Monday, September 12, 2016

A primeira frase


A primeira página de um livro, o primeiro parágrafo, a primeira frase podem ser aquilo que nos leva a não o fechar e passar a outro. Aquele que agora estou a ler The House on the Moor, de Margaret Oliphant começa assim:

«In a gloomy room, looking out through one narrow window upon a moor, two young people together, and yet alone, consumed the dreary hours of a February afternoon.» (1861: loc. 136)

Nada mau! Sala sombria, janela estreita, duas pessoas juntas mas AINDA ASSIM sozinhas, numa tarde desolada de Fevereiro? Gosto.

Jane Eyre, o romance de Charlotte Brontë inicia com a seguinte frase:

« There was no possibility of taking a walk that day.» (1847: loc. 99).

Não é frase que anuncie a tempestade que se segue. Mas um romance, ainda que deste calibre, tem de começar de uma forma qualquer, mesmo esta.

Jane Austen começa de forma interessante o seu Pride and Prejudice:

« It is a truth universally acknowledged, that a single man in the possession of a good fortune, must be in want of a wife.» (2014: p. 3).

Já não é assim. Mas é engraçado como numa frase se sintetiza uma maneira de viver nesses tempos já remotos.

Agora, não há como superar, parece-me, a primeira frase do romance de Leo Tolstoy, Anna Karenina:

«Happy families are all alike; every unhappy family is unhappy in its own way.» (2014: p. 2)

"Todas as famílias felizes são iguais; as infelizes, são infelizes cada uma à sua maneira." Verdade!

 
Imagem: http://charivari.pt/2015/02/07/a-intermitencia-fotografica-entre-o-sonho-e-o-pesadelo/, consultado em 12 Setembro, 2016

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