Wednesday, December 19, 2012

Led Zeppelin - Kashmir (Stereo)



Homens de cabelo comprido! Coisa mai linda!

Friday, December 07, 2012

Se o ridículo matasse...



O ridículo, a brincadeira (!?) matam mesmo.
Aquela enfermeira, vítima de uma dupla que se fez passar pela rainha de Inglaterra e pelo Príncipe Carlos, para obter informação sobre a Princesa Kate, morreu. A notícia surpreende-me enquanto corrigia potfólios. Fiquie indignada... Já tinha pensado no que terá sentido esta enfermeira ao ver-se exposta nesta farsa grosseira e grotesca. Pelos vistos, sentiu-se suficientemente mal para se suicidar...
É esta gente brincalhona que dá má fama à liberdade de expressão, ou melhor, àquilo que entendem ser liberdade de expressão, pois do que se trata verdadeiramente é falta de escrúpulos e de consideração pelo outro.
Senhora Enfermeira, a senhora não merecia isto! A senhora merecia continuar a fazer o seu trabalho, dignamente, sem ser importunada por estes caça-notícias acéfalos.
...

Wednesday, December 05, 2012

2012 12 03 O grupo GPS TVI



Parece-me que o vídeo não está nas melhores condições, mas ouve-se bem. Aqui fica, como testemunho de que algo morre todos os dias: a vergonha, a decência, etc. O que já há muito tempo está morto é o respeito pelos professores. Por esses nem já os sinos dobram!

Wednesday, November 21, 2012

2001 Gy Ligeti Requiem



Cinco horas a corrigir trabalhos e a ouvir o Requiem de vários músicos e chego a este!!
E de repente... passou-me a náusea profunda da presença obtusa dos outros...
De futuro, quando vier do dia, do barulho, da presença insuportável dos outros, que são ninguém, já tenho um novo Alguém: Ligeti!
Já posso, agora, desligar o computador e começar a noite... aquela parte do dia que é eu e aqueles que eu amo. Sem a náusea, o nojo, a repulsa infinta do outro!
Hoje durmo com Ligeti...

Wednesday, November 14, 2012

O teu bife é maior que o meu!!




