Saturday, December 31, 2022
Friday, December 30, 2022
Sem perdão!!!
Fernando Santos não podia deixar Ronaldo sentado. No banco. Fernando Santos contribuiu para destruir a carreira de Ronaldo. FS mostrou não ser um líder, mas apenas um chefe. Mais um. E seguiu-se uma onda de ódio de, na maioria, portugueses. Há desprezo. Há escárnio. Há gozo. Uma verdadeira orgia de desamor. Um apedrejamento feroz. Sanguinário. A expressão "passar de bestial a besta" não descreve minimamente o que se passou, ou melhor, está a passar-se.
Fico sempre extasiada perante estas mudanças. Diárias. Vindas de diferentes pessoas e nas mais variadas formas. Mas surpreende-me sempre. O que leva os outros a entregarem-se a estas manifestações de ódio? O que os leva a esquecerem tudo o que Ronaldo significou/significa para o futebol?
Para além do mais, Fernando Santos foi particularmente cruel: escolheu o momento certo para dar o seu golpe. Quando é muito provável que Ronaldo não possa disputar um outro mundial. FS foi cobarde e prepotente. A prepotência é, aliás, um traço característico dos cobardes.
Para mim, FS representa aquilo que de mais ignóbil existe no ser humano. Foi baixo. Rasteiro. Absolutamente SEM PERDÃO!!!
Ah! Subscrevo em absoluto aquilo que foi dito por César Mourão: preferia ver Portugal perder o jogo, do que ver Ronaldo no banco. Penso o mesmo. E compreendo muito bem o que César Mourão quis dizer.
Natal 2022
Friday, December 09, 2022
Monday, December 05, 2022
Companhia!
Saturday, November 26, 2022
Círculos
Wednesday, November 16, 2022
Waiting for Godot
Desde as 14:00 aqui... e ainda nem comecei. Acabo às 22. Talvez.
https://www.theartistation.com/2015/07/zdzislaw-beksinski-collection-surreal-paintings/
Saturday, November 12, 2022
Robert Smith: I don't belong here any more...
Eu continuo a gostar de ti, das tuas músicas. No matter what... I myself got old and pathetic as well.
https://aminoapps.com/c/m-lets-rock-m/page/item/robert-smith/z6qB_KBwTwIBJjZnLrZkBowraXXnPLrDrEa
https://www.facebook.com/176481845761539/posts/happy-bday-robert-smithhappy-61st-birthday-the-cure/2933315403411489/
I'm outside in the dark, wondering how I got so old
Sunday, November 06, 2022
Leitura para acordar, diz ele...
Pessoalmente, distanciamento social? Adoro: a d o r o. Ficar em casa? Adoro. Não ir a festas, não passar o Natal com a família? Adoro. Usar máscara? Adoro. Onde estavam as máscaras quando eu passando por certos ajuntamentos continha a respiração? Onde estava a máscara quando eu, nos anos 90 do século passado, tinha de me dirigir a uma repartição pública pagar contas disto e daquilo, ao fim da tarde, numa sala com ar condicionado a ferver e um cheiro nauseabundo de corpos transpirados e hálitos pouco frescos? E onde estava a máscara, quando eu dava aulas numa certa escola, cujos alunos na sua maioria não tinham descoberto as maravilhas da água e do sabão? Havia queixas de certos pais, que não queriam os filhos junto de fulano e sicrano, porque não aguentavam o fedor! Ou seja, descobri a máscara, esse acessório que me acompanhará para sempre em certas ocasiões, enquanto eu for viva. Claro, depois de morta, já não há necessidade.
Mas há quem não acredite na pandemia. E encha a barriga de nomes aos covideiros: medricas, obedientes, gente sem capacidade crítica, que obedece à voz do dono, incapaz de ver que é tudo uma fraude para os senhores do mundo, através do medo, nos manipularem e nos espetarem com o "globalismo", a nova ordem mundial. (Um momento, para me rir.) Ah! Já me esquecia e o grande reset! Etc. Tudo isto, claro, em virtude de certas pessoas terem ficado perturbadas mentalmente devido ao trauma de lidarem com uma pandemia. É assim que eu interpreto.
