Wednesday, October 31, 2018
Dia dos Mortos
Tia Maria, Avó Maria, Avó Soledade, Tio Bernardino, Tia Bé, Tio Jaime, Tio Ângelo.
Paizinho...
Sunday, October 28, 2018
M.I.R.I.A.M.
A "tempestade" vai passando. Já esqueci todos os planos feitos, as promessas de companheirismos: ida à Figueira da Foz, ida a Lisboa, ida a Sintra, a pintura… a pintura…
Eu irei sozinha. Eu farei tudo sozinha. Afinal, não sou boa companheira. Sou um empecilho: não posso ir a um restaurante, não posso beber um café na rua, comer um bolo, um gelado. Comigo, o trabalho é a dobrar. Não sou, definitivamente, pessoa para partilhar com os outros - passo a redundância - as horas felizes do dia.
As minhas horas felizes são na Internet, com gente que está comigo, mas não tem de "sofrer" o incómodo das minhas "peculiaridades".
A inscrição neste curso está feita. Começo a estudar na próxima semana. Na próxima semana, irei, também, começar a comprar as tintas e os pincéis, e o escadote, e o rolo e a fita isolante. Em Dezembro, irei fazendo as pinturas. Depois, conforme a vontade, irei à Figueira, a Sintra, a Lisboa. Não por esta ordem. Também quero ir a Coimbra: como se terá degradado o meu hotel? Tornarei a ficar no quarto com vista para as máquinas do ar condicionado ? :)
Há pastéis de Tentúgal na Briosa… É o que interessa.
Entretanto, 6ª feira, com o risco de falência, de andar a pão e água, durante uns tempos, terei o perfume que ando para comprar há anos. Está feito. Se não morrer antes, no Sábado que vem, o meu dia preferido, estarei perfumada daqui até à lua.
Hora de dormir!
Friday, October 26, 2018
Os Beijos Dos Avós
Estalou uma polémica (?) algo grotesca em torno de umas declarações/teorias sobre educação e violência sobre o corpo da autoria ou coautoria, sei lá, de um professor doutor universitário.
Alertada para a vetusta polémica, procurei o vídeo no YouTube e vi o que passo a descrever: um jovem, ou talvez não muito jovem, pelos vistos um intelectual, ou talvez não, também, enfim, um ser do sexo/género masculino no Prós e Contras - sobre o me too -, levanta-se, muito lampeiro, e diz que obrigar as crianças a dar um beijo ao "avozinho" ou à "avozinha" é uma violência, etc. . A moderadora diz-lhe, e bem, que não percebeu. E o dito intelectual, que até cita Foucault, reitera, mais lampeiro ainda, que o beijo aos avós é uma violência e que mais tarde os jovens andam a espreitar, se não me engano, os telemóveis uns dos outros. Pior, numa turma dele, de 40 alunos, todos dizem que os homens só violam porque não se conseguem controlar! Vejamos o raciocínio:
Fases da vida: infância; adolescência; idade mais ou menos adulta.
Comportamentos desviantes e atentatórios sobre o corpo, segundo as fases da vida: infância/beijos nos avós; adolescência/devassa aos telemóveis; pós-adolescência/violações potenciais por falta de controlo.
Daquilo que ouvi do douto professor, nada se aproveita. Pessoalmente, ao contrário de muitos que viram nas declarações, entre muitas outras coisas, um ataque à família e aos valores tradicionais, vi foi um ataque à lógica, à instituição universitária e à seriedade das chamadas ciências sociais. Estas parece que, cada vez mais, se preocupam com questiúnculas que as expõem ao ridículo e ao descrédito. Mais: a atitude (lampeira) com que o prof. iniciou a sua deriva lunática deixou bem claro que ele está habituado - e gosta - a proferir enormidades para deixar as plateias boquiabertas. Uma espécie de rebelde sem causa - e sem efeito propriamente dito. O tom, a forma como pronunciou as palavras avozinho e avozinha - note-se o diminutivo -, foi de provocação, mas uma provocação que espera aplauso e embasbacamento. Enganou-se. Tirando defesas pontuais, como a de Manuela Moura Guedes, e outras que pelos vistos são de amigos, caiu-lhe em cima uma caterva de insultos à boa velha maneira da Internet: o costume. Houve também quem, não concordando com as declarações, se mostrou incomodado com a devassa aos hábitos do professor e da sua orientação sexual e, também, com a qualidade rasca dos insultos. Eu confesso que não tive pena nenhuma! E porquê?