Gosto de ler Paulo Rangel no jornal Público. Confesso, até já tenho tirado notas! Hoje, porém, leio e releio o seu artigo "Precisamos de discursos de complexidade" e fico na dúvida se este é um exercício de 'colossal' ironia.
Esclareço: a crónica de PR pretende fazer uma reflexão sobre duas intervenções desastradas, de duas figuras públicas, na televisão. Uma, Isabel Jonet, a outra, Mouraz Lopes.
Resumidamente - o resumo é meu - Isabel Jonet disse que se deve comer menos bifes, ou, se quiserem, actualizou a história do " se o povo não tem pão que coma brioche", mas ao contrário! Já Mouraz Ferreira diz ALEGADAMENTE que os magistrados têm de ser bem pagos, para não cederem a pressões, ou coisa que o valha.
Ora, se bem percebi, segundo os comentadores de um certo quadrante, a formulação feita pelas duas figuras terá sido "infeliz", mas, para Paulo Rangel, essa infelicidade, não ofusca a sua substância, que  é da ordem do complexo.  Diz ele e cito: «Os discursos de Mouraz Lopes e de Isabel Jonet são palavras de complexidade, qualquer que seja o juízo que sobre eles venha a emitir-se.»  Bem, mas onde está então o busílis destas palavras de complexidade?  Como é que um discurso complexo (apesar de infeliz, não esquecer) gera uma reação tão adversa por parte de quem o ouviu ou ouviu dizer?  Vejam a explicação de PR: «A sociedade mediática e a esfera das redes sociais... empurram-nos ... para o simplismo da argumentação, para a boçalidade da expressão... para a tentação populista da deturpação do sentido e do contexto. » Quer dizer, quem ouviu não percebeu que o discurso era complexo. Quem ouviu é boçal e contagia de boçalidade mesmo aqueles que não são de todo boçais! E é a boçalidade promovida pelos meios de comunicação que leva os ignaros a nada ou pouco compreender ou, pior, a compreender mal discursos complexos de formulação infeliz.  Ou seja, a responsabilidade das infelizes , porém complexas, palavras foi não de quem falou, mas de quem ouviu.
Mas, pode perguntar-se e eu respondo, como defende PR a complexidade das palavras de Jonet e Lopes? Dizendo «que são discursos contra corrente ... e, por isso, obrigam o ouvinte a parar para pensar.» Ah! Um momento, apesar dos pesares, o ouvinte ouve (claro!) as infelizes declarações e pára para pensar, dada a sua complexidade. Acontece é que o ouvinte desatou a vituperar Jonet e Lopes. Pelos vistos, nem parou, nem pensou... muito. O ouvinte tratou, sim,  de dizer cobras e lagartos das prestigiadas figuras e pediu, peticionou, até, a demissão de Jonet do Banco Alimentar contra a Pobreza.
Vejamos. Pedir a demissão de Jonet do Banco Alimentar é dar uma importância ao infeliz discurso ( eu prefiro dizer ao discurso descuidado, não pensado, fútil, ligeiro, imponderado), importância essa que ele manifestamente não tem. Aquilo, o discurso, pareceu-me uma conversa de tias, a falar dos pobrezinhos, coitadinhos,  que se habituaram a comer pão com fiambre e estão renitentes a voltar ao pão com manteiga, ou mesmo sem manteiga.
Não vejo neste discurso complexidade nenhuma. Todos os dias oiço discursos deste jaez, para, por exemplo, apontar o dedo aos que recebem o rendimento mínimo, MAS têm a lata de beber café e comer bolos nas esplanadas. Oiço também este tipo de complexidade discursiva (!), todos os dias, em conversas com colegas, do tipo, « já viram os telemóveis desta gente, que mal tem para comer?». Ou mesmo discursos da complexidade de um «eles não querem trabalho, querem é emprego», ou «querem é o subsídio de desemprego, porque trabalhar faz calos». Ora, eu também penso que neste momento de crise é preciso ajustar comportamentos. Há cuidados a ter. Mas falar como se o ideal fosse EMPOBRECER, não só não me parece complexo,  como me parece, outrossim,  paradoxal. Precisamos de empobrecer? Precisamos de ficar pobres? Não!! Precisamos de distribuir melhor os recursos económicos, precisamos de mudar comportamentos de consumo, para fazer face ao momento de crise, tendo em vista um regresso ao DESENVOLVIMENTO e à RIQUEZA!  Não será? Depois, pergunto: as pessoas precisam que lhes digam para não consumir, porque não há dinheiro? Afinal o consumo não tem vindo em decréscimo acelerado? Quem precisa que Isabel Jonet lhes diga, « não podemos comer sempre bifes»? Jonet que continue a fazer o bom trabalho que tem feito no Banco Alimentar contra a Pobreza, mas que se abstenha de falar perante as câmaras sem se preparar devidamente ... é que, do outro lado,  a "boçalidade do ouvinte" espreita!
Quanto a Lopes, pelos vistos a solução de Jonet - de não comer bifes - não se aplica. Ao que parece, e para continuar com a imagética alimentar (clép!),  os magistrados têm de continuar a ter dinheiro para a mercearia gourmet, caso contrário, podem cair ALEGADAMENTE em tentação.  Eu acredito - de parva que sou - que a maior parte dos magistrados, tal como os outros trabalhadores, aguentarão alguma austeridade e continuarão a ser íntegros. Não consta que a abstinência de bife cause acessos de falta de honestidade. Pelo menos àqueles que são e sempre foram honestos!
Gostava de terminar com uma citação de um excelente artigo, sobre ideologia, publicado há algum tempo, também, no Público. Mas o meu kindle ficou sem bateria! Recordo, porém, que nele se dizia que há alternativas à austeridade. Há, por exemplo, uma melhor distribuição da riqueza, para que, acrescento, todos possam comer, apesar da diferença das ementas e da qualidade da baixela.
 A frugalidade, a que Jonet faz apelo, é algo a que os pobres estão habituados. É certo que estavam a começar a desabituar-se, mas ainda não lhe perderam o jeito... infelizmente! Eu pergunto é se aqueles para quem a palavra frugalidade é quase um sinónimo de comer com elegância ( o contrário da forma alarve que os "pobres" têm de se empanturrar) estão preparados  para deixar a sua zona de conforto, isto é:
1- voltar à casa dos pais, porque não se conseguem alimentar por si
2- emigrar, sem rumo, sem certezas, para conseguir arranjar um emprego qualquer
3- ir à sopa dos pobres
4- dar água aos filhos, quando estes pedem pão (acontece na Grécia)
5- ir para a cama com fome (acontece em Portugal)
6- usufruir do Banco Alimentar, etc.
São apenas exemplos. Não quero puxar ao "ai coitadinhos, que somos tão desgraçadinhos", claro! Mas, com roupas de marca, casa elegante, nome sonante, berço, as necessidades básicas e as não básicas, as simbólicas, de cultura, por exemplo, satisfeitas, é fácil ter um discurso de complexidade. Embora de complexidade não tenha nada, pelo contrário. É o discurso do costume, a ideia muito complexa do «cada macaco no seu galho»!

