Friday, December 31, 2021

Ilusões secretas

 


«Quem não espera, desilude-se menos. Mas desilude-se na mesma - podemos ficar descansados - porque nós, os humanos, temos nas cabecinhas um manancial infinito de ilusões secretas, pelas quais só damos quando nos desiludimos.»

O Miguel Esteves Cardoso escreveu esta frase na sua crónica diária no Público. As ilusões secretas. Só já me atrevo a ter essas ilusões. Ter outras seria sinal de ignorância. Aliás, num ano de máscaras, nunca vi a verdadeira face de tanta gente. E face horrenda, diga-se. 


Thursday, December 30, 2021

Contacto

 

Quando o telefone toca... heeeeeeeelllllppp!!

Chegou email... aaaiiaiaiaiiiiiiiiiii

À escuta... uuuiiiiiiiii

 
Enfim só!


https://sorisomail.com/partilha/174656.html

https://www.istoedinheiro.com.br/seu-gato-e-um-psicopata-faca-este-teste-online-para-descobrir/

https://www.pethealthnetwork.com/cat-health/cat-behavior/your-cat-secretly-stressed

https://zolina.com.br/2017/05/15/como-saber-se-o-seu-gato-esta-feliz/




Wednesday, December 29, 2021

Covilhã by night

 


Saí. Para ir à farmácia e para pagar contas. Que mais me faria sair? Mas aproveitei a noite. Fria. Um pouco húmida. E com luzes nas janelas dos prédios. Do lado de lá das janelas, pergunto-me, quantos estarão a arrostar com o pesadelo que é a sua vida. Tudo de tromba. O marido mal humorado. Os filhos agarrados aos telemóveis com cara de poucos amigos. As mulheres barra esposas a tentar arrumar a casa. A colocar o lixo debaixo do tapete e as couves na panela da sopa. Alguns estarão à mesa, a comer, com muito pouca vontade de encarar a tromba dos demais.

 «Como correu o teu dia?». 

«Correu, correu. Se o dia corresse, fazia parte dos maratonistas dos jogos olímpicos.» 

«Credo! Só fiz uma pergunta.»

 «Pergunta de novela mexicana. Ninguém faz essas perguntas parvas na vida real!» 

«Estou a tentar comunicar, para não parecermos múmias à mesa.» 

«Eu cá não tenho nada contra as múmias.» 

«Fica descansado. Se eu fosse a ti, não ia ao Museu Nacional da Civilização Egípcia. Não te vão confundir...»

 «Múmia és tu!!»

 E todos perdem o apetite. Depois de já terem comido, claro. Fim. 

 Eu aproveito e tiro umas fotografias.



Saturday, December 25, 2021

Natal, 2021

Comecei o dia bastante tarde, com café, croissant de cereais e sumo de laranja.  Ao almoço, tudo normal, excepto a cerveja sem álcool e a sobremesa de profiteroles com molho de chocolate. Excelente. Não fiz nada. Vi uns filmes, nenhum deles digno de menção. Telefonei  à minha mãe três vezes. Depois bebi chá e comi umas coisas: excesso de calorias. Mas são as festas. Depois volto ao regime militar.

O pai Natal trouxe-me muitos perfumes. Eu portei-me bem.

A noite acabou com um banho, seguido de um outro banho: Flower, by Kenzo. Creme, desodorizante e perfume. Adoro. 

Vou tentar encontrar um filme que valha a pena e quem sabe ainda vá ao frigorífico, buscar um iogurte grego. Quem sabe... É só para aproveitar a noite. O dia, amanhã, vou desperdiçá-lo a dormir.

Thursday, December 23, 2021

The Sound of Hapiness


Os maravilhosos anos 80... eu fui feliz nos anos 80... deixa ver... NÃO!! 

PS: adoro a poltrona amarela 💖

Monday, December 20, 2021

2007

 

O meu cabelo estava lindo. Como o tempo é ingrato... cruel.

Sunday, December 19, 2021

Friday, December 17, 2021

Natal em Berlim



Transcrevo da crónica de António Guerreiro no Público:

“Transportes em Berlim oferecem “bilhete canábis” para combater stress do Natal”

Diário de Notícias, 14/12/2021


«E assim ficámos a saber, por cá, que a direcção da empresa dos Transportes de Berlim está a oferecer aos passageiros bilhetes comestíveis com sabor a óleo de canábis. Um antigo presidente da câmara desta cidade, que também gostava de se exibir como muito sexy, definiu-a uma vez como “pobre mas sexy”. Foi um sucesso, não havia berlinense que não se sentisse orgulhoso dessa pobreza tão sedutora. Tradições de forte liberdade em muitos domínios, incluindo o sexual, não faltam a esta cidade, e este gostinho a canábis distribuído nos transportes públicos é uma prova disso. Mas a lição principal deste gesto é outra: o Natal, tal como existe, é uma corveia que faz sofrer, um obstáculo que é preciso ultrapassar, eventualmente com ajuda de fármacos. Quanto à consciência desta condição, um dia seremos todos berlinenses

https://www.publico.pt/2021/12/17/culturaipsilon/cronica/lingua-proprietarios-1988695, o sublinhado é me

