Tuesday, September 19, 2017

Leon, The Professional




Hoje foi um dia muito longo. Estive sete horas seguidas no meu local de trabalho. Sem comer, claro! Já cheguei há uma hora. Já comi qualquer coisa, já bebi chá. Já deveria estar na cama. Mas não consigo esquecer o filme que descobri acidentalmente no YouTube, e que é um dos meus filmes preferidos. Talvez porque há muito não via ou lia nada que verdadeiramente me entusiasmasse. Com este filme foi diferente. Aliás, os comentários são unânimes: não há como não ficar fascinado.
Foi o que me aconteceu. Já há muito não me emocionava tanto com uma coisa boa. Habituei-me a andar anestesiada, a fazer as coisas de forma rotineira, mecânica, porque tem de ser, a fingir boa disposição, simpatia (eu tento, juro que tento, embora já me tenha esforçado mais), enfim… aquelas coisas indispensáveis à passagem pelo dia e pelos outros. Estava desabituada de me deixar levar por uma história, ou histórias, de deixar que todos os sentimentos viessem ao de cima. Não resisti à relação de afecto entre dois náufragos, um homem e uma menina, à  mistura de violência (muita) e ingenuidade. Não resisti sobretudo ao desempenho notável de todos os actores. Penso que a história por si só não se aguentaria sem Jean Reno – belíssimo, que eu não conhecia -, Natalie Portman – que só conhecia de nome - e Gary Oldman.
O filme durou mais de duas horas, durante as quais me foi impossível desviar os olhos do ecrã. Uma coisa mágica, hipnótica. Perto do fim, antecipando já o final, o espectador está a tentar conter-se, a tentar ser forte, a fazer tudo para não ceder mais ainda do aquilo que já cedeu, posto que está de rastos, com a respiração difícil, a garganta apertada, e então o que acontece, na última cena, na derradeira cena? Como se não bastasse o que se pode ver, começa a ouvir-se devagarinho, baixinho, e depois mais alto e mais nítido,  Shape of My Heart: a canção belíssima de Sting. Não há nada a fazer. É fechar os olhos e deixar acontecer. É exorcizar tudo. Lavar a alma, os olhos, exorcizar as pequenas mas terríveis histórias que nos derrubam todos os dias, apesar do tempo que passou.
Leon e Mathilda: inesquecíveis!

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