E depois existe este escritor que se gaba de eructar postas de pescada. Que desagradável! Escritor de romances espirituais e obras de - imaginem! - "desenvolvimento pessoal". E agora, para tentar despertar os covideiros assustados, publicou este livro que afirma ser imprescindível para libertar os medrosos, os que não são livres, os que não se amam, etc., etc., resumindo, para nos salvar do/da terrível, e cito, « C.H.O.N.É.: Conversão de Humanos em Ovelhas de Nádegas Escancaradas". E esta, hein? Como dizia o Fernando Peça.
O livro já esteve no n.º 1 do Top e agora está no n.º 3, mas há quem tente boicotar!!!! Claro, há que silenciar as "verdades", o que incomoda, o que contraria a narrativa dos globalistas. Francamente, não se faz isto com uma obra de tão elevada craveira!
Se alguém me oferecesse este livro no Natal, eu até o lia, por motivos de... bem... quer dizer... enfim... hum... ainda me há-de ocorrer alguma coisa... Agora pagar o livro??? É preferível gastar tudo em vinho.
https://www.facebook.com/gustavosantosescritor
Sunday, October 30, 2022
Wednesday, October 19, 2022
Tragam-me o livro de reclamações!!!
Acordei
arrelampada. Estava a tentar falar com o chefe da estação de caminho de ferro.
Aliás, levei metade da noite a tentar contactar o chefe da estação. A outra
metade foi passada a correr atrás da funcionária da estação, aos berros, dizendo-lhe:
«Quero o livro de reclamações!» E ela, que não tinha o livro. E eu: «o livro,
já! Quero o livro!» Já me faltava a voz. E à funcionária estava a faltar o ar,
com medo. De mim! «Quero o livro de reclamações!!». Ela, com ar esgazeado, saiu
então do cubículo, onde a minha bagagem jazia aberta e retida, posto que a
funcionária não me autorizava a seguir viagem, sem eu arrumar todos os meus
pertences devidamente. Teve, pois, a dita cuja, a lata de censurar a forma como
emalei a minha trouxa. Saiu do cubículo, dizia eu, calada como um rato, porque
já não aguentava a minha berraria: «o livro! Quero o livro! O livro de
reclamações!» E, como ela saiu, eu saí também, da zona do cubículo, atrás dela,
que, ao pressentir-me, desatou em grande correria por um caminho agreste. De
noite, claro. É sempre de noite que as aventuras acontecem. Paisagem estranha.
Caminhos estreitos. Vegetação cinzenta e com muitos espinhos. E a funcionária a
correr à minha frente e eu, furibunda, atrás dela: «o livro! O livro de reclamações!
O livro! O livro!» Nisto, a fulana caiu. E eu contente. Fui por cima dela – não
confundir com em cima dela – e berrei-lhe diretamente no ouvido que não estava
esborrachado no chão de arbustos cinzentos: «o livro! O livro!» Mas como a
funcionária da estação de caminho-de-ferro parecia ter gostado da cama onde se
estatelou, depois de um senhor tropeção num arbusto cinzento, visto que não
dava mostra de se querer erguer do chão, vi que tinha de mudar de estratégia e
de berro: «o chefe da estação! O chefe! Onde está o chefe da estação?» E
dirigi-me para a estação. Luz amarelada. Bar. Resmas e resmas de prateleiras
com rebuçados e bolos e revistas. Bancos onde ninguém estava sentado. Vazios.
