Surpreendeu-me a notícia da morte de Eduardo Beauté. E aquilo que eu própria senti. Foi como se o conhecesse. E não conhecia. Mas sabia do turbilhão que foi a sua vida desde que se separou do marido: a depressão, a mudança de imagem, a perda do seu salão de cabeleireiro, a publicação do livro de memórias, etc.. A depressão!
O Público e o Observador, dos quais sou assinante, dão conta da sua morte e dizem desconhecer-se, ainda, a causa. Permito-me especular.
«A depressão é a imperfeição do amor. Para sermos criaturas que amamos, temos de ser criaturas capazes de desesperar com o que perdemos, e a depressão é o mecanismo do desespero. Quando surge, degrada o indivíduo e acaba por eclipsar a capacidade de dar ou receber afecto. É a solidão dentro de nós que se manifesta e que destrói não só as nossas ligações aos outros como a capacidade de estarmos em paz com nós próprios.»
Solomon, Andrew, O Demónio da Depressão - Um Atlas da Doença, Lisboa, Quetzal Editores, 2016, p. 15
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