Nota:  quem se interessar pelo conceito de pensamento complexo pode ler A Introdução ao pensamento complexo de Edgar Morin

Wednesday, October 10, 2012

Depois das sinistras reuniões...



Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

(Roubado ao Umbigo do Paulo)
Lá estava eu, na reunião, com duas participações de faltas disciplinares. No "no passa nada", que se vive um pouco por todo o lado, na negação das coisas, no ver normalidade em tudo, tudo compreender, a tudo se adaptar, é patético reclamar... dizer eu não acho isto normal, isto não está bem... enfim, não me adapto. E não mesmo!

Imagem do blogue sorriso digital

Friday, October 05, 2012

Margarida Marante


Morreu Margarida Marante!

 
Confesso que não apreciava muito o seu estilo de jornalista. Depois, no entanto, toda a segurança arrogante cedeu lugar a uma fragilidade emocional que coincidiu com uma transformação do seu corpo. De repente, MM tornou-se vulnerável...amável. Vou ter saudade da Margarida Marante que assustava os políticos. E saudade da Margarida dos últimos tempos...tão humana, tão como todos nós em tantos momentos da nossa vida.
 Num país em que as mulheres são supostas obedecer e ficarem no seu lugar, Margarida não só não obedeceu, como fez o seu lugar. É a essa Margarida poderosa, mas também humana e frágil, que envio um abraço de eterna saudade e reconhecimento pela MULHER  que ela foi e...será sempre!

Thursday, October 04, 2012

O Curral das Bestas




O Curral das Bestas é um romance de Magnus Mills, que fala precisamente de um par de bestas que de tão besta acaba por construir um curral e ficar lá dentro. Depois veio a polícia e as bestas foram dentro. Isto porque, de tão bestas, até tinham, sem querer (atente-se na veracidade deste sem querer), por matar alguns sujeitos. Já se sabe que besta que é besta está sempre sujeita a fazer uma série de coisas, quer querendo, quer não. Etc.
Porém, as bestas de que falo são a quelas com que me deparo. Há dias, já largos, começo a presenciar um desfile colossal de bestas. Besta gorda (com celulite, até), besta magra... Enfim! E penso, será que isto é moda, agora? Até porque algumas bestas (digo-o sem maldade) me diziam que não viam nada de anormal. "A coisa é assim mesmo....bestas? Cadê?". Até que leio no jornal que há manadas de bestas à solta na lezíria (?) de Idanha-a-Nova, bestas à solta, que até sobem as escadas de um certo castelo. Ora bem, com a minha capacidadae de raciocínio, vi logo que as bestas se tinham espalhado pelo país. Estava explicado! Mas, repare-se, MAS, falava-se aí de vacas, cavalos, bois, toiros - que tanbém os tenho visto, é certo, muita vaca, muito boi, muito burro, mas, repito, eu tenho visto também muito porco! Porco do tipo suíno. Como se explica isto? De onde vêm os porcos? Será do "Animal Farm"? Não será? Aviso: andam bestas à solta. Precatem-se!!!

(imagem do blogue sorriso virtual)

Sunday, September 23, 2012

Léo Ferré Avec le temps



O tempo trouxe novamente o Outono...
"...a sua aula é secante..."
Pode dizê-lo... não me atinge, no Outono...avec le temps...
"...vai ser secante até quando chover..."
Nem mais! Quando vier a chuva... vai ser ainda mais secante...
Os outros  falam e eu só me vejo a mim: meu único grande amor!

Saturday, September 01, 2012

Oh!!





«LADY BRACKNELL: Desculpa se vimos um pouco atrasadas, Algernon, mas tive de ir visitar a minha amiga Lady Harbury. Ainda lá não tinha ido desde a morte do marido. Nunca vi uma mulher sofrer tão grande transformação em tão pouco tempo! Parece mais nova vinte anos. (...)