Uma gentinha miúda, quase invisível, a rodopiar expectante. E uma série de
portas. Fechadas. A bilheteira. O caminho-de-ferro. As linhas de aço. Nenhum
comboio. Numa porta estava escrito: chefe da estação. Fiquei em pulgas: «onde
está o chefe? Senhor chefe! O chefe, se faz favor!» Abriu-se a porta, devido ao
meu alarido, e começaram a sair dela vários chefes. Todos vestidos de amarelo.
«Senhor chefe?» Que não. O chefe da estação estava no primeiro andar.
Dirigi-me, então, para o primeiro andar, mas não havia escadas em parte
nenhuma. Foi quando vi um ajuntamento à espera de ser ejectado para o primeiro
andar, através de um conjunto de molas gigantes, onde tinha de se equilibrar.
Mais estranho ainda: estavam todos de calção. Pesadelo. Isto não podia estar a
acontecer. Eu não quero ser ejectada por uma mola para o primeiro andar. Mas
não havia outra maneira. Nisto, vejo uma cara conhecida. Estava na bicha para o
primeiro andar. Diz-me ela: «vamos vestir os calções.» E eu: «mas isto é
aviltante, não estou depilada.» E foi quando reparei que as molas ejectoras não
estavam fixas. Tínhamos que nos equilibrar sobre elas, fazer balanço e esperar
cair num sítio mole. Mais: tínhamos também que, primeiro, montar as molas, que
jaziam em destroços metálicos, depois de cada carrada de gente ter sido
arremessada para o primeiro andar. E pensei: vou antes chagar a funcionária da
estação, que ainda deve estar esparramada na paisagem. E logo me saiu um berro:
«o livro!» E a cara conhecida: «qual? Onde?» E eu: «não ligues, vamos montar as
molas.» E eis que se ouve um baque enorme, com ranger de ossos, ais, uis e um
enorme som de oco, causado por aqueles que tiveram o azar de aterrar de cabeça,
no primeiro andar. Pus-me logo em retirada, a andar de costas, para não
suscitar questões à cara conhecida, que se afadigava a ajeitar as molas, mortinha
por se fazer ejectar. Sempre de arrecuas, quando cheguei à porta do bar da
estação, voltei-me, finalmente, para andar de frente, e acelerei o passo. Tudo
vazio. Ou não. Vi uma sombra a esgueirar-se veloz, para a zona de embarque, com
a pressa de quem quer fugir para a frente, sempre para a frente e deixar o
passado para trás. Numa mesa, poisava uma chávena de café preto, cheia, com o
fumo a pairar de forma ténue. «Anda vai, sombra dum raio!» Eu estava berrante,
frenética, revoltada. Eu queria sangue: o da funcionária. Eu queria mais
sangue: o do chefe da estação refastelado no primeiro andar. E mais ainda: o
sangue da mola ejectora e trapalhona. Sangue! E saí da estação de comboios.
Lembrei-me então
da minha mala. A minha querida malinha, com os meus haveres caoticamente
colocados nela. «A minha mala…» Murmurei. «A mala...», tornei a murmurar. E corri,
corri, com as mãos na cabeça, desvairada, na direção do cubículo. Em vão. Tudo
era um deserto. Não havia rasto de estação, de cubículo, de mola, de cara conhecida,
de sombra, de funcionária, de chávena de café preto, de primeiro andar. Nem da
minha malinha. Nem dos meus haveres. Só restava eu na noite, na paisagem
cinzenta.
Saturday, October 08, 2022
Cápsula do Tempo: Maria Vieira Ama Putin - Extremamente Desagradável
"As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis" - ao jornalLa Stampa.
Tuesday, October 04, 2022
Realidade Líquida
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
https://www.zbrushcentral.com/t/zdislav-beksinski-couple/206207
https://www.citador.pt/poemas/mudamse-os-tempos-mudamse-as-vontades-luis-vaz-de-camoes
Sunday, October 02, 2022
Deserto...
Serviços mínimos. O mínimo possível... Estou na fase minimalista. Pouco, muito pouco, nada...
https://wooarts.com/zdzislaw-beksinski-gallery/
Monday, September 19, 2022
Esperar silenciosamente
https://br.pinterest.com/pin/847169379887518589/?nic_v3=1a2JU1DAN
Monday, September 12, 2022
Prof. Doutor Vítor de Aguiar e Silva
Morreu um dos maiores especialistas de Teoria Literária em Portugal e não só. Um homem de Letras dos verdadeiros. Um sábio. Um erudito. Quando o encontrei em Coimbra, na defesa de tese de Doutoramento de Carlos Reis, achei-o assustador. Mas foram as obras dele, a par das dos grandes especialistas franceses em Paraliteratura, que me permitiram fazer a minha própria tese de Doutoramento. Saber que, ao contrário de Arnaldo Saraiva, ele via no termo Paraliteratura uma mais-valia relativamente à Literatura que não ocupa o centro da Literatura, deu-me respaldo para afirmar, também, esse termo como o mais apropriado. Aguiar e Silva acompanhou-me do liceu ao Doutoramento. Isto é, esteve ao meu lado nos momentos mais marcantes da minha vida. E eu agradece-lho por isso: obrigada, Sr. Professor! Descanse em paz.
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/sociedade/professor-universit%C3%A1rio-v%C3%ADtor-aguiar-e-silva-morre-aos-82-anos/ar-AA11JbRi?ocid=msedgntp&cvid=76f08ab7e1a442afb1535862617f23b8
Saturday, September 10, 2022
Thursday, September 08, 2022
Gone!
And just like that...
Um exemplo de elegância, discrição, sobriedade.
Rest In Peace, Your Majesty!
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2022/09/rainha-da-inglaterra-e-colocada-sob-supervisao-medica.ghtml
Saturday, September 03, 2022
Sábado à Noite
Thursday, August 25, 2022
Agosto 2022
Friday, August 19, 2022
Tuesday, August 16, 2022
É um sonho?
Eu pensava que não havia nada mais lindo que Meteora... Antes de Meteora, eu pensava que só nos meus sonhos havia uma cidade numa montanha. Uma montanha que eu tentava subir uma e outra vez. Aliás, tenho de acabar de escrever esse conto, antes que me esqueça... Quem sabe passei os olhos por Meteora e por Castellfollit de la Roca e outros... como os conventos do Butão e, de noite, fui construindo a minha cidade no cimo da montanha, e as minhas aventuras nessa cidade. Aventuras? Uma espécie de aventuras... Eu à solta pela cidade, depois da fadiga e dos encantos da subida da montanha...
https://www.reddit.com/r/oddlyterrifying/comments/j19xs7/castellfollit_de_la_roca_girona_spain_not_a_place/ , em 15 de Agosto, 2022
Saturday, August 13, 2022
Monday, August 08, 2022
Termas
Cheguei, depois de uma manha alucinante a arranjar a bagagem... canseira. Este teclado deixa a desejar. O resto tambem. Nao ha acentos. Paciencia. Comi gelado e agora nao se pode dizer que nao comesse mais alguma coisa. Mas nao me apetece nada. Ja agarrei um bicho qualquer com um lenco de papel e deito/o para a rua. Tambem nao ha tracinhos. Bonito. E c de cedilha. E a Internet movel MEO esta uma lastima.
A Boçalidade...