https://www.noticiasaominuto.com/pais/1876901/luzes-de-natal-ja-iluminam-lisboa

Wednesday, December 15, 2021

Rogério Samora


As mortes podem ser tristes. Dizer que as mortes são tristes, assim, categoricamente, é falso. A morte está ligada à tristeza. Mas a morte de alguém em particular pode gerar em algumas pessoas apenas indiferença. Por isso a utilização de poder ser triste. Quando a pessoa deixa de existir, deixa de contar enquanto está viva, ao morrer acontece o quê? Nada. Claro que há aquele fenómeno de as pessoas serem muito boas e fazerem muita falta quando morrem. São só palavras. Os mortos deixam sempre um grande vazio. É mentira. Quem não existe em vida não pode deixar vazio nenhum. É da Física! 
Hoje morreu finalmente Rogério Samora. Depois de meses alheado do mundo, partiu definitivamente. E para mim esta é uma das mortes mais triste de que tenho memória e não apenas porque gosto dele como actor. É porque, como fui lendo, o pai dele, embora vivo, devido a doença não sabe que o seu filho morreu. Há depois um irmão de quem se começou por dizer que estava zangado com RS e não queria saber do seu estado. Depois foi dito que não seria assim, não se sabia era do seu paradeiro. E cheguei a ler que não se sabia se este irmão estaria vivo ou morto. Ou seja, se já é triste "não ter família" quando se está vivo, é mais triste não a ter quando se morreu. Mas há um primo, que não conheço, mas pelo qual sinto uma grande admiração. Um primo que foi presença assídua junto do seu familiar, não o deixando mais sozinho do que ele já estava, a dormir na cama do hospital. Há qualquer coisa de muito triste quando nos abandonam quando estamos doentes, mas quando estamos mortos... Haverá, claro, todos os colegas. E eles já se começaram a manifestar. Admiro-os. 
Um dia morreu uma colega minha, 46 anos, com mãe e pai, mas doentes, sem autonomia. Não havia mais ninguém de família. Então, foram os colegas que trataram de tudo. Inclusive arranjar um lar para os pais e um lar para o gato. Foram os colegas que decidiram que a urna não devia ficar aberta durante o velório e foram os colegas e os alunos que foram ao funeral e choraram na igreja. O choro, aliás, foi mais por parte dos alunos. Os professores choraram porque viram os alunos chorar. Foi uma coisa muito triste. Um morto abandonado é muito triste. Um bocado poético, também, e belo, até. 
Nesse dia, decidi que não queria ter funeral, nem velório, nem missa de corpo presente, nem nada. Já deixei as minhas colegas avisadas a esse respeito e já falei até com a minha mãe. Não fora a pandemia e já teria contactado a funerária que ficará responsável por mim. Mas não perderei muito mais tempo...
Quanto a Rogério Samora, terá o seu primo junto dele. E os colegas. E as homenagens de quem gosta dele. Eu gosto dele. E fiquei a gostar mais quando o senti meio abandonado em vida e meio abandonado agora...

Sunday, December 12, 2021

Requiem


Só por decorrer na Itália, este filme já valeria a pena. Mas mais que isso, que não é pouco, é um filme de encontros. Num mundo em que todos estão de partida, filmes assim lembram-nos de coisas de que vamos tendo pouca memória...

Monday, December 06, 2021

Pessoas Frontais

 



Run for your lives! 
Evitem sempre pessoas frontais! Essa praga. Vida longa aos hipócritas, àqueles que odeiam a nossa pessoa até dizer chega, mas falam connosco com um sorriso enorme (vide gato abaixo), e se desdobram em declarações de afecto. Tão queridos. Tenho uma ou duas pessoas que se dão assim comigo. Tão queridas. Não me chateiam, não me ignoram e tratam-me como se eu fosse uma deusa do olimpo. Nas minhas costas, desancam-me furiosamente. Benza-os Deus, que nunca as línguas lhes doam. Eu também não os suporto e rio (vide gato). Já os frontais são tontos até ao infinito. Sempre maldispostos e predispostos a dizerem-nos umas verdades que ninguém lhes encomendou. Para além de nos desprezarem e nos ignorarem de forma olímpica. Cultivam o rancor e o silêncio obtuso. O silêncio ofendido. Porque é gente muito ofendediça. Uns vidrinhos. Por tudo e por nada, amarram o burrico. As bestas. Também há quem nos aprecie um bocadinho. Até talvez mais do que um bocadinho. Aturam-nos e cara alegre. Há de tudo, a bem dizer. Mas atentem nas minhas palavras e precatem-se: fujam dos frontais, construtores de muros, sempre prontos à lamúria e ao arremesso de grandes verdades ofendidas na direcção das nossas pasmadas fuças.  Fugi, irmãos, fugi...

Hi, guys

 


Merry Christmas! Am I not nice today? HoHoHoHo

Sunday, December 05, 2021

Suspension of desbelief 2



Marco António Villa. Adormeço a ouvi-lo e acordo a ouvi-lo. O Prof. Doutor M A Villa é um homem cultíssimo. Tem imensos livros escritos, no campo da História da Sociologia. Faz comentário político, tem um canal no YouTube e escreve nos jornais. Diz tudo o que lhe vem à cabeça, mas com classe. Tem um apurado sentido de humor. 
A primeira gargalhada da manhã foi quando o ouvi dizer que o Espírito Santo estava desmoralizado.... 😂. Ele ajuda-me a levar a vida. A próxima live dele espera-me para mais daqui a pouco. Agora ainda vou à Amazon ver as montras - sem querer, comprei 4 kg de madalenas para enviar para a minha mãe 😋, é o pai Natal. Depois vou ver um vídeo sobre perfumes caros e equivalentes muito mais baratos. Depois, oiço o Marco António. E, se tudo correr bem, durmo. 
Estranho, como a gente se apega a quem não conhece... embora eu sinta que o conheço desde sempre.

Friday, December 03, 2021

I spy with my little eye something beginning with a ....

 

À medida que me aproximava do malfadado edifício, vislumbrei algo. Que seria? Era assim uma coisa atrofiada, meio retorcida, meio aparvalhada. Mexia-se encostada a um muro, subitamente encolhida, com as costas ou algo parecido virado para a rua. O que seria? Um rato com hipertrofia das orelhas? O super-homem antes de vestir o pijama, o homem morcego, um morcego?? E a coisa foi deslizando para o escuro, como a proteger-se para não ser vista. Desandou. Escafedeu-se. E bem! E eu a caminhar na direção da coisa. E então vi. Era a madre abadessa, a chupar no seu caninho de nicotina, com as fuças no chão e o nariz a arranhar o muro. De que teria medo? Ou talvez vergonha das tristes figuras, das entradas de leão e das saídas de sendeiro. «Eu sou muito boa, não sou?» A lata!! «Eu nunca minto.» Pouco, acrescente-se!!. 

Ela aí está, a má rês. Vejamos em que picarescas aventuras é que se vai meter e meter os outros. A taralhoca! Quanto ao resto... parece que o karma existe mesmo. Eu não acredito muito nestas coisas. Aliás, nada. Mas que houve um retorno, houve. Neste caso. Oxalá o haja também noutros. Yes, this is a wish. 

