Tuesday, January 10, 2017

Dizer Adeus



Cerimónias fúnebres. De repente, a marcha fúnebre de Chopin começa a ouvir-se, como se brotasse das paredes do Mosteiro dos Jerónimos. Fui para o Youtube, para ouvir toda a marcha de Chopin, mas também de Mozart, e o Requiem de Ligeti. Aqui, alguém perguntava: conhecem outro compositor na linha de Ligeti? Alguém recomendou o Requiem de Krzysztof Penderecki: lindoooo!! E surge então também a marcha fúnebre de Luigi Cherubini - belíssima - e outras, que não tive tempo de ouvir. Claro que prefiro Chopin, logo a seguir a Ligetti. Alguém dizia que Ligetti exprime a dor intensa e sem remédio. De facto, chega a ser claustrofóbico, mas um claustrofóbico bom, libertador: ouve-se a mágoa do Requiem, enquanto a nossa fica apenas adormecida e diminuta por comparação.
Hoje continuaram as cerimónias fúnebres e, novamente, dos Jerónimos, fez-se ouvir uma voz belíssima interpretando superiormente um poema ou dois. Já tinha colocado o pó de arroz, pelo que tive de, rapidamente, secar as lágrimas bem na sua fonte, ali no canto dos olhos e desligar tudo, pegar na pasta e sair para o desconforto da rua fria.
Música e poesia e cavalos e flores e pessoas e palavras lindas e silêncio e Lisboa e os Jerónimos e o Cemitério dos Prazeres. Sábado poderei ver e ouvir tudo e conceder-me a prorrogativa de sentir. Os sábados são a parte boa da semana, a saída de um tempo que passou e que só continua na segunda-feira seguinte. São um tempo parado, antes do Domingo já carregado de presságios e angústias renovadas…

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