Detesto beijos! Detesto! Quando pequenina, a minha mãe diz que eu pedia para ela me lavar a cara quando vinha da aldeia, depois de ter sido beijada por toda a parentela (que Deus a tenha! Obrigada pelos beijos que me deram). Não gosto de cumprimentos de espécie nenhuma. Os apertos-de-mão são autênticos pesadelos. Para mim, as palavras bastam. Mas claro, apesar de me manter sozinha todo o tempo que posso, assim que estou com os outros não tenho outro remédio que não seja aguentar-lhes os beijos. Mas eu compreendo que cumprimentar é uma forma de dizer: somos amigos; estamos juntos; és bem-vinda; és das nossas. Não vejo o gesto como um abuso sobre o meu corpo. Afinal, os beijos de circunstância vêm da parte de pessoas que gostam mesmo de mim, ou que querem mostrar que eu sou bem-vinda. No consultório dentário, por exemplo, sou beijada desde que entro até que saio: a assistente, a dentista, o dentista. Penso que a vontade que têm em beijar-me será muito parecida à minha própria vontade. Mas é um gesto de inclusão, de me pôr à vontade. Não é uma violência. Violência são os modos circunspectos do meu oftalmologista: mas eu gosto dele! Ou seja, ninguém gosta menos de beijos que eu, mas, quando vindos das pessoas que conhecemos e com quem convivemos, são gestos de amizade, de entrega, de pertença. A propósito, esta semana, uma colega, como forma de se desculpar por algo que me fez, vem direita a mim e diz-me: Delinha, eu sei que não gosta de beijos, mas vou dar-lhe um beijinho na mesma e pedir-lhe desculpa. E a coisa foi ultrapassada. Mas não vou deter-me mais em beijos. Vou para a questão da família e dos avós.
Nada me poderia interessar menos do que a desagregação da família "tradicional" (de que tradição falamos?) e seus "valores". A família é como o pai Natal: só existe quando somos pequeninos. Claro que há famílias e famílias. Quando cheguei à idade da razão, dei-me conta de que a minha família, mais do que ser uma "família", tentava comportar-se como tal. Andava tudo fartíssimo de se aturar, mas tentando manter a ilusão de família: uns esforçavam-se mais do que outros, claro! Agora, nem se dão ao trabalho de fingir. Cada um na sua. Os valores da "interajuda", do apoio, do "nos maus momentos é que se conhecem os amigos", não são recíprocos. A ingratidão, o cuspir no prato em que se comeu, esses sim, são os "valores" que predominam. Felizmente não construí uma família. Mas pertenço a uma família: hélas! A caminho dos sessenta anos, dou-me conta de que pus, no centro da minha vida, os outros, não eu. Coloquei-me sempre em segundo lugar. Ajudei, como pude, quem necessitava da minha ajuda. Porém, quando eu precisei e pedi ajuda, só veio o nada. O nada não. Minto. Veio a indiferença e até o desprezo. Olhando para trás, vejo inclusive como a própria linguagem foi mudando: a escolha das palavras. À medida que se vislumbrava uma luz ao fundo do túnel, sendo eu cada vez mais dispensável, a atitude foi mudando. Assim que deixei de ser útil, só o silêncio. Mas não um silêncio qualquer. Não. Um silêncio enfadado. Uma raiva. Um ódio, até, que eu sinto ser alimentado. Intensificado. Do que dei, do que de bom fiz, de tudo, ficou apenas o incómodo… o "que maçada ter precisado desta fulana"...
E os avós. Conheci apenas as minhas avós. Delas tive tudo. Elas deram-me coisas. Deram-me beijos. Deram-me carinho. Foram as pessoas que mais gostaram de mim. A minha avó Maria, pouco dada a subtilezas, uma mulher da aldeia, inteligente, ativa, algo rude, mas cheia de alegria, apesar de todo o sofrimento - os filhos cegos, o marido… -, era afectuosa. Passei com ela muitas noites de riso. Muitos serões à lareira, a ouvir histórias. Quanto à avó Soledade, pequenina, frágil, mas muito ativa, muito sofredora também, foi a pessoa mais meiguinha que conheci em toda a minha vida. Vivi com ela muito tempo e em circunstâncias muito particulares. Ela deixou "coisas" para trás, para estar comigo. Ela, naquela altura das nossas vidas, pôs-me a mim no centro da vida dela. Pôs-se em segundo lugar para eu estar bem, para me proteger. Foi a única pessoa a pôr-me em primeiro lugar. Também tenho uma tia que me ajudou. Mas a conversa é sobre avós.
