Wednesday, June 12, 2019

Do you speak English?



Não gosto da palavra bullying. Mas não me parece haver uma palavra portuguesa que englobe todas as nuances desta. Perseguição? Maus-tratos? Violência emocional? Bullying integra todos estes aspectos e soa a grosseria. Bull quer dizer touro. Há, assim, uma conexão à área da tauromaquia. Quando somos vítimas de bullying, estamos numa arena, vulneráveis, e há um "touro", isto é, uma criatura cornuda, diabólica ou simplesmente tosca, primitiva, que tenta atingir-nos como calha. Desde que nos atinja, de forma intencional ou não, a criatura quadrúpede e de longos cornos, disforme, fica feliz.
Hoje passei o dia na arena. Aliás, sinto-me na arena desde o natal de 2017. Um dia destes farei uma breve cronologia. Mas volto ao dia de hoje.
Donkey Shot/Sã Xupança investiu com toda a força da sua galhada. Espero que tenha a testa contundida. Bem contundida! Eu vou andando, nada que uma pomada não cure. Por pomada, leia-se o medicamento SOS que o médico me receitou e que se tornou de toma diária. Mas houve um episódio breve, inesperado, daqueles que são a triste confirmação daquilo em que se tornou a imagem, as representações em torno da figura do professor, essa grande cavalgadura. Não me refiro à besta semi-alcoolizada, que até estava bem sobriazinha, para variar, e que, como de costume, se referiu aos meus colegas pelo nome próprio. Há quem goste, eu abomino! Execro! Quanto ao episódio, passo a narrar.
Eu estava algures, no desempenho das minhas funções. A sessão tinha terminado e eu dirigia-me para a rua. Havia algum movimento junto da porta, que eu esperava que me fosse aberta tão rápido quanto possível. Finda a função, mal posso esperar para deixar aquela tralha toda para trás. Nisto, oiço alguém dizer: aqui está quem nos pode ajudar. Era eu a ajudante apontada. Vem então uma criatura que me conhece há muiiiiito tempo, que sabe quem eu sou, profissionalmente, claro, e me pergunta de maneira algo ansiosa e bem enfática (leia-se, não era uma brincadeira): sabe falar BEM inglês?  Eu encolhi os ombros. O que é que exigiria um conhecimento tão BOM da língua inglesa, naquele lugar e com aquela gente? Oiço então a que falou primeiro dizer: se é professora de inglês! Foi-me dito, de seguida, a frase que eu deveria traduzir. Não vou repeti-la, mas posso declarar que não se tratava de nenhum assunto relacionado com a Química dos Átomos Quentes ou com Física Quântica. Era uma trivialidade. Resolvi o assunto prontamente e sem gaguejar e saí finalmente para a rua. Com alívio. E humilhação.

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