My wish.

https://revistak7.com.br/post/unindo-cultura-pop-e-van-gog/culturapop-van-gogh-noite-estrelada-revistak7281029, consultado em 3 de dezembro, 2021

Thursday, December 02, 2021

Suspension of Desbelief

Eu gosto ou gostava de literatura surrealista, mas o surrealismo saiu das páginas da literatura e anda à solta na rua. Os negacionistas disto e daquilo, por exemplo. Há quem acredite mesmo que não há pandemia nenhuma e que isto é  tudo uma manobra para impor uma ditadura global.  Ou coisa que o valha. E que essa ditadura global tem a ver com pedófilos comunistas que querem apanhar criancinhas. Anda para aí gente aterrorizada com globalistas e comunistas, sem máscara, oferecendo os orifícios ao vírus, e clamando contra a ditadura. A ditadura? Parece que os nossos políticos querem impor-nos uma ditadura, tirando-nos a liberdade de nos divertirmos e nos esfregarmos uns nos outros, com o pretexto de que anda para aí um vírus. Que ninguém viu. Não anda para aí nada. É a gripe! E as vacinas? Transformam as pessoas em jacarés. Na Índia, vi eu uns homens de barba cobrirem-se de bosta de vaca, no combate ao vírus. Porque a ciência quer impingir-nos vacinas para se encher de dinheiro. Já a caca de vaca é grátis e cura. Disse-o um curandeiro. Por isso é verdade. No Brasil, um pastor evangélico não vai tão longe. Fica-se pelo feijão, que vende ao incauto rebanho, para o proteger da pandemia, não vá dar-se o caso de ela existir mesmo. Entretanto, anda para aí, também, uma pandemia de ressurreições. Admiradores de Trump rumaram a Dallas, onde esperaram pela ressurreição de John Kennedy. Depois de horas e horas de espera, alguns foram-se embora convencidos de que se enganaram na data. Mas outros parece que continuam lá, à espera dele. No Brasil, por sua vez, um pastor evangélico deixou disposições para que o seu corpo não fosse autopsiado ou tratado na funerária, porque ele ressuscitaria três dias após a sua morte e qualquer intervenção poderia levar à falência deste desiderato. Bem. Ele entretanto morreu e, como requerido, depositaram-no na urna intacto. Como após três dia não havia indícios de ressurreição, os agentes funerários levaram-no para o cemitério, seguidos de um vetusto cortejo que clamava pela manutenção do corpo até ao seu ressurgimento para a vida. Chegados junto à cova, os fiéis queriam que os coveiros abrissem o caixão. Mas os coveiros, que conhecem o conceito de decomposição, recusaram. Isto embora o pastor tivesse assegurado, em vida, que o seu corpo se manteria intacto e com bom odor. E foi ao som de «abram, abram, abram» que os coveiros desceram o caixão à cova. Acrescento que a funerária foi, entretanto, processada por não ter preparado o corpo. Enfim!

Ora eu, que pensava que todo o enredo de Tubarão 2000 era um disparate pegado - no bom sentido -, começo a rever conceitos. Vejamos, será assim tão estranho que uma seita, que pretendia abrir um lucrativo negócio de próteses penianas, tivesse colocado uma cerca eletrificada na zona onde os estudantes, durante a queima das fitas, iam fazer xixi, com o propósito de que os ditos estudantes ficassem com as pilas esturricadas e, claro, necessitados de uma reconstrução das flambeadas partes? Não me parece. Não me parece mesmo nada. 


https://ifunny.co/picture/qanon-supporters-gather-in-downtown-dallas-expecting-jfk-jr-to-9LmLUij39, em 2 de Novembro, 2021


Wednesday, December 01, 2021

O silêncio


Agora vem o Natal. A festa da família...

«Todas as famílias felizes são iguais. Já as famílias infelizes, são infelizes cada uma à sua maneira.»

Frase de abertura do mais grandioso romance de todos os tempos: Anna Karenina

Monday, November 15, 2021

Mamãe, quero bala!

O DN fez uma reportagem sobre o impacto da exposição pandémica, por parte das crianças, a youtubers brasileiros. Os pimpolhos, para horror dos pais - que aliás se horrorizam com tudo:  com as aulas online, com a disciplina de Cidadania, com os confinamentos, as zaragatoas, as vacinas, enfim, tudo -, para horror dos pais, repito, desataram a falar uma língua inexistente: o brasileiro! O brasileiro, senhores! A ignorância conhece sobretudo coisas que não existem, posto que têm horror à realidade. E o que é o brasileiro? Segundo as asininas criaturas, é a língua que se fala no Brasil, uma espécie de português cheio de erros e pronúncia assaz patusca. Alguns pais estão, inclusive, a levar a prole à terapia da fala, não vão as crianças ficar com lesões crónicas no aparelho fonador. Claro que uma professora de linguística, se não estou em erro, pôs o assunto em perspectiva, mas o que ficou foi o horror, o choque e o pânico por parte dos progenitores. E, do outro lado do Atlântico, passo o lugar-comum, alguns youtubers atiraram-se ávidos às canelas dos portugueses e encheram-nos de nomes e reivindicações:

- Xenófobos

- O único país onde sofri de xenofobia e não foi pouca

- São uns preconceituosos

- Têm a mania que são os melhores. Uma tia minha, portuguesa, estava sempre a dizer, o nosso vinho é o melhor. Claro, bem pode gabar o vinho, não produzem mais nada....

- Eles é que falam mal o português

- Kkkkkkkkkk, tomem, colonização ao contrário

- Vamos mas é chamar brasileiro à nossa língua, e deixá-los a eles a falar português, para serem como os búlgaros. Ninguém mais fala a língua deles. Saem logo do mapa.

- Eles sabem de tudo o que se passa aqui, deve ser porque pensam « o Brasil é nosso, temos que ver o que lá se passa... »

- Uma professora de História que tive dizia sempre: fomos colonizados pelo país mais "fudido" da Europa

- Ainda se tem sido a Espanha, a Inglaterra ou a Holanda a descobrirem-nos

- Para eles, os brasileiros são putas, veados ou ladrões

- Devolvam o nosso ouro!!

- E o nosso ouro?

- Queremos o nosso ouro de volta!

- São uns antiquados

- Se os filhos falassem inglês já não se importavam 

etc., etc. Também houve quem tivesse falado de forma assisada e usado argumentos válidos. Mas isso agora não interessa nada, como dizia a outra.

O que é que eu penso? Compreendo que os pais corrijam os filhos, que são novos, e lhes expliquem que há duas normas de português, devendo eles aprender a norma europeia. Sem pânico! Deus sabe o que eu gosto de dizer que o X é muito "espaçoso",  e que me quer "tirar uma casquinha". Eu própria tirei uma casquinha a um colega afro, no mestrado, para lhe ensinar o que é tirar uma casquinha. Mais, é verdade que para muitos portugueses o "brasileiro" não é português correcto, o que me irrita solenemente.  É de uma ignorância linguística atroz. Mas daí a pintarem-nos como um povo xenófobo e que vê os brasileiros como pessoas de segunda ou, pior, como "putas, veados e ladrões"!!!! 

Resta-me dizer o que me disse uma vez um energúmeno: ponham mais tabaco naquilo que andam a fumar!!

E, para não deixar os créditos por mãos alheias, acrescento ainda o que se segue. Razão tinha Umberto Eco: a Internet veio dar voz aos tontinhos da aldeia. Ora, os tontinhos da aldeia deviam estar a fazer o seu espalhafato na tasca, enquanto apanham, pinguços que são, borracheiras épicas. Ou como dizem os lisboetas, enquanto apanham bubas. Grandes bubas!