 ALGERNON: Ouvi dizer que, com o desgosto, o cabelo dela ficou completamente louro.»

Wilde, Oscar, Um Marido Ideal e A Importância de ser Amavél, Porto, Livraria Civilização Editora, 1963, pp. 186, 187

LADY ADÉLIA: Oh, Lady Bracknell, não me diga que a nossa excelente amiga, Lady Hardbury, ficou nesse estado depois da morte do excelente Lord Hardbury...que Deus tenha muito tempo sem nós!

LADY BRACKNELL: Lady Adélia, não me diga que ainda não visitou Lady Hardbury, depois do doloroso transe do passamento de Lord Hardbury. As sanduíches de pepino que se comem na casa dela são do melhor. São um verdadeiro "must"!

ALGERNON: Lady Adélia, minha querida, não me diga que também enviuvou...

LADY BRACKNELL: Oh, Algernon, que disparate, Lady Adélia é celibatária!

ALGERNON: Mas está tãããooo loura.... sei lá!

LADY ADÈLIA: hum..hum... ai, que me entrou um cisco para a garganta... ah ah ah... Algernon, que mauzinho... pois eu estou loura, sim, mas é com os desgostos! O tempo passa, a crise financeira é terríííível e eu fico loura! Sabe há quanto tempo não faço um cruzeiro? Hein?

LADY BRACKNELL: Oh, não diga, Lady Adélia! Diga lá! O suspense mata-me.

LADY ADÉLIA:  Há três semanas!! Três!!!

LADY BRACKNELL:  Q'horror!

ALGERNON: Alguém quer uma sanduíche de pepino?

LADY BRACKNELL e LADY ADÉLIA: Siiiiiim! E chá, por favor. Não como nada há cinco minutos.

ALGERNON: Lane! Traga as sanduíches e o chá!

LANE: Não havia pepinos no mercado, Senhor!

LADY BRACKNELL, ALGERNON, LANE: Não é possível! Não acredito no que vejo....

Com efeito, um tufo gigantesco de cabelo louro irrompeu, subitamente, da cabeça aristocrática de Lady Adélia.

Fim

Friday, August 31, 2012

Beck - everybody's gotta learn sometime



De repente, descobre-se que uma música linda, de que se gosta há muito tempo, é também parte da banda sonora de um filme excepcional. Um filme que mostra que Jim Carrey sabe fazer bem mais do que "apenas" comédia. Aliás, ultimamente tenho estado atenta a este actor, aos seus filmes e concluo que ele é brilhante. É lindo, vibrante, alto, belo, com cara de homem, tem uma assinatura própria e inconfundível. Só ele me fez aguentar um dos vários filmes da saga Batman. Verdade. Neste Agosto de cansaço, de paragem para renascer, tenho dormido, feito palavras cruzadas, lido o Público no meu adorado kindle e tenho visto televisão, especialmente o canal Hollywood. Por sorte, Jim Carrey tem aparecido em muitos filmes e eu, que recuperei forças vendo-o, estou em estado de enamoramento por ele, à beira da paixão. Que bom descobrir que ainda não perdi a capacidade de me apaixonar pelos homens lindos do cinema!!

Thursday, August 16, 2012

Limpar o salão




Em Portugal, limpar o salão é uma forma de dizer limpar o nariz ou, dito de outro modo e com mais acuidade linguística, tirar macacos do nariz. Parto desta clarificação de termos, para narrar ou descrever, não sei, mais uma aventura escolar e formativa.
Ontem, na sessão de formação de duas horas, um formando fartou-se de tirar macacos, chimpazés e até gorilas, tanto do nariz como de outras, aliás, todas as cavidades situadas na cabeça. Não ficou orelha, dente ou narina que não tivesse a sua sessão de desentupimento. Às tantas, eu, enjoadíssima, verde, à beira do vómito, disse-lhe por meias palavras e alguns gestos para PARAR! Entretanto, o formando da frente, aproveitando a pausa, agarrou na caneta e começou, consolado, a limpar os tímpanos...



(texto tirado do ciclo de memórias tristes)

Saturday, July 21, 2012

José Hermano Saraiva





«Foi precisamente aqui...». E o meu pai, rabugento, «mas como é que ele pode dizer "precisamente aqui...?"». «Oh, pai, é maneira de dizer...». «Sabe lá ele! Se dissesse foi mais ou menos qui, agora precisamente aqui...tem algum jeito!?». E a minha mãe dizia. « Mas o  que é que interessa se foi aqui ou ali...eu cá gosto de o ouvir. Gosto deste homem. É simpático, fala bem...gosto de o ouvir. Quero lá saber onde foi precisamente... Isso não interessa!»