E é talvez porque as pessoas que eu acredito que gostaram de mim, verdadeiramente, foram as minhas avós, que eu não posso deixar de abominar a conversa insana daquele professor que, com as suas palavras e a sua falta de lógica, se atreveu a falar com desdém das pessoas que eu mais admiro: os avós. Delas, das minhas avós, os beijos são como no livro de não sei quem, que interessa?, que dizia, quando o seu amor o beijava: está a cobrir-me de mimosas… estou inundada de mimosas…
Saturday, October 20, 2018
Porquê?
Levantei-me cedo. Compromissos. Servi dois cafés a estranhos. Nunca estranhos tinham aceite a minha oferta de café. Improvisei uma coisa simpática, servida na entrada da minha casa.
Passei os olhos pelas notícias enquanto esperava pelos estranhos e depois, também. Depois da retirada dos estranhos. Senti as horas todas passarem, surpreendentemente lentas. Agora mesmo, estou à espera de sentir mais horas passar antes de ir para a cama, na esperança de ter vontade de fazer um lanchinho, de beber chá, qualquer coisa que ocupe as horas de forma densa.
No Público, li uma entrevista de António Lobo Antunes: “Quando é que eu fui feliz?”
Um comentador diz que não lhe interessa nem quer saber da infelicidade de ALA. ALA discorre sobre a vida, a dele, a sua infância, o seu gosto por estar com os “humildes”, com quem “aprendeu tanto”, e afirma que as “classes altas não lhe interessam” (cito de cor). Que falta de humildade! Quanto snobismo paternalista. Mas ele diz não ser snob. É! É, sim. E pode ser. Porque não seria?
ALA faz um género de escritor nostálgico, atormentado por qualquer coisa. Faz de sonso. Fala de um e de outro escritor: é um homem cheio de Literatura! Faz de conta que não se lembra dos seus livros e vai explicando os seus desconcertantes títulos: Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura.
Excelente! O título, claro. Penso, e se eu levasse esta entrevista para uma aula? Como os meus pupilos a achariam vomitiva!!!
Excelente! O título, claro. Penso, e se eu levasse esta entrevista para uma aula? Como os meus pupilos a achariam vomitiva!!!
Eu não acho. Eu, anos atrás, ficaria esmagada, quereria conhecer um homem assim: cheio de Literatura, de snobismo, de importância, de chá em pequenino, de berço de ouro. Diria: que homem interessante. Hoje não digo nada. Leio o que este homem diz e gosto de ler. Mas, depois, advém o esquecimento. Não fica nada. Foi um momento denso – tempo denso – que senti passar. Só isso.
Às tantas, Lobo Antunes, o António – eu, humilde, muito você cá, você lá, tio,com as classes altas – cita uma frase que gostaria ele de ter escrito:
Às tantas, Lobo Antunes, o António – eu, humilde, muito você cá, você lá, tio,com as classes altas – cita uma frase que gostaria ele de ter escrito:
“Não me sacudam que estou cheio de lágrimas.” (Louis Calaferte)
Alguém nos comentários acha a frase “brutal”. Eu tento achar qualquer coisa acerca da frase. Mas acho apenas que, tempos atrás, não longínquos, seria capaz de pedir, pelos mesmos motivos de Calaferte, para não me sacudirem. Agora é-me indiferente. Podem sacudir-me.
Encontrei uma nova série de vídeos no YouTube: tenho, portanto, um novo produto no meu kit de sobrevivência.
E ouvi música dos anos oitenta: quase me parece que fui feliz nos anos 80. É mentira. Mas estas canções levam-me no tempo e vejo-me nele, feliz. O pavilhão à noite. A piscina no escuro. O arvoredo. A bicicleta. A amoreira. O cão debaixo dela. Eu em cima. O meu amor dos cabelos compridos e dos olhos “como relâmpagos envoltos em veludo”.
A memória, como é um espaço pouco iluminado, torna tudo – quase – belo…
Monday, October 15, 2018
Furacão
A ver tango. Assim passei os dias da tempestade, que pôs todos a zelar pelo bem-estar dos seus "entes queridos".