Para os menos letrados, esclareço que buba é a forma curta de "bubadeira", segundo me explicaram.


imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7HOuPB-nXWPNdUHEDo93Pk4NioHuu3AzH7b_aEqWwKkJns8DreM3Jk-MTvItzQakDMGIvDCQVvRV1efj-gNxI3OnmHBoFS-_d3lpQGuJfsVrH6iYlI8hSrd0iqBhAx8LMoYGD/s700/depression.jpg

Bom dia, ...


 É desta forma que a indigência mental inicia os emails que dirige, claro, ao dia. Especialmente grave é que emails vindos de universidades o façam também. Na UBI, se me escreviam dos serviços administrativos, vinha o encantador bom dia, ou boa tarde, conforme. Quando vinha de outras instâncias, vinha o Dra. e, depois do doutoramento, o Doutora com todas as letras. Claro que os amantes do tu cá tu lá, categoria repelente na qual não me incluo, ficarão estarrecidos e enojados é com a utilização de títulos académicos. Tá bem, abelha!

 Mas este bom dia que me leva a escrever não é sequer dirigido a mim, é à direção de uma instituição, que mereceria outo respeito e formalidade. O conteúdo, como expectável, conduz com o bom dia: pobreza franciscana. 

Há uns tempos o Miguel Esteves Cardoso escrevia uma coisa também a este propósito. No caso, vindo de mestrandos ou doutorandos a pedir colaboração no preenchimento de inquéritos. E concluía que, com tal sem cerimónia, apetecia era mandar os ditos para aulas de decoro e polimento. As palavras são minhas.  De facto, como dizia Vasco Pulido Valente, o mundo está um lugar perigoso. 
 

Saturday, October 30, 2021

Fuga


A água, em fuga estrada abaixo, surpreendida e imóvel.
 

Chuva de Outono


 Ontem, no regresso a casa, a estrada parecia um rio. Foi a melhor parte do dia. Era noite, chovia e eu estava de regresso a casa...

Thursday, October 21, 2021

E. P.

 


Tão cedo desta vida...

Se os fantasmas existem, vem, no Natal, visitar quem não pode saber que partiste.


Sunday, October 17, 2021

Quatro Paredes

 


https://mentallyagile.com/blog/2018/10/2/suicide-unpacked


Friday, October 08, 2021

Mudar de vida

 





Talvez ainda me contactem para uma entrevista...

Tuesday, October 05, 2021

Monday, September 20, 2021

O pessimismo de Pondé...



  "Acreditar na educação é crer que com ela criamos novos seres humanos. Isso não acontece porque a maioria de nós professores, como todo mundo, ganha menos do que queria, é mais infeliz do que esperava, é mais sozinho do que sonhava, é muito menos importante do que imaginava. Esse não costuma ser um perfil indicado para "criar novos seres humanos" porque nele facilmente brota o rancor, o fracasso, a inveja e, por isso mesmo, a mentira."

Luiz Felipe Pondé

https://www.youtube.com/post/UgyN4UB1XyIlBtdjT3B4AaABCQ 

Sunday, September 19, 2021

Vavá


Morreu Luís Gustavo, o Vavá. O Vavá de Sai de Baixo, que me acompanhou durante os dias da doença do meu pai. Tempos terríveis. E me acompanha diariamente nos meus dias depressivos e sem sentido à vista. O Vavá é e continuará sendo uma presença diária para mim. Faz parte dos meus amigos. Dos verdadeiros, daqueles que não nos viram as costas, porque não podem, claro. Ao grande actor Luís Gustavo, tenho a dizer que descanse em paz. Ao Vavá, digo até já, até amanhã. Até sempre.

Friday, September 17, 2021

Duas Anedotas

 


 


Dois piolhos...

estavam na cabeça de um careca. Diz um: «vamos sair daqui, que é muito escorregadio.» 


O Joãozinho...

chegou a casa todo molhado. Perguntou a mãe: «porque é que estás todo molhado?» Responde o Joãozinho: «porque estivemos a jogar aos cãezinhos, na escola.» Pergunta a mãe: «mas como é que te molhaste??». Diz o Joãozinho: «eu fiz de poste.»






Tuesday, September 14, 2021

Calor

 


Foi um dia de muita chuva. Tive de andar de um lado para o outro. Teste aqui, reunião ali. O pior é a gente, é o ter de funcionar com os outros. Dou por mim a falar muito alegre e descontraída, enquanto interiormente me pergunto: estás a rir de quê? Sei lá. É o hábito. 

Vesti a minha gabardina preta, linda, para me proteger da chuva. Mas não estava frio. E todo o dia senti um fresco desagradável que acontece quando se está parado, durante longuíssimos minutos - 90? - e se sente calor, mas não se pode tirar a roupa, porque o tempo está, como se costuma erradamente dizer, desagradável. Entretanto, acabou o dia, isto é, as obrigações, os compromissos. E cheguei a casa. Aproveitei para distender a cara. Estender, até, para apagar os vestígios de riso despropositado. Fui retornando à normalidade. Mas demorou tempo. Talvez porque fiquei a ponderar formas de acabar de vez com isto... Não ter mais necessidade de fazer de conta, de ouvir coisas sem sentido, coisas que me enervam, que me provocam indignação...  

Queria ter feito coisas, mas estava paralisada. E pensativa. Tornou-se tarde para tudo, excepto para ir para a cama, o sítio a que desejo voltar, desesperadamente, durante o dia todo. Finalmente cheguei. Para sentir o calor de que senti falta o dia inteiro, pus uma coberta branca e fofinha na minha cama. Ficou tudo muito lindo. Com sorte, conseguirei sintonizar pensamentos bons: todos os que me afastem da realidade. Oxalá!

Imagem: retirada algures de um jornal. É a fotografia, recente, de um casal que se protegeu da chuva debaixo do chapéu desta escultura admirável. Por vezes, olho para o espaço entre o braço forte e decidido de um homem e o seu casaco, um sítio quente e oculto, quase um túnel, e tenho vontade de entrar ali e ficar lá...

 

Monday, September 13, 2021

Setembro...

 


O nosso ano começa em setembro. «Bom ano!», «Igualmente, obrigada.». A cerveja já está guardada para algum dia feriado, ou algum dia de "quero lá saber". É mais dor de cabeça, menos dor de cabeça. Há que comer frutas e verduras, se bem que, como cortei com os doces - oh! -, tive que me "consolar" com fruta. Tirando umas uvas, que não eram nada más, as laranjas ou eram ácidas ou estavam secas. As ameixas moles, farinhentas ou sem qualquer sabor! As bananas, envolvi-as em papel alumínio, para retardar o amadurecimento e, quando fui abri-las, estavam cozidas. Minto: duas mumificaram e enegreceram. Estavam duríssimas. As cerejas, uma era boa e a outra era incomível. Foi uma luta insana para meter uma ou outra vitamina no organismo. Creio que incrementei as minhas rugas de expressão, devido à procissão de caretas provocadas pela infeliz ingestão  dos supracitados frutos.