Do meio de um cansaço e de uma exaustão sem nome, quero despedir-me de JHS, um homem com O grande. Interessante. Fascinante. Único.

E daqui PRECISAMENTE lhe envio um beijo e uma flor e um adeus! RIP.

Thursday, July 05, 2012

Monday, July 02, 2012

...





Cansaço...! Roubo um poema na Educação do Meu Umbigo e uma imagem ao Google.


Neste meu hábito surpreendente de te trazer de costas

neste meu desejo irreflectido de te possuir num trampolim

nesta minha mania de te dar o que tu gostas

e depois esquecer-me irremediavelmente de ti



Agora na superfície da luz a procurar a sombra

agora encostado ao vidro a sonhar a terra

agora a oferecer-te um elefante com uma linda tromba

e depois matar-te e dar-te vida eterna



Continuar a dar tiros e modificar a posição dos astros

continuar a viver até cristalizar entre neve

continuar a contar a lenda duma princesa sueca

e depois fechar a porta para tremermos de medo



Contar a vida pelos dedos e perdê-los

contar um a um os teus cabelos e seguir a estrada

contar as ondas do mar e descobrir-lhes o brilho

e depois contar um a um os teus dedos de fada



Abrir-se a janela para entrarem estrelas

abrir-se a luz para entrarem olhos

abrir-se o tecto para cair um garfo no centro da sala

e depois ruidosa uma dentadura velha

E no CIMO disto tudo uma montanha de ouro



E no FIM disto tudo um Azul-de-Prata.


[António Maria Lisboa] – Rêve Oublié

Lindo!!
!

Thursday, June 14, 2012

Matar saudades

Para quem tem saudades de mim, aqui ficam notícias.
Como vêem, já sei fazer contas. Palhinha também tenho comido em abundância. O zurrar é que ainda me sai mal. Mas lá chegarei, com a inteligência que Deus me deu. Ai se chego!
Coicezinho de amizade a todos!

Tuesday, June 05, 2012

MEC


 «Mas não me apetece tomar banho de mar. Enquanto a Maria João não acabar com as irradiações analíticas e cirúrgicas, não me apetece estar longe dela. (...) Em 2012 ficar com ela - mesmo em terra; mesmo em Lisboa, em corredores e bancos de plástico, num estado permanente de agitação e medo - é melhor que nadar com ela no mar de 2011»

Miguel Esteves Cardoso, "À beira do mar de Junho", Público, 5 de Junho de 2012

Eu sempre gostei do MEC e não há como deixar de gostar dele mais e mais a cada dia que passa. Casar? Só com um homem assim! Que sofre, que acompanha, que vive de e para o seu amor. Um amor? Um homem para amar? Só com um homem assim! Um homem que sabe amar, nos bons e nos maus momentos! Principalmente nos maus momentos, os momentos de angústia nos corredores brancos, com cadeiras de plástico, enquanto o mar rebenta com a areia, feliz com o reinício do Verão.

Há por aí algum MEC para mim????? Se há....please... há tantos anos que me sinto num corredor com cadeiras de plástico...

Maria João, viva para o seu MEC e pelo seu MEC, porque ele não vive sem a Maria João! E eu não vivo sem o seu MEC. As melhoras, minha querida!!!

Monday, June 04, 2012

O meu ar de desprezo .....



Os únicos passeios que me posso permitir são os que dou pela net. E mesmo esses já me tiram muito do tempo que não tenho... para corrigir portefolhas demenciais...plágios e plágios...merdas e merdas... e a outra trombuda..."a senhora...a senhora...". PQP! ...da-se!

Bem, ainda não fui ver as pérolas dos bardos e vates do  Entroncamento e já nem terei tempo de ir. Hélàs! Mas já fui àquilo que interessa. O site http://lerebooks.wordpress.com é serviço público. É de leitura obrigatória. Foi a melhor descoberta blogosférica depois do umbigo do Paulo. Masssssss acho que está o pé-de-vento armado para os lados de lá.

