Monday, December 12, 2016

Normalidade


Está tudo bem, tudo no seu devido lugar. Bob Dylan recebeu o prémio, enviou o discurso e sentiu-se muito honrado: fez bem. Houve comparações com Shakespeare quanto à génese da sua obra, que este também não estaria preocupado em escrever Literatura. Pudera! Ainda não se falava em Literatura. Houve também referências à escrita que comenta a realidade, que é entendível por todos, etc., etc., ao contrário dos Literatos, aqueles à séria, os façanhudos, que deixam a realidade para os jornalistas e ... os cantores, e as telenovelas... e a Margarida Rebelo Pinto, etc..
Claro que estou a fazer uma série de misturas. Estou cansada, tenho desculpa. Depois, quem se preocupa hoje com  o rigor, quem se rala em chamar os bois pelos nomes? Quase ninguém. Pois se se perspectiva que "pós-verdade" possa ser a palavra do ano... Ah! António Guerreiro falava no outro dia em pós-literatura. Vejam só! Não entendi bem aquilo que ele quis dizer, e não irei investigar tão cedo, posto que se aproxima o Natal, a festa da pós-família.
Agradeço ao Nobel, contudo, o facto de me ter dado assunto para escrever este texto.  As últimas semanas têm sido demasiado típicas: violência verbal, psicológica e ignorância boçal. O normal. E eu não estou com disposição para escrever sobre a normalidade...

No comments: