Tuesday, December 31, 2019
Thursday, December 26, 2019
Siiiiiiiiiiiim?
- Sou eu...
- Ah, fulano de tal...
- Conheceste-me logo!
Não foi difícil, mas ele reage como se tivesse sido algo absolutamente extraordinário. Bem, já há muito que não falávamos. Aliás, que ele não falava e eu ouvia.
Pude perceber que a curiosidade dele acerca de mim é zero. Depois da terceira frase que ele ignorou e ficou a meio, desisti. Ainda disse uma frase, no entanto, em voz tão alta que ele não teve outro remédio senão ouvir. Todo o prédio deve ter ouvido, aliás. E, como habitualmente, ele falou e falou. Política, política, algoritmo de não sei quê, creio que sobre a felicidade, ou coisa do género, educação, ensino, política educativas - foi aqui que eu berrei a frase de grande efeito, com o intuito de o tirar do delírio teórico-abstrato do costume -, poemas escritos, súbita veia poética sobre o tema do universo ou da energia do universo ou coisa que o valha. E também muito name-dropping e, acrescento, book-dropping. Einstein para aqui e o não sei das quantas para ali. Sobre nós, só as doenças. Vá lá, não se falou do tempo. E, a propósito de doenças, como não poderia deixar de ser, alertou-me para todos os perigos da medicação que ando a tomar. E perguntou também se os médicos me alertaram… Enfim! Como se eu precisasse que me fizessem um desenho! Como se eu não soubesse ou não tivesse capacidade para me informar acerca de qualquer tema, mas qualquer tema mesmo. Nada de novo. Continua a achar-me uma idiota e a dizer-me condescendentemente que eu sou uma pessoa muito inteligente.
Faça eu o que fizer, estude eu o que estudar, nada tem retorno. Nada me é reconhecido. Passo pela vida das pessoas, e elas não vêem nem quem eu sou, nem o que eu faço a pensar nelas. Sou invisível. Não sou inócua, porém. Aborreço o meu semelhante com extrema facilidade...
Voltando ao telefonema. O meu bom amigo - que até é, verdadeiramente amigo, afinal foi com ele que contei em momentos maus da minha vida …, nos bons momentos é fácil ser bom moço... - ainda me deu alguns conselhos. Ele acha que eu ando à procura da felicidade. Meteu-se-lhe isto na cabeça! Não ando! Eu só quero que não me aborreçam. Não acredito em felicidade! Mas, como ele não tem pachorra para me ouvir, tira conclusões precipitadas e estapafúrdias. E, como se acha cheio de recursos de etiologias várias, exortou-me a fazer duas coisas: uma para me tratar dos problemas da alma e a outra para os problemas do corpo. A saber: ler o livro X sobre felicidade e ingerir diariamente 3g de salsa!
3 gramas de salsa. Para o que uma pessoa está guardada.
PS: a minha felicidade, digamos, está muito dependente dos presentes que passei a oferecer-me mensalmente. Ele criticou o liberalismo o capitalismo e o consumismo. Está bem abelha. Fosse eu capitalista e o meu consumismo seria bem mais liberal.
Wednesday, December 25, 2019
Monday, December 23, 2019
Sunday, December 22, 2019
Domínio Público, Paulo Castilho
Já não me lembrava deste livro. Recordo, agora, no entanto, que, depois de algum tédio inicial, dei boas gargalhadas quando menos esperava. Na altura, era obrigatório lê-lo. Felizmente. Digo isto porque, caso contrário, teria perdido bons momentos daqueles que só os livros nos podem proporcionar.
Vou ter de arranjar mais um projecto à séria, com pagamento de propinas e tudo, para ser obrigada a ler. Quantas coisas boas ficam por viver, pelo simples facto de nos entediarmos com um livro… ou com uma pessoa… ou com outra coisa qualquer.
Por exemplo, as pessoas que não me apreciam privam-se dos bons momentos que eu lhes poderia proporcionar. É verdade! Por muito que dê vontade de rir. Eu sou uma excelente companhia. Mais, como só tolero os outros a curtos intervalos, nem chego a maçar ninguém. Não faço visitas. E as que faço são curtas. Não me posso fazer convidada para almoços e jantares, posto que sou deficiente otorrínica. Isto é, não dou despesa. Para além disso, sou generosa e divertida - a sério -, em doses homeopáticas, o que faz com que as pessoas me "comam" e chorem por mais. Não falo em comer no sentido bíblico, obviamente. Nesse departamento deixo a desejar. Aliás, não quero nada com esse departamento. Mas, claro, como dizia Eça de Queirós, este país, e as suas gentes, acrescento, gostam de esfomear o génio. Por isso mesmo, génio que sou - é verdade -, ando com alguma fomeca. E acabo por aqui este aparte.
Volto ao livro. Que bom que é fazer notas. Assim, sei sempre como não me perder nas 402 páginas deste romance.
Curioso, assinalei algumas frases como interessantes, e agora não lhes acho interesse nenhum! E também não me apetece rir das frases engraçadas!
Ah, espera. Está aqui uma frase que me diz alguma coisa:
«Ficaram a sorrir uma para a outra e a medir o quanto tinham ficado a detestar-se logo no primeiro encontro - pareceu-me.» (Castilho, 2011: 341)
Ter-me-ei rido da palavra "espertalhufas"?
«(…) os mais distraídos ainda não repararam que estamos no século XXI e dizem frases como: não suporto espertalhufas.» (idem, 10)
Muito boa a página 51. Percebo agora a importância que teve este livro naquela altura. Não há dúvida. Dei todos os passos que tinha que dar. Li tudo o que se impunha ler. E, com este livro na mão, quase sinto o velho entusiasmo, a excitação, o prazer de descobrir coisas e sentir que essas mesmas coisas me levariam a novas descobertas. Tinha de me conter...
A imagem dos dias frenéticos, da secretária sempre cheia de papelada e livros. Por vezes, essa visão enchia-me de terrores e calafrios. Sentia uma impotência, um cansaço. Outras vezes, com as folhas a acumularem-se, repletas de frases, sentia que poderia continuar a escrever até ao fim dos tempos. E com prazer!
Vou dormir.
Merry Xmas!
Crime family! John.
Cacau, Rita, Adam, Nanda, Monique, Patti, Tammy, Chris, Phi, Gabriel, Jeffrey, Rui, Isamara, Verónica, Alice, Ricardo, Pedro, Miguel, Carlos, Karen, Vitória, Wesley, Luma, Gabi, Patricia, Nuno, Pedro, Vasco, Herman, Joana.
A todos os que me fizeram companhia e não me viraram as costas. Não podiam...
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