mesmo lado. Porquê? Porque estão no meio da ruína. Estão cheios de tédio, cheios de solidão…


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