Quando li acerca deste livro, fiquei em dúvida se devia comprar. Um ensaio com laivos de romance? Foi o que percebi, e não me agradou. Ensaio é ensaio! Estou farta de abastardamentos de toda a ordem. Mas comprei, porque a história do livro e da leitura, organizada por Roger e Chartier, bem como os ensaios de dois investigadores portugueses, que agora não recordo, acerca do mesmo tema, não esgotaram, para mim, o assunto. Precisava de saber mais. E comprei, por isso, este livro tão premiado e tão recomendado, e bem!
A abordagem é, de facto, diferente. Irene Vallejo está sempre presente no livro, a reger as fontes, como se de uma orquestra se tratasse. O livro prende, como uma obra de ficção, porque surpreende. Mas, pessoalmente, aquilo que mais admiro é a erudição. Esta é a obra de uma investigadora cujo deslumbramento, na recolha de informação, está presente no livro de uma forma palpável. Tudo o que é dito traz esse lastro de prazer associado à descoberta. Por consequência, as palavras, as frases surgem como explosões de fogo de artifício. A autora sabe que tem uma boa história para nos contar e vai-se demorando em detalhes, que acrescentam, claro, mas atrasam a "matéria" principal. A autora sabe que todo o prazer está no antes, na expectativa e, assim, vai avançando em círculos, deixando-nos à espera do que vem a seguir. Para já, estou a adorar a história da Grande Biblioteca de Alexandria, bem como das façanhas de Alexandre o Grande.
Este é um livro para ler e tirar apontamentos. É assim que eu leio, com apontamentos, tudo aquilo de que gosto. E recomendo, claro!
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