Friday, September 18, 2015
Saturday, September 05, 2015
Wednesday, September 02, 2015
Vou contar-te uma história
Esta noite dormi! Sei-o porque durante alguns momentos tive
um sonho daqueles que eu gosto. Não é difícil, eu gosto de todos. Excepto,
claro, daqueles em que há gente mesmo, à séria. Cruzes!!
Foi um bocado confuso, é verdade. Mas foi bom. Depois de uma
série de andanças sem nexo, eis que estou com um grupo de desconhecidos, em biquíni,
discutindo quem vai com quem para a água, tomar banho, logicamente. Estamos
pois, junto ao mar, ou ao rio, ou a uma lagoa, ou mesmo lago... posto que a
água que esta à nossa frente ora tem horizonte, ora não tem, ora é comprida, ora
é redonda. Desde que não fuja, penso, já não é mau. Bom, ponho os olhos num
moço bem constituído, mas… como se adivinha… quando chegou à minha vez já só
havia uma rapariga para emparceirar comigo! O moço avantajado, perdão, musculado,
tinha-se evaporado completamente! That’s the story of my life! Lá fui eu,
então, com a outra rapariga – sim, porque eu também era uma rapariga, toda
jeitosa, até - tomar banho, quando chegou a minha vez. Informação importante: naquele
mar, rio, lagoa, lago, era preso quem estivesse só ou com mais de uma pessoa na
água. Adiante. Metemos os pezinhos “no precioso líquido” – momento kitsch, “pardon!” – e verificámos que
mal nos cobria o peito do pé. Fomos então andando à procura de um lugar mais
fundo, para mergulharmos, mas os lugares fundos fugiam de nós de forma
espavorida e assaz irritante. É que nem os tornozelos conseguíamos molhar! Nisto, encontrámos uma quinta a boiar e
pedimos fruta ao fazendeiro, alemão, que disse que teria todo o gosto em falar
connosco. E eu disse: «Importa-se de gravar? Assim posso ouvir mais tarde.».
Ele ficou entusiasmado. Assim, lá ficou o senhor alemão debaixo de uma macieira
a gravar a conversa que estava a ter connosco, enquanto nós continuávamos à
procura de um sítio em que a água nos chegasse pelo menos aos joelhos. Acabada
a conversa, o senhor deu-nos as cassetes – que não eram poucas – dentro de um
saco de plástico, juntamente com uns biscoitos e umas peças de fruta.
Agradecemos profusamente. A minha parceira até se desequilibrou de tantas
vénias que fez, enquanto, embargada, dizia obrigada, obrigada. Porém,
colocou-se-nos logo um grave dilema: como íamos tomar banho, com o saco das oferendas?
Começámos, por isso, em busca de uma pedra onde pudéssemos colocar o incómodo
carrego. A minha colega, que tinha um pescoço anormalmente longo, tanto o
esticou que acabou por avistar ao longe – eu também avistei, aliás, apesar de
ter o pescoço curto – uma festa. Uma festa!! Era uma espécie de arraial, mas
também havia sardinha assada. Diz logo ela: «E se fossemos lá?». «Nem pensar.
Agora que a maré até está a encher…». E responde ela: «É que eu aproveitava e
fazia uma TAC.» Como com a saúde não se brinca, só lhe disse, «vai rápido, que
ainda me apanham aqui sozinha e me prendem. Ah, e vamos a terra colocar o raio
do saco que o estafermo do alemão se lembrou, em má hora, de nos oferecer.» E
lá fomos. Colocámos o saquinho junto de uma bicicleta que nos tinha saído numa
rifa e ela foi para a festa e eu procurar um sítio para mergulhar, com a
promessa de que em quinze minutos estaríamos ambas em terra para irmos… enfim,
para algum sítio. Estava a anoitecer e teríamos, certamente, alguém à nossa
espera e certamente, também, com alguma preocupação, não fossemos nós
afogar-nos naquelas águas profundas. Com tanta sorte, que apanhei uma leva de
água, de tal modo, que até fui de escorrega por ali abaixo, toda consolada.
Nisto, contudo, sinto o traseiro a derrapar em seco, por cima de umas pedras
lascadas, uma coisa horrível. Olhei, já era noite escura, e não se via água em
sítio algum. Só pedras e cascalho e restos de neve e uma ponte escura prestes a
desabar sobre a minha cabeça. Corri então para terra, com o traseiro a assar,
esperando que a minha companheira já estivesse pronta, também, para darmos
continuação ao nosso dia/noite. Primeiro contratempo: tinham-nos roubado tudo!
Segundo contratempo: a outra estava desaparecida. Chamei: «Palmiiiiiiiiiiiiiiiiira,
Palmiiiiiiiiiiiiiiiiiiiira, etc.». Nada. Lá fui sozinha - é a minha sina – pela
noite adiante e pela festa longínqua adiante, sob uma luz amarela e um cheiro
de sardinha assada de morrer… e chorar por mais.
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