 Para aligeirar a necessidade de bolachas - e que necessidade! - comprei palitos la reine. Ninguém em seu perfeito juízo tem vontade de enfardar um pacote inteiros de palitos. Mais rapidamente me atiro ao açucareiro munida de uma colher. Já de bolachas Milka... é melhor nem comentar. E os bolos de Tentugal? Mas por que razão é que eu comia a caixa inteira? Porquê seis de seguida, senhores? Tenho, sem dúvida, de praticar a frugalidade!


Ah! O momento alto do dia é o do iogurte, aí por volta da meia-noite... Need I say more?

Pimentos

 


Lindo! Fui eu que cortei.

Friday, September 10, 2021

Wicked Game


Wicked Game com Hauser... 

Wednesday, September 08, 2021

Duras Penas


 

JUIZ: levante-se o réu!

RÉU: Eu?

JUIZ: É o réu?

RÉU: Posso ser. Já que ninguém se levanta…

JUIZ: Como se declara?

RÉU: Em que sentido, meritíssimo?

JUIZ: Inocente ou culpado?

RÉU: Inocente!

ASSISTENTE: Mentira! Culpado e bem culpado. Forneceu-me todos os seus materiais de trabalho e está a fazer o trabalho que me pertence a mim e que eu não tenho nenhuma vontade de fazer. Disse! 

JUIZ: Isto é verdade, senhor réu?

RÉU: É. Eu dei-lhe tudo porque ele me pediu. 

JUIZ: Confessa, então.

RÉU: Isto confesso, mas…

ASSISTENTE: Pôs-se a ler aquilo que me cabia a mim, mas que eu não tinha vontade de ler, pondo assim a seriedade de tudo em causa. Eu até lhe disse que aquilo era tudo muito difícil e incompreensível, que ninguém conseguia compreender. Mas ele fez orelhas moucas.

RÉU: Aquilo não era difícil, o assistente é que não deve muito à inteligência. Ah! E foi ele TAMBÉM, repito, TAMBÉM que sugeriu que eu lesse. Só que quando ele viu que eu ia mesmo ler… aí começou a dizer que ninguém entendia. 

JUIZ: Que descaro! Olha como ele confessa o crime de que é acusado. Levante-se a sombra.

Sombra: Levantada e pronta, meritíssimo.

JUIZ: O que tem a dizer?

SOMBRA: Tenho a dizer que o réu é muito espaçoso, como dizem os brasileiros. Todo lampeiro e alapado na papelada, para fazer um belo relatório, digo eu, que nunca me engano.

ASSISTENTE: Precisamente. Não só ia começar a deslindar aquela maçada, como me ia obrigar a mim a mexer-me também. E a minha amada sombrinha… – com voz embargada – não adoeças, sombrinha, senão eu meto atestado.

Sombra: Oh... assistentezinho... assistentinho...

RÉU:  Mas o relatório tem só uma página.

JUIZ: Não quero diálogo e maricadas no tribunal. 

ASSISTENTE: Foi uma brincadeira. Ninguém acredita que eu ia adoecer.

RÉU: Desculpe, mas que raio está a dizer? Quem falou em doenças?

JUIZ: Caluda, meus senhores. Voltemos à vaca fria. Que mais fez?

RÉU: Quem, eu?

ASSISTENTE: Quem mais havia de ser? Sonso!

RÉU: Sonso é você!

 – Martelada forte perpetrada pelo juiz irado – 

RÉU: Aiiiii…

ASSISTENTE: Aiiiiiii

SOMBRA: Aiiiiiiiiii

 JUIZ: Aiiiiiiii

RÉU: Eu fiz tudo o que me tinha sido pedido para eu fazer. Isto é, fiz trabalho que não me pertencia. Que pelos vistos não pertencia a ninguém, aliás…

Assistente: Se você se fizesse de morto, ainda hoje estávamos no belo ripanço. 

RÉU: Mas já se tinha falado abundantemente de gastronomia e dietas…

ASSISTENTE: Esse falador de dietas e alimentos é outro abelhudo e incompetente que devia estar com os ossos no tribunal.

SOMBRA: E amigo do nosso inimigo, ainda por cima.

ASSISTENTE: O nosso inimigo que tem coisa com o Belzebu… sempre na converseta. E o réu também!

SOMBRA: Nem mais. Sempre na converseta com o nosso inimigo. Mas no outro dia rimo-nos todos do nosso inimigo. Até o réu…

RÉU: Culpado! Mas não me ri, sorri apenas.  Já o assistente até ia caindo da cadeira com a risota. Que grande brincalhão! Quem diria, tão santanário, tão simpático, tão falinhas-mansas e olha…

JUIZ: Ordem! O que fez com o inimigo?

RÉU: Nada.

ASSISTENTE: Mentira. Falou com ele, ajudou-o, cumprimentou-o, tratou-o como gente. Mesmo depois daquilo do mel… e da sua figura com um saco cheio de gelo.

SOMBRA: Ahahahahaah. Desculpe meritíssimo, mas o réu fez uma fraca figura, quando apareceu no sítio com um saco com gelo e não havia nada para congelar.

ASSISTENTE: Ahahahaahahah. Peço desculpa.

JUIZ: O réu falava com o inimigo? Como se atreve?

RÉU: mas se estamos todos no mesmo barco… somos uma tripulação.

ASSISTENTE: Até foi trabalhar para ele, o Belzebu, armado em grande intelectual. É como diz o outro, o poeta: pois se até tu tiraste o título! 

JUIZ: Não se desviem do assunto! Que título é esse?

ASSISTENTE: É o título académico.

JUIZ: Como assim?

ASSISTENTE:  Os títulos é que lhes dão a volta ao miolo. 

SOMBRA: É como eu sempre digo: sobe-lhes o título à cabeça.

JUIZ: Voltemos à vaca, ou melhor, ao boi.

RÉU: Boi?   

ASSISTENTE: Boi, sim, sempre a ruminar, sempre a ruminar.

RÉU: Mas eu só sigo ordens. Eu só cumpro metas… já que a assistente e a sombra só encanam a perna à rã, há que dizê-lo…

ASSISTENTE: Protesto, meritíssimo, também roçamos o traseiro pelas esquinas!! 

JUIZ: Peço ao réu que não insulte o assistente.

RÉU: Hein??