« Se não usas a bandeira arco-íris és homofóbico; se celebras o dia do combate à homofobia estás a difundir a ideologia de género; se usas tranças "africanas" e és "branca" estás a fazer apropriação cultural; se não pedes desculpa pelo passado colonial és racista; se não usas pronomes neutros és transfóbico; se te identificas com outro género és uma ameaça à ordem de Deus; (...) se comes carne és um assassino; se não comes carne és um palerma
Se não usas a bandeira arco-íris és homofóbico; se celebras o dia do combate à homofobia estás a difundir a ideologia de género; se usas tranças "africanas" e és "branca" estás a fazer apropriação cultural; se não pedes desculpa pelo passado colonial és racista; se não usas pronomes neutros és transfóbico; se te identificas com outro género és uma ameaça à ordem de Deus; se achas que as alterações climáticas existem mesmo és um maluquinho do clima; se achas que essas alterações climáticas têm que ser estudadas e precisam de respostas razoáveis e equilibradas és um assassino da Terra-mãe; se não usas máscara e não desinfetas as mãos de 5 em 5 minutos és um egoísta irresponsável; se usas máscara e tomas todas as doses da vacina és um carneiro, um peão da nova ordem mundial; se achas que o excesso de escrúpulo sanitário é um atentado à Liberdade és um negacionista; se não tratas o teu cão como se fosse da família és um animal; se tratas o teu cão como se fosse da família és um animalista; se comes carne és um assassino; se não comes carne és um palerma.
O mundo livre debate-se, hoje em dia, com este tipo de problema: a divisão entre filia e fobia. Digo o mundo livre, porque o mundo não livre, aquele onde não havendo margem para estes entretenimentos auto-destruidores vai parecendo um El Dorado para muitos, não tem esse tipo de problema: pensas e fazes o que o ditador quer, ou não existes (uma outra versão do cogito).
Mas divago, falava no problema do mundo livre. Para que este problema se adense, o que também contribui é a língua (e a pena). E este, hoje, é o meu ponto: a língua - pelo menos a portuguesa - tem um problema concetual. Filosoficamente concetual. Um problema que as tribos radicais, de ambos os lados, têm usado para regar, como gasolina, a fogueira das guerras culturais.
Explico: se lhe perguntarem se gosta de Caldo de Turu, provavelmente, primeiro, perguntará o que é. Depois de lhe dizerem que se trata de um molusco de cabeça dura e corpo gelatinoso, e depois de insistirem para que responda se gosta ou se não gosta, provavelmente dirá que não gosta. Não tendo experimentado, não tem forma de saber se gosta. Não podendo afirmar que gosta, responderá que não gosta, para se referir a uma ausência de gosto.
Imagine agora que não gosta mesmo nada de caracóis. Uma vez experimentou, e a textura, o sabor e o aspeto desagradaram-lhe muito. À pergunta se gosta, responde convicto que não gosta. Mas desta feita para exprimir repúdio. Estes dois exemplos tratam de "não gostos" diferentes: um, passivo, tendencialmente neutro; outro, ativo, determinado e de repulsa.
Digo isto, porque onde existe uma escala contínua de gosto, que vai, digamos, do odeio (início da escala) ao amo (final da escala), deveria, na verdade, haver duas escalas: uma de "gosto", que fosse do não "gosto" (em que o gosto não existe) ao imenso "gosto" (em que o gosto é máximo); e outra de "não gosto", que fosse do não "não gosto" (ausência de recusa) ao imenso "não gosto" (as coisas que se odeiam, por exemplo).
Alguns dos leitores que não se perderam até aqui dirão que isto não faz sentido nenhum, e que uma escala contínua basta. Dizem isto porque partem de uma premissa equívoca: a de que as pessoas se posicionam, sobre todas as coisas, entre duas paixões arrebatadoras, entre o ódio e o amor, entre a absoluta fobia e a mais determinada filia.
Ora, esta dicotomia extremada, a ser verdadeira, tem desde logo um grande problema: obrigaria a que os moderados, os que se posicionam no meio da escala, acabassem empurrados para os extremos, forçados a tomar um partido radical sobre todas as coisas.
Mas o equívoco não se esgota aí: a generalidade das pessoas não tem posição sobre bastantes temas, e, na verdade, nem quer ter. E ainda menos quando se trata de temas tão etéreos ou distantes quanto as construções sociais de identidade ou as ancestrais culpas dos tetravós, quando não poucas vezes nem os avós conheceram.
