Só me apetece deitar e dormir. Não fazer nada. Não pensar em nada.
Estou com o humor de quem acabou de ler que a lei da eutanásia foi vetada! Suas excelências tiveram dúvidas acerca da redação do diploma. Entre outras coisas, suscitou-lhes dúvidas o que seria "sofrimento intolerável"!!! Ele há gente com muita sorte.
Entretanto, ando há séculos a ser aliciada para funerais - o meu, certamente - e cremações. Perguntei a uma colega se tinha visto. Que não. Pois eu, é dia sim, dia não. Também me aparece frequentemente a indicação de que posso encontrar um parceiro no Fundão! Quão desesperada tem uma pessoa de estar para cogitar ir ao ataque para o Fundão. É um festival de burrice...
PS: sugiro que a lei da eutanásia seja redigida pelo autor destes anúncios, pois não me restam quaisquer dúvidas daquilo que eles querem dizer: aproveite agora... que os funerias estão a preços surpreendentes e siga logo para o crematório, pelas mesmas razões.
A semana que ontem se iniciou será pejada de tantas iniciativas "culturais", que a leitura vai levar da perna. Aliás, hoje, para além "daziniciativas", tinha dois webinares, porque um mal nunca vem só, e já tenho agendada mais uma reunião! Ora, como hoje já tenho a cabeça em água, depois da parte da gramática do eu, me, mi, comigo, etc., e como estive a tarde inteira agarrada ao computador, vou aproveitar para ler até aí às 11 da noite, altura em que, depois da passagem pelo duche, prevejo que esteja pronta para me agarrar novamente ao computador ....
Entretanto, como disse, vou ler. Literatura do nonsense, da ironia, do surrealismo. Enfim, Literatura de corte com a realidade imediata, de crítica, sim, mas sem agendas políticas, ideológicas e outras. Livros, merda, apenas livros, grandes livros. Cheios de som e de fúria. Significando NADA!!
Isto de tratar a Literatura como leitura do mundo, está a dar cabo da puta da literatura e do cabrão do mundo. E chateia, senhores!
PS: a propósito, o Paulo Guinote já começou a fazer o Index Politicamente Correcto da Cultura Portuguesa! :)
"Ou Travolta"nos
clássicos portugueses. Na semana passada, saiu uma notícia no Observador -
jornalzinho deprimente, só se safam as crónicas sobre literatura - acerca de
uma conferência nos EUA sobre Os Maias, em que
se apontava o racismo que permeia a obra. Desde logo, as associações
benignas em torno da branquitude e as negativas em torno da negritude. Os
comentadores do Observador, nacionalistas e negacionistas do Covid e, quiçá,
terraplanistas, atiraram-se às canelas da investigadora, espumando de fervor
queirosiano. Eu própria também espumei. Mas não sou negacionista, nem
terraplanista e só moderadamente nacionalista. Bom, hoje vem no Público a
notícia sobre o racismo nos Maias, segundo a professora universitária de
português e doutoranda de estudos "luso afro e creio que
brasileiros", nos EUA. Mais, vem a opinião de que Os Maias devem ter uma
nota pedagógica falando dessa faceta racista e - aqui é que eu fervo e espumo -
não se recomenda a proibição da leitura do romance. Deixa-me citar, que é melhor:
« “É um material para explorarmos
valores e comportamentos relacionados com a raça que existiam na época, mas que
continuam a se manifestar em vários aspectos da sociedade actual. Não vejo o
cancelamento de sua leitura como uma solução.”»
Ora bem, para além do
anacronismo, do ler uma obra do século XIX à luz das ideologias deste triste
século esquizofrénico, o que me põe de cabelos em pé é o desplante de sequer
conjeturar o cancelamento do livro. É que não sobrava livro nenhum! Ia tudo
para o galheiro. Os comentadores do
jornal Público, que são mais civilizados, apresentaram argumentos mais
sensatos, embora quase todos no sentido de defender o nosso Eça e os nossos
Maias. E eis que há até quem dê pistas sobre novas leituras:
«Espero com curiosidade que a investigadora
se debruce sobre o mérito e o racismo do Bocage e da "Ribeira" onde
ele enaltece épica e poeticamente o marsapo e as "Ações famosas do fodaz
Ribeiro, preto na cara, enorme no mangalho". Aqui sim, desde o título ao
último verso penso que há mais que abundante matéria para a investigadora e
dezenas de investigadoras descobrirem racismos em barda na sociedade portuguesa
anterior ao Eça que dariam para várias teses de doutoramento e agregação.»
No meio disto tudo, só o
adjectivo fodaz para me fazer rir.
https://www.publico.pt/2021/03/07/culturaipsilon/noticia/passagens-racistas-maias-justificam-nota-pedagogica-defende-investigadora-1953397?fbclid=IwAR0240juAu919yl-xRju1AoQpHIBb-GFf1yDNLZajGi5mhEhd46UdqFL0g4, consultado em 7 de março, 2021
Acabo o trabalho, vou desligar o computador e vejo esta notícia para me dispor bem depois de uma semana de merda.... e que nem foi das piores...
Criminosos, atrasados, ogres, obscurantistas, nojentos ... juiz indiano???? juiz????