JUIZ: É verdade que leu toda a papelada?

RÉU: Mas nin…

JUIZ: Responda à pergunta, não tergiverse.

RÉU: Sim… ninguém mais ..

JUIZ: Cale-se!!

RÉU: LEU… leu… desculpe…leu.

JUIZ: É verdade que partilhou todos os seus materiais com o assistente e a sombra?

RÉU: Eles pediram…

- Martelada perpetrada pelo juiz irado -

RÉU: Aiiiiiiiiii… pediram…. SIM!

 ASSISTENTE: Aiiiiiiiiiiiiii desrespeito pelo tribunal…

SOMBRA: Aiiiiiiiii sempre armada em chapéu-de-sol sem

JUIZ: Aiiiiiii caluda!!!!!

SOMBRA: …varetas…. Caluda… caludinha…

JUIZ: É verdade que preparou a papinha toda para a assistente comer?

RÉU: É. Ela gosta DE COMER.

ASSISTENTE: Comer é viver!! Se não sabia, fica a saber. Mas eu não lhe pedi para me fazer a papa. 

RÉU: Pediu, sim. Pediu, sim. 

ASSISTENTE: Pedi, mas não era para você fazer… era para fazer de conta!

SOMBRA: Nem mais! Fazer de conta, seguindo o belo exemplo da nossa bela assistente, que, repito, que nunca faz nada. NADINHA! 

ASSISTENTE: Não te canses, sombrinha, olha teus pulmões…

JUIZ: Silêncio, meus senhores, silêncio. Deixem-me trabalhar! Deixem-me trabalhar!

RÉU: Faça de conta que trabalha, meritíssimo. Siga o exemplo da assistente, que nunca faz nada. NADINHA. A calaceira. 

JUIZ: Ah, então chama à assistente calaceira. Verdade?

RÉU: Verdade!

JUIZ: E você, é calaceira?

RÉU: Não, senhor juiz. Não sou!

JUIZ: Então confessa...

RÉU: Eu sou trabalhadeira… lhadora. 

JUIZ: Condenada! Fechada a audiência. Andor!

ASSISTENTE: Ganhámos, sombrinha. Deixa-me estreitar-te contra meu peito.

SOMBRA: Estreita… estreita.


imagem: https://wonderfulverse.tumblr.com/post/173926419463/zdzislaw-beksinski, em 8 de setembro, 2021


Sunday, September 05, 2021

REVENGE...


Filme Guilt. Um filme sobre vingança... 
Que bom deve ser pagar na mesma moeda... 
Naquele caso, quem diria, a idiota, bem mais burra do que eu imaginava, acabou por mostrar as suas verdadeiras cores. Quando a X falava em Karma, coisa em que não acredito, eu duvidava sempre. Pensava que a idiota era esperta e queria dividir para reinar. Não mexi um dedo. E aí está ela, em todo o seu esplendor de mau carácter, mau profissionalismo, má educação, grosseria, boçalidade. E burrice, senhores. Grandessíssima jumenta! 

Wednesday, September 01, 2021

O Regresso... Acabou o mês de Agosto!

 


A minha coisa preferida são as férias. Dentro das férias, a minha coisa favorita é acordar tarde, passar a tarde - o que resta dela - no meu quarto, com a cortina preta estrategicamente fechada, a ver filmes, ouvir palestras, etc., etc. De seguida, gosto de me deitar cedo e estar até tarde, noite dentro, a ler, escrever e ver coisas no YouTube. 

Proeza: não saí de casa uma única vez - tão bom! - a não ser de noite, para depositar o lixo nos contentores - tão mau! 

Parte desagradável: fiz limpezas, lavei paredes, reboquei mal e porcamente uma parede e pintei, também,  mas não tudo - nem um décimo do que devia. 

PS: sim, enfrasquei-me, mas a cerveja é sem álcool... com grande pena minha. Porém, dado que estive grande parte do tempo na horizontal, juntar álcool tornaria a verticalidade impossível. Pior: teria de rastejar em busca da bebida. E seria muito deprimente. Ora, a verdade é que a palavra deprimente não faz parte do meu vocabulário. Goes without saying!

Saturday, August 28, 2021

A Poesia das pequenas Coisas


 

Reuni uma dúzia de lemas enunciados por várias personalidades, que responderam ao Questionário de Proust. Eis:

1- Nunca desistir.


2- Dos fracos não reza a história!


3- O mesmo de Churchill: “Never give in, never give in, never, never, never, never—in nothing, great or small, large or petty—never give in except to convictions of honour and good sense. Never yield to force; never yield to the apparently overwhelming might of the enemy.”


4- Ama as rosas e desvaloriza os espinhos.


5- Não me levar demasiado a sério.


6- Serve, serve, serve e aprende, sempre e em todas as situações.


7- Viver com ética, fazer a diferença.


8- Vai correr bem …


9- "Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”.


10- Saúde e Fraternidade.


11- Nunca sejas irrevogável.


12- Uma frase de Gracie Allen diz tudo : “Nunca ponhas um ponto final onde Deus pôs uma vírgula”. Há sempre tanto, tanto para fazer!!!



           Que lesmas, senhores, que lesmas. Quer dizer, que lemas!!

Friday, August 27, 2021

O Questionário de Proust

 


No Verão, é hábito fazer o questionário de Proust a um conjunto “alargado de personalidades”,  que se desdobram em respostas assaz interessantes. Se a minha preguiça não fosse endémica, faria uma recolha de todas as respostas e personalidades e tiraria conclusões. Do que li, no site que coloco no final deste texto, Marcel Proust respondeu a este questionário, um «conjunto de perguntas de autoconhecimento», tendo o questionário passado a ser conhecido como Questionário de Proust.

Coloco o questionário e as resposta do escritor que procurou o tempo perdido... e coloco as minhas próprias respostas.

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Conheça as questões (e o que Proust respondeu para cada uma delas)

 

1- Qual o principal aspecto de sua personalidade?

 

“A necessidade de ser amado; mais precisamente, a necessidade de ser acarinhado e mimado, muito maior do que a de ser admirado”

A generosidade. Mas, pegando nas palavras de Proust, a necessidade de ser admirada, muito mais que ser amada ou mimada.

2- Qual sua qualidade favorita num homem?

 

“Qualidades masculinas e sinceridade na amizade”

A capacidade de estar ao lado (não em cima!!), de acompanhar, ser cúmplice.

3- Qual sua qualidade favorita numa mulher?

 

“Charmes femininos”

Que não aborreça de morte os outros com a narrativa da sua gravidez e parto. Quando as mulheres se põem a falar da sua experiência da maternidade, é de fugir.

4- O que mais aprecia nos amigos?

