Sunday, May 30, 2021
I am sorry, Sir, but I am unable to be of assistance in this matter.
Friday, May 28, 2021
Thursday, May 27, 2021
O Sentimento de Si
São 02:22 do dia 28 de Maio. Ainda estou acordada e vou continuar mais um bocadinho. Quando o dia acaba - o dia do ressoar daquela garganta, som ominoso e revoltante, e do repentino fechar de portas: o animal a marcar o terreno com os seus dejectos -, quando o dia acaba, dizia, chego a casa e tento retardar o momento de dormir, de perder a consciência de mim. São os momentos do dia em que tento provar que estou viva, que posso estar de olhos bem abertos, alerta, que posso movimentar-me e olhar em redor, porque não há aqui ninguém para além de mim.
Às vezes, penso como seria bom se houvesse um fantasma na minha casa. Há pessoas que desenvolvem grande cumplicidade com os seus fantasmas. O meu telemóvel antigo costuma iluminar-se a despropósito. Claro que é algo normal, mas às vezes penso que alguém está a tentar comunicar comigo. Por vezes digo-lhe: o que é? O que foi? Na semana passada, depois de apagar a luz, no escuro, portanto, já bem tarde, a luz do telemóvel acendeu-se e apagou-se duas vezes seguidas. E eu disse em voz muito alta, dado que estava tudo em silêncio: ESTÁ AÍ ALGUÉM? Não estava. Confesso que fiquei aliviada, porque seria estranho se ouvisse uma resposta. Mas também fiquei muito frustrada, porque não pude estranhar a existência de resposta...
Friday, May 21, 2021
Monday, May 17, 2021
Mas que maçada!
Há quem diga que quanto mais conhece as pessoas mais gosta se animais. Pessoalmente, cada vez mais gosto dos meus eletrodomésticos. São equipamentos muito úteis: lavam, secam, refrigeram, batem, misturam, aquecem, arrefecem, fazem café, fazem sumos, entretêm-me. E a minha cama elétrica? Só lhe falta falar. E o robô aspirador? Uma graça! Não aspira onde deve, passa mais tempo a trepar para as pernas das cadeiras, mas diverte-me. Claro que eu amo estas criaturas movidas a eletricidade. São minhas! São amáveis. São queridas. A burgessada enrustida, por comparação, mete asco, enoja, tresanda!
Burgessa, eu te detesto!!!!
Imagem: https://escrevercomo.wordpress.com/2013/05/27/o-tedio-como-experiencia-estetica/
Thursday, May 13, 2021
Wednesday, May 12, 2021
Godess on the mountain top...
Monday, May 10, 2021
Uma Rã na Frigideira
Sunday, May 09, 2021
Escola, eu te detesto!
Foi este o título da crónica de António Guerreiro há duas ou três semanas no Público. Nela, falava da brutalidade dos castigos físicos infligidos aos alunos durante a escola primária. Chega a sugerir que tais professores deveriam ser chamados a responder pela tortura que exerceram sobre os alunos. Para estes, a escola era um espaço hostil, de castigos, de humilhações, de reguadas, de medo. Alguém, nos comentários, entretanto, disse que hoje são os professores, muitos dos quais sobreviventes dessa escola do medo, a serem acossados e torturados. E logo apareceu alguém a dizer que os professores, como os capachos, têm aquilo que merecem: ser pisados.
É um dos muitos comentadores que se comprazem em apoucar de todas as formas os professores de hoje, e não perdem uma oportunidade de o fazer. Estão sempre de plantão. Como se fosse necessário! O que não falta é quem dentro e fora das portas da escola se encarregue de os maltratar com palavras, actos e omissões.
Pessoalmente, à minha escola primária digo: detesto-te! À escola secundária, industrial, a muitos professores que lá encontrei, digo: não conseguiste demover-me! Fui mais teimosa! Ao Liceu da Figueira da Foz, digo: estive muito perto de gostar de ti!
Quanto à "escola instituição" em que trabalho, às suas práticas, a cada dia mais desumanizadas, mais frias, mais cruéis, à "escola instituição" negacionista da violência escolar, só tenho a dizer: detesto-te, escola! Detesto-te até ao fim do mundo. Por comparação, a minha primária, a minha industrial e o meu liceu eram bons! Eu era feliz na escola que frequentei e não sabia. Por comparação, claro! A esta escola com e minúsculo, a escola dos números, das metas, das quotas, da vozearia, da falta de solidariedade, do salve-se quem puder, da violência, da imensa violência, eu digo com António Guerreiro, mas em maiúsculas: ESCOLA, EU TE DETESTO!
Nota: por que motivo não mudo de profissão, como perguntam alguns, que se julgam muito inteligentes por colocarem tal questão? Porque não posso! Porque a escola pode até destruir-me ou levar-me a destruir-me, por não conseguir aguentar nem mais um dia. Mas não morrerei de inanição, debaixo da ponte. Não enquanto continuar a receber o meu ordenado ao fim do mês. Perceberam senhores perguntadores?
Imagem: https://jornalacoplan.com.br/2020/09/09/pesquisa-revela-como-esta-a-saude-emocional-de-profissionais-da-educacao-basica-na-pandemia/