Hoje, falava-se dos telefonemas inquietos. Ainda tive, eu também, de sossegar a inquietude da minha mãe. Pessoalmente, ninguém se preocupou com os danos que o furacão poderia causar-me. Felizmente, na Covilhã, a tempestade foi meiga: muito vento e muita chuva. Mas tudo muito breve.
Como pensei viajar a tempos felizes, através da música, acabei por encontrar novas viagens, que nunca tinha feito. Aliás, alguns destinos eram totalmente desconhecidos para mim. Santa Maria Del Buen Ayre, por exemplo. Passei aí muito tempo, hipnotizada, enquanto os que se amam usavam os telemóveis para ouvirem a voz dos seus e sossegarem, e enquanto a tempestade bramia, derrubava, destruía…
Foram os dias do furacão.
Saturday, October 13, 2018
Friday, October 12, 2018
When you fall...
You can't go on thinking nothing's wrong Who's gonna drive you home tonight? You know you can't go on thinking nothing's wrong Who's gonna drive you home tonight?
https://www.youtube.com/watch?v=xuZA6qiJVfU
Monday, October 08, 2018
Noite fria
A noite arrefeceu. Na cama, já não basta o lençol. O casaco leve já tem de se colocar ao final da tarde. O tirar a roupa já arrepia. O Outono está a chegar. Ainda não vi folhas no chão. Nem árvores na sua metamorfose para espectros. Em breve tudo isto chegará.
Ontem o vento foi forte e bom. Não tarda, chega a chuva. Incómoda, quando o caminho está previamente definido. Bela e boa, quando o dia acaba e somos livres…
imagem: https://www.elo7.com.br/mini-tela-noite-fria/dp/AA2395, consultado 9 Outubro, 2018
Saturday, October 06, 2018
6 de Outubro
Também aí estive, discretamente…
Alegria. Felicidade.
Imagem: https://www.dhgate.com/store/product/palette-knife-paintings-by-leonid-afremov/408495868.html, consultado em 6 de Outubro, 2018
Thursday, October 04, 2018
Pessoas Sem Qualidades
Como elas gostam de prometer e não pagar. Falham sempre. Sempre! Não fazem nada daquilo que dizem. Cataventos. Hoje estão assim e amanhã estão de outra maneira. Em comum, o de todos os dias: enganar, mentir, levar a água ao moinho delas, nada fazer, fazer de conta. Elas, a do costume e a outra, a que não se enxerga, a que pensa ser boa, boa, justiceira. É uma pobre bacoca que anda no mundo aos gambozinos. Não há como dizer à sujeita que os gambozinos não existem: escusado! Deixo aqui a definição de gambozino, não vá haver outros pobres tontos, que tenham necessidade de saber que os gramozilhos não existem.
.
Animal imaginário, para a pesca ou caça do qual se convida uma pessoa considerada ingénua que se pretende enganar. (Mais usado no plural.)
=
GRAMONILHO, GRAMOZILHO
"gambozino", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/gambozino [consultado em 04-10-2018].
Nota acerca da definição supra: quem aqui se quer enganar é o próprio gambozineiro e de ingénuo não tem nada.
A do costume, que tonta, a autodenominar-se de forma tosca, para não se denominar de outra forma, para que os outros não a denominam por aquilo que ela é! Como é que eu ainda acredito que talvez as pessoas sem qualidades ainda estejam a tempo de as obter? Claro que isto não se aplica à que não se enxerga! Essa é irrecuperável. Essa gosta de se refastelar na sua virtude atacada, isto quando está lânguida, amarfanhada. Quando está acordada, rasga as vestes contra as injustiças do mundo. O mundo sou eu, leia-se, uma víbora, uma desbocada, que vivo só para a desconsiderar! E ela pensa que me castiga com a sua ausência…
A tarefeira acabou de abrir a boca para botar faladura. Já a fechou. É para disfarçar, para tentar fazer de conta que o que se passou não se passou.
Quanto ao outro, o da triste figura - ficam-lhe imensamente mal aquelas calças com que declama trovas! -, especializou-se em comunicar comigo para que eu me certifique que ele não tem nada para me dizer. Tipo: "Está lá?"; "Sim, quem fala?"; "Sou eu."; "Eu quem?"; "Eu!!". "Está bem, e o que deseja?"; "O que deseja??"; "Sim, eu não trata desconhecidos por tu."; "Mas sou EU!". "Ah, sim, EU, e o que… queres?"; "Nada. É só isto!".
Muito bem!
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