“Ter carinho por mim, se sua personalidade for incrível o suficiente para deixar seu carinho ainda mais valioso”

Ter carinho por mim. E  admiração. Eu gosto de deixar o outro banzado com as minhas proezas...

 

5- Qual seu principal defeito?

 

“Não saber e não conseguir ‘querer’ algo”

Não conseguir alcançar nada. Deixar tudo fugir...

6- Qual seu passatempo favorito?

 

“Amar”

Fechar-me no meu quarto e ler, escrever, ver filmes...

7- Qual sua noção de felicidade?

 

“Acho que ela não é incrível o suficiente. Não tenho coragem de revelá-la, tenho medo de destruí-la só por contá-la”.

Ser admirada. Hei-de ter, certamente, qualquer coisa admirável...

8- Qual sua noção de infelicidade?

 

“Não ter conhecido minha mãe ou minha avó”

A invisibilidade. A irrelevância. Ser esquecível.

9- Se você não fosse você mesmo, quem seria?

 

“Eu mesmo, que é quem as pessoas que me admiram gostariam que eu fosse”

Alguém que já morreu e, portanto, já não pensa em felicidade ou infelicidade. Alguém que já é ninguém.

10- Onde gostaria de morar?

 

“Num país onde certas coisas de que eu gostasse se tornariam realidade como num passe de mágica, e onde carinho sempre seria retribuído”.

Faço minhas as palavras de Proust.

11- Qual sua cor favorita?

 

“A beleza não está nas cores, mas na harmonia entre elas”.

O amarelo.

12- Qual seu escritor favorito?

 

“Atualmente, Anatole France e Pierre Loti”

Gabriel Garcia Marquez.

13- Qual seu poeta favorito?

 

“Baudelaire e Alfred de Vigny”

Não gosto de poesia. Gosto apenas de alguns poemas.

14- Qual seu herói favorito na ficção?

 

“Hamlet”

Mr Darcy?

15- Qual sua heroína favorita na ficção?

 

“Berenice”

Jane Eyre?

16- Quais seus pintores e compositores favoritos?

 

“Leonardo da Vinci, Rembrandt, Beethoven, Wagner e Schumann”

Zdzisław Beksiński; Béla Bartók, György Ligeti.

17- Quais seus heróis na vida real?

 

“Sr. Darlu e sr. Boutroux”

Aqueles que partilham os meus gostos no YouTube,  com os quais falo e dos quais necessito. Os meus amigos.

18- Qual sua figura feminina favorita na história?

 

“Cleópatra”

A mulher anónima, ao longo da História, que contribuiu muito para o seu tempo, mas que ninguém viu. Ninguém se deu sequer conta da sua existência.

19- Quais seus nomes favoritos?

 

“Só tenho um por vez”

Hein?

20- O que você mais odeia?

 

“O que é ruim em mim”

A ingratidão.

21- Quais as figuras históricas que você mais odeia?

 

“Não sou instruído o suficiente para responder”

Faço minhas as palavras de Proust.  Porém, o que não falta hoje são figuras odiosas que ficarão na História.

22- Qual o evento militar que você mais admira?

 

“Meu serviço militar!”

Houve há pouco um evento militar que eu admirei, digamos, porque confundi com um desfile carnavalesco... mas com muito mais fumo e carros alegóricos mais decrépitos...

23- Qual o talento natural que você gostaria de ter?

 

“Força de vontade e capacidade de sedução”

Faço minhas as palavras de Proust.

24- Como você gostaria de morrer?

 

“Evoluído e amado”

De repente. Sem sentir. Não acordar.

 

25- Qual é seu estado mental atual?

 

“Entediado por ter pensado sobre mim mesmo para responder a essas perguntas”

Entediada, como é hábito.

26- Por qual defeito você tem menos tolerância?

 

“Aqueles que compreendo”

Volubilidade. O chamado catavento. A toxicidade humana.

27- Qual seu lema favorito?

 

“Eu deveria ter medo demais para me causar desgraças”

Já que não podes com eles, mantem-te o mais distante possível.

 

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-questionario-proust/, consultado em 27 de Agoato, 2021

Wednesday, August 18, 2021

Perfection is...


Ser perseguida num cemitério... 

Tuesday, August 17, 2021

Resumo

 


Exactamente! Mas, mais que um resumo, isto é já uma interpretação. 
De facto, o filme começa em Paris. Um arquitecto de renome, após dar uma conferência, apanha um táxi, para se dirigir para o aeroporto. Chove. Paris está linda, num fim de tarde de chuva. Aparece então   uma rapariga jovem, que bate na janela do carro e lhe pede que a deixe ir com ele para o aeroporto, também, porque já não há mais táxis disponíveis. E ele, elegante, discretamente belo e educado, deixa-a entrar...

- O que aconteceu aos gatos?



 - Morreram todos, sem deixar descendência...

- Ah!


O Inimigo Perfeito

 


The Perfect Enemy. Em inglês, este inimigo pode ser uma inimiga. A palavra não tem género. Em português, contudo, o masculino engloba frequentemente o feminino. Dizer tenho dois irmãos, não quer dizer que sejam os dois homens, mas um é, de certeza. Os meus tios, o casal, incluem também a minha tia. Em português, os meus pais incluem a minha mãe. Etc. O inglês é especialmente eficaz no que toca ao mistério, ao suspense. The enemy? Quem será?


The Perfect Enemy

Depois de dias e dias a evitar filmes que não fossem de mero entretenimento, encontro um filme que não se percebe de imediato que é um filme excepcional. E, quando se percebe, já não se consegue voltar atrás. E é assim que, sem querer, mas sem querer mesmo, encontro um dos melhores filmes da minha vida. Um thriller psicológico. Mais, com uma incursão pelo Cemitério do Père Lachaise, duma beleza quase sobrenatural. 




 

Wednesday, August 11, 2021

A Noite


 Reflection.

A fotografia que venceu um prémio na categoria Noite, segundo o Público.

Viagens - o quarto dos escorpiões (e meu)


 

Monday, August 09, 2021

Pessegueiros à beira da estrada


 Termas de Monfortinho

Cautela: não aconselhável antes de dormir


 Eis!!

PS: a refrescar, antes da visita ao cemitério.

Sunday, August 08, 2021

A Vela


 Aliás, a vela, os fósforos e a vela elétrica...

Nossa Senhora da Saúde - 8 de Agosto


Termas de Monfortinho, festa de Agosto em honra de Nossa Senhora da Saúde. Na ausência de festa, devido à pandemia, levaram Nossa Senhora pelas ruas da aldeia, que se preparou com colchas e velas, para a receber.

Coisas de aldeia!!