O que, aliás, acontece, em contradição com este (fogo de) artifício, é que sobre a generalidade dos temas a generalidade das pessoas tem posições sensatas e não necessariamente lineares. Por exemplo: à pergunta se gostam de gin, muitos dirão que gostam muito se for com água tónica, mas que não gostam nada se for puro; à pergunta se são racistas, a maioria responderá que não, mas quase nenhum considerará que o Padrão dos Descobrimentos é um monumento ao racismo e que deve ser demolido; à pergunta se acha que os homossexuais devem ter menos direitos que os heterossexuais, a maioria responderá que não, mas muitos menos se sentirão impelidos a usar um saco com as cores do arco-íris, e acharão a coisa, até, um bocado pirosa.
O problema é que quer o nível polarizado em que boa parte das discussões públicas hoje se faz quer a escala contínua da fobia à filia (ou vice-versa) torna o debate impossível de se fazer, deixando apenas espaço para o combate. E esse é o terreno das tribos radicais: a redução da discussão ao preto e branco (salvo seja).
Sintetizo e simplifico: sobre as coisas da vida nem tudo se posiciona no domínio das paixões. A minha ausência de filia por algo não significa que lhe seja fóbico.
Combater os woke (e os radicais que do outro lado se lhe opõem), passe o trocadilho, exige que estejamos bastante acordados, designadamente no discurso. Antigamente perguntava-se se estaríamos dispostos a pôr a espada no lugar da pena, hoje a luta trava-se mais com a pena do que com a espada (reparem como o botão do Twitter é precisamente uma pena). Como o livro de Eclesiastes, de resto, sempre nos alertou: "Muitos caíram pelo fio da espada, porém mais foram os que caíram por causa da língua" (Ec 28,18).»
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/da-filia-%C3%A0-fobia-a-pena-que-as-tribos-radicais-est%C3%A3o-a-aproveitar-como-espada/ar-AA10qcwX?ocid=msedgntp&cvid=8e69d8cea2334bbab37e5a55c2f9827b
Pena o texto acabar de forma abrupta. O tema merece mais discussão. No fundo, este extremar de posições corresponde a uma falta de Educação, com E grande, de finura de trato, de uma Grosseria, com G grande, de uma BOÇALIDADE, que se traduz num virar de costas, num corte radical com aqueles com os quais não nos identificamos. Não há a prerrogativa de manter uma relação mais distante, mais de conveniência, mais diplomática, mais de fachada, mais hipócrita, porque não dizê-lo, mas uma relação. Relação humana. Cordial. Não. A boçalidade gosta de virar as costas, de curtir ódios, raivas, gosta de fechar os olhos às suas insuficiências e ver carrascos em todo o lugar.
Estes extremismos atávicos são a expressão de uma profunda IGNORÂNCIA a todos os níveis. Défice cognitivo e, pior, défice EMOCIONAL.
Zdzisław Beksiński | Untitled (1970) | MutualArt
Thursday, August 04, 2022
Água das Pedras
Vejam, é assim que os poetas ganham má fama. É suposto que só os poetas possam dizer algo tão profundo como: «Casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim .»
Só com muita água das pedras chegarei ao fim do livro.
Wednesday, August 03, 2022
Pedro Chagas Freitas
Saturday, July 30, 2022
Wednesday, July 27, 2022
O Reencontro
Quando menos se espera, encontra-se aquilo que há mais de dez anos julgávamos perdido para sempre. Tudo começou com a perda dos meus óculos dentro da minha minúscula casa. Os meus preciosos óculos com tecnologia azul para proteger das radiações do computador. Procurei-os por todo o lado. Incluindo o frigorífico. Concluí, porém, que os devia ter posto no saco do lixo. Dei-me um mês, acreditando que ainda seria possível encontrá-los quando menos esperasse.
Há duas semanas, estando eu com a swiffer a limpar o chão do meu quarto, tive um palpite de que poderiam estar debaixo da cama. Tentei até meter a mão debaixo da dita cama, mas foi só o que coube, a mão, porque há muito pouco espaço, e o braço não cabe. Então, certa de que os conseguiria encontrar, enfiei a swiffer de um lado e empurrei com força para o outro lado, para sair tudo o que eu, devido à limpeza, em vez de limpar, levo da beira da cama para mais longe. Feito isto, espreito o que saiu das profundezas do referido móvel. E nisto, no meio de lápis - 3 -, pacotes de lenços - 4 ou 5 - canetas - 3 -e afiadeiras - 3!! - surge um semicírculo preto. Puxei e era um chinelo de seda, que comprei na década passada, para ir a Vila Nova de Gaia a um Congresso. Feliz, por saber que os meus chinelos de seda não tinham ficado no Hotel, vou do outro lado da cama e repito a operação de empurrar, na ânsia de ver o par do chinelo. Espreito e, entre mais uns lápis e mais uma afiadeira (como não hei-de ter os lápis todos rombos???), vejo uma coisa com uns brilhantes rosa... Era um outro chinelo que tinha perdido sensivelmente na mesma altura! Os meus chinelos de enfiar o dedo com brilhantes!! E arremeti novamente nas profundezas da minha cama para recuperar os dois pares de chinelos que julgava para sempre perdidos. E eles vieram, empoeirados, mas em todo o seu esplendor. Quanto aos óculos, nada. Nada! Mas, como estava em maré de sorte, pensei que seria melhor averiguar o que se passava debaixo da minha outra cama. Esta, sendo alta, encheu-me de algum orgulho, posto que o chão rescendia brilhante por baixo dela. Mas poderia haver novidade junto à cabeceira, encostada à parede, que surge como barreira, junto à qual se pode depositar o que quer que a vassoura possa levar à frente. Repito a operação de resgate de detritos e eis que sai disparado um chinelo. O chinelo de enfiar o dedo que eu procurava desde o início do tórrido Verão. Feliz por mais este reencontro, ajoelhei-me e retiro o outro chinelo com a mão. Nada de óculos. Mas tinha, finalmente, junto a mim os meus três pares de chinelos! Estes últimos, como tinham acumulado pouco pó, posto que só estiveram desaparecidos durante o Outono e o Inverno, entraram logo ao serviço: calcei-os. E é nestes momentos que eu compreendo que a felicidade não existe, existem é pequenos momentos de felicidade. Nem mais!
Imagem: Beksinski
Thursday, July 07, 2022
The Remais of the day...
Sunday, June 26, 2022
Monday, June 20, 2022
Inglês Técnico!!!
Saturday, June 11, 2022
A Música
https://www.musorbis.com/paula-rego-e-a-musica/
https://www.facebook.com/photo/?fbid=570068797818338&set=a.244609543697600
Wednesday, June 01, 2022
Tiny Mega Pint of Port Wine!
Sunday, May 22, 2022
Saturday, May 07, 2022
Carrie - Stephen King
Sunday, May 01, 2022
2 de Maio - Madrugada
Sunday, April 17, 2022
Quando não há mais nada para viver...
Wednesday, April 13, 2022
Waiting...
And I've been waiting for this moment, for all my life, oh lord
Can you feel it coming in the air tonight, oh lord, oh lord
I would not lend a hand
I've seen your face before my friend
But I don't know if you know who I am
I saw it with my own two eyes
So you can wipe off that grin, I know where you've been
It's all been a pack of lies
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord
I can feel it coming in the air tonight, oh lord
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord, oh lord
How could I ever forget
It's the first time, the last time we ever met
But I know the reason why you keep this silence up
No you don't fool me
The hurt doesn't show, but the pain still grows
It's no stranger to you and me
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord
I can feel it in the air tonight, oh lord, oh lord
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord
And I've been waiting for this moment for all my life, oh lord
I can feel it in the air tonight, oh lord, oh lord
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord, oh lord
I can feel it in the air tonight, oh lord, oh lord
Well I've been waiting for this moment for all my life, oh lord, oh lord
Nostalgia
Monday, March 28, 2022
Civilização Zero
Saturday, March 19, 2022
Friday, March 18, 2022
Passagem
Monday, March 14, 2022
Saturday, March 05, 2022
Friday, March 04, 2022
A Passagem dos Dias
Entre o trabalho, para sobreviver, e a passagem dos dias ... Não se pode dizer que o mundo esteja monótono. Pandemia, negacionismo, pandemia, guerra, negacionismo, pandemia, fim da pandemia, mais pandemia, guerra e mais guerra e assim sucessivamente. Entretanto, os novos médias e seus comentadores de bancada tentando explicar aos incautos o que se está a passar, porque, segundo eles, os média tradicionais estão a transmitir só o que lhes apetece. Estão a manipular a opinião pública, naturalmente burra, deixando que todos lhe comam as papas na cabeça. Já os impolutos explicadores dos novos média só dizem a verdade. Mais: querem tirar o povo asinino da treva da ignorância. Da influência da televisão e dos jornais que só transmitem lixo. Isto, enquanto eles próprios, do fundo do contentor, cuspinham e tiram algumas cascas de banana e espinhas de peixe do cocuruto, para poderem pregar a palavra da sapiência. E como na maioria são pessoas de direita ou de esquerda, ora malham no Putin, ora malham no presidente da Ucrânia, que nunca esquecem de referir que é um comediante, ora malham na Europa, que nada fez para entender o Putin, e que se prepara para encher a burra - cofre - aquando da reconstrução do estrago. Peço perdão por ter dito "encher a burra", que é uma expressão assaz tosca, mas uma pessoa tem que descarregar nalgum sítio. Claro!
Dizia no outro dia um tonto, todo empertigado, como se tivesse acabado de inventar a roda: Putin tem muitos mais países do lado dele do que os EUA pensam. E referiu um país, que deve ter encontrado depois de muito fuçar num mapa. Isto é, ele acredita que os EUA desconhecem coisas que ele sabe. Os EUA e o Ocidente têm a sua interpretação do mundo e agem, claro, tendo em vista o seu próprio interesse, mas assacar-lhes desconhecimento é de quem tem muito pouco por detrás da testa: o chamado bestunto oco. Quem diz bestunto, diz cabeça ou cachimónia. Eu hoje estou assim, completamente imparável no uso de vocábulos de baixa extracção.
É que é difícil ouvir gente a ver as sanções como formas de acuar Putin. É difícil ouvir pessoas dizer que se Zelenskyy se importasse com o povo, cedia a Putin e aceitava as suas condições. É difícil ouvir "análises" que vão buscar o passado colonial de países europeus, como Portugal, Inglaterra, Espanha e França, salientando o seu desrespeito atávico pelos direitos humanos, para frisar que, com tal passado, não podem apontar o dedo a Putin. E é difícil ouvir dizer que a guerra é necessária, porque há muita gente que tem que morrer, porque o planeta não aguenta tanta população. Etc., etc. E que os europeus estão a defecar para os ucranianos...
Eu sou de direita, sei lá, mas, tirando alguns grunhos, parece-me que parte da esquerda é absolutamente insuportável. E agora digo eu, com a mesma sapiência do outro que nem dormiu em busca de algo que possa ter escapado aos americanos: será que não vêem que a Russia não é a URSS? Será que não vêem que Putin é tão comunista como eu? Bom, no nosso PCP, ainda há quem duvide de que a Coreia do Norte seja uma ditadura... Need I say more?
É triste, quando o melhor do dia é a ridícula profissãozinha. Ou melhor, o emprego. Carreira?? Bem, as camionetas também são da carreira... Só se for nesse sentido.