 D. Coelhone volta ao sexo! Em vez de se dar conta de que a poetisa X bebe de mais e fala por clichés, põe-se a fazer adivinhação sobre o que se passa na cama de X com o melhor poeta da internet. Espero que X vá à tromba de Coelhone, que apareça a Precious e vá à tromba de todos e que se monte ali uma boa barafunda, com a outra que não "dá piti" a "dar piti" e que senhor "piti" (!),  para eu ter aventura garantida no passeio internáutico, que a vida anda muito monótona.

 Ahhhhhhh, deixa-me esfregar as mãos!
A propósito. Adorno diz que quem não acredita no poder da monotonia é um idiota! E esta?

Tuesday, May 29, 2012

As bestas



A vidinha  - profissional - vai ruim.
 Estava a maior parte das bestas posta em sossego, quando uma começou a escoicejar. A besta fraca, assim que pressente um bocadinho (ínfimo!!!) de trabalho, tem ataques de hiperactividade passiva. Começa logo a dar saltos devagarinho. Pulinhos!! Só a fechar a porta é que demonstra ter alguma forcinha - pouca - nos braços. Mas diz que a portinha - a marota, ai, ai - lhe fugiu das mãos!  É uma besta rebeldezinha, indolente, burra, ignara, embrutecida. Uma besta incompreendida, claro! Uma besta a precisar de amor, compreensão e prozac. De mim,sinto muito, poderá contar apenas com uma boa arrochada no focinho. É a única coisa que tenho para oferecer a bestas.
Aqui com os meus botões, não posso deixar de pensar que este ano o coiso e a coisa parece uma concentração de bestas. Parece que se combinaram!
Em conversa pós-besta, diz-me a coisinha que a besta redonda levou uma sovata. Acho bem! E diz-me se eu não reparei no olho à belenenses, da dita besta. Eu? Claro que não reparei. E que a besta informe também anda a sair da casca. E que a besta obtusa não tem registo de melhoras. Nisso, confesso,  já tinha reparado.   E eu digo-lhe que a besta lenta, dissimulada e tosca tinha sido corrida. «Corrida?» Pergunta a coisinha. «Siiiiiiim. Por mim». Respondo eu. Ah! A grandessísima besta. E a outra, diz a coisinha, a besta mor, moeu-me o juízo. De que besta estás a falar? E diz a coisinha, estou já a falar das bestas do coiso. Ah! Ainda bem que concretizaste, respondi eu.
Enfim, comprámos cereais e falámos das bestas. Já com um pé no passeio ainda disse à coisinha:« A besta pestilenta e desbocada disse três vezes: "até a barraca abana"!»  E diz-me a coisinha, escaldada: «Tiveste mais sorte que eu. Comigo, no dia da grande evacuação e do grande êxodo com a mão no nariz, a barraca abanou mesmo!!!»  E eu fiquei agradecida e disse: «Deus seja louvado».

Sunday, May 13, 2012

Eu não minto, não engano, não ludibrio e não venho de Caçarelhos


Devo confessar, com imensa pena, que tenho uma admiração, embora envergonhada, pelo senhor ministro das finanças. Tenho, o que é que hei-de fazer? Motivo? O senhor não cede ao populismo fácil, não se arma em “pessoa normal”. Penso que só lhe fica bem. Fala de forma lenta, não deixa nada por dizer e, de vez em quando, a meu ver, diz umas coisas giríssimas.
No outro dia, chego a casa, ligo a TSF e havia debate parlamentar. Reconheço logo a voz pausada do senhor ministro. Dizia ele ( mais ou menos ): « Lá vou ter de discutir literatura, mais uma vez, com o senhor deputado. Diz o senhor deputado, que eu pareço aquele político do romance A Queda de Um Anjo de Camilo Castelo Branco. Sabe, senhor deputado, eu vim de Frankfurt e de Bruxelas e o político de A Queda de Um Anjo veio de Caçarelhos. Mas, claro, quando se fala de Caçarelhos, vem-nos logo à mente Bruxelas e Frankfurt.»
O senhor ministro das finanças não mente, não engana, não ludibria, não é falsamente modesto e não vai a Caçarelhos!

Monday, May 07, 2012

Fim-de-semana grutesco


Exactamente! Passei o fim-de-semana numa gruta! Eu até não desaprecio experiências grutescas, mas os homens e as mulheres das cavernas não têm maneiras nenhumas! Ou seja, é daí que deriva a falta de maneiras a que se assiste hoje. Estou em condições de afirmar sem sombra de dúvida, que as maneiras não evoluiram um milímetro em relação à idade da