 

Wednesday, August 04, 2021

Comunicar

 


Hoje, o Miguel Esteves Cardoso dizia, na sua crónica do Público, que a Internet é a Enciclopédia Britânica dos ignorantes. Compreendo o que ele quer dizer e concordo com o que ele quer dizer totalmente. Isto surge após um ignorante com idade para ser neto dele o corrigir, com base no que viu na Internet. Ou seja, o MEC, que é doutorado e cultíssimo, é corrigido por um miúdo do secundário, se tanto, porque se informou na Internet. O problema que se coloca é o da consulta de fontes por parte de quem não possui ferramentas para separar o trigo do joio, nem conhecimentos para fazer a destrinça entre o essencial e o acessório. Pior, acrescento, professores há que, na correção de trabalhos, não conseguem detectar cópias da Internet. E, se conseguem, agem como se não conseguissem. A Madre Abadessa, por exemplo, é perita em validar competências à Wikipedia. Mais: fica muito maçada porque há quem, em vez de validar tudo o que lhe põem à frente, se recusa determinantemente a fazê-lo. That would be the day! 

- «Porque é que não aproveitas o que está no portefólio?»
- «PORQUE NÃO HÁ LÁ NADA QUE SE APROVEITE!!!!!»

Adiante. Dito isto, ou melhor, aquilo, é claro que a Internet não é de todo a enciclopédia britânica dos ignorantes, excepto para os ignorantes propriamente ditos. Aliás, as escolas, que andam tão preocupadas com a literacia digital - aceder a plataformas, usar as ferramentas das plataformas, fazer e trabalhar com materiais interactivos, etc. -, sem pensarem, por vezes, na mais-valia real de certas ferramentas, deveriam pensar em fornecer ferramentas linguísticas e outras para usar "os conteúdos" disponibilizados na Internet. Para não falar da necessidade de fazer uma desintoxicação do chamado embasbacamento digital. É que há gente permanentemente de queixos caídos perante as maravilhas da inovação tecnológica. Os viciados em plataformas então... Deus nos guarde! Está na plataforma, logo existe!

Mas eu quero dizer apenas uma palavra acerca daquela ideia feita de que a tecnologia diminui o contacto entre as pessoas, entre as famílias, entre os amigos e afins. E eu digo: que bom! Da minha experiência, o contacto entre certas famílias já deixava muito a desejar. Olha, eu, uma das vezes em que tentei contactar um familiar de viva voz, fui corrida. AHAHAHAHAHAHAHAH! E que corrida. Digna de uma medalha olímpica. Graças à Internet, tenho, pela primeira vez, uma quantidade enorme de amigos. Virtuais, claro. Perfeitos. Não quero outros. Há três ou quatro anos, vi um filme que adorei. Adorei. Mas nunca pude trocar uma palavra sobre ele com ninguém. Ainda falei com os meus formandos, mas eles não conheciam o filme. E, de repente, há alguém que fala desse filme, que tem o mesmo fascínio que eu por ele e com o qual posso trocar umas palavras. Gostei!!

A Internet impede a comunicação? Para mim, a Internet permite-me comunicar de uma forma que eu gosto. Que me conforta. Tenho encontrado nos comentários a filmes imensas pessoas incríveis, que fazem leituras interessantíssimas daquilo que viram ou que, simplesmente, aproveitam para falar delas, daquilo que as aflige. E ninguém faz comentários maldosos. Há quem responda com palavras de apoio. Há quem diga: olá amigos, bom filme para todos.  Falta de comunicação? A comunicação que interessa! 

 

Monday, August 02, 2021

Agosto, 2021


Hoje passei a tarde a recordar canções dos anos 70, 80 e ainda dos anos 90. Escolhi esta esta para colocar aqui. Ouvi 10cc - I'm Not In Love - YouTube . The Korgis - Everybody's Got To Learn Sometime (HQ) - YouTube. Há boas versões, mas esta é incomparável. 
A música é como uma banda sonora da nossa vida. Ouve-se um acorde, uma palavra, a voz que canta e vêm imagens até nós. Imagens de tempos passados, congelados no tempo. Hirtos. E lá estamos nós, no grande ontem, com tudo o que nos trouxe até aqui por viver. A dado momento, de repente, vi-me na aldeia, no tempo em que ela ainda estava como que no fim do mundo. Longe de tudo. Sem caminhos asfaltados. Tudo era terra amarelada. 
Estou no meio do caminho sentada numa cadeira de palha, daquelas que se usavam para estar junto à lareira, no inverno. Na cabeça, tenho uma coroa de papel forrado a prata e tenho ainda uma colcha  pelos ombros. Teria que idade? 13, 14 anos? Estava a fazer de rainha, claro, no meu trono de palha. Ali estou a anos - muitos - da pessoa que agora está aqui a escrever no teclado halo do meu computador. Naquele tempo, e naquele dia, tinha pessoas à minha volta. Ocupava o centro. Eu era a rainha não sei de quê. Aliás, eu raramente era a personagem principal do que quer que fosse. A não ser dos "filmes de acção". Levava, na escola, pancada de todos os que me quisessem bater. Eu não sabia defender-me. Ou não queria. Ficava parada. A apanhar. Foi assim até um dia um rapaz me ter arrancado, com as unhas de selvagem,  um "bife" da cara, na zona das têmporas. Nesse dia a minha mãe mexeu-se, que nunca mais ninguém se atrevesse a bater-me. Fiquei, então, sob a protecção do Rambo da escola: o que dava sova em todos e ganhava sempre. O João! Que nunca me bateu, diga-se. Ele era o terror do sítio, mas respeitava, pelos vistos, quem não se metia com ninguém: eu...
E fui sempre sendo periférica, pela vida fora. Aliás, a minha vida é uma grande caminhada para o deserto... Quem não pode, não consegue, desde os 27 anos, sentar-se a uma mesa e partilhar uma refeição, uma bebida, uma água, com quem quer que seja... 
Ainda ouvi outras músicas, claro. Mas fico por aqui. Big Love, de Lindsey Buckingham, não me traz nenhumas memórias. Tenho pena, por um lado, que assim seja. Queria recordar. Ou talvez não. É melhor não ...

Sunday, August 01, 2021

Wednesday, July 28, 2021

Primeiro Dia de Férias

 


Começou a contagem decrescente... 

Hoje, para além de ter estado ao telefone com a minha mãe seis vezes, a última das quais às dez da noite, aproveitei para ficar na minha cama. Vi filmes, li e fiquei no meu quartinho, devidamente resguardado do exterior através de cortinas pretas, sempre fechadas. Ficarei em modo quarto até ao Domingo. Depois, tenho coisas maçadoras para fazer. Tédio. Depois... depois logo se vê.