Tuesday, March 25, 2008

É a vida


Era Agosto. O meu pai morreria em Setembro. Agosto é o mês das festas nas aldeias. O meu pai estava doente, vegetava...literalmente. Havia festa na aldeia: música, foguetes, agitação. Eu detesto festas e detestei esta particularmente. Nada podíamos fazer para impedir que a aparente alegria dos outros nos entrasse pela casa dentro. Do lado de cá da porta, esperava-se a morte e o barulho dos que viviam e tinham esperança era chocante. Insuportável. O barulho exterior mais não fazia que sublinhar o silêncio de quem já não tinha o que dizer. Ali estávamos apenas, esperando...
Assim acontece tantas outras vezes na vida. Estamos sós e queremos estar sós. Não queremos de todo saber do que é feita a vida dos que já nada nos dizem. Mas eles afadigam-se em fazer-nos chegar os ecos da imensa festa que é a sua vida. Ou parece ser. Porque não se limitam a viver? Porque é que querem um público? Eu estou a viver a minha própria festa. Não quero convidar ninguém para ela, menos ainda ser convidada em festa alheia. O mês de Agosto é longo, mas também tem um fim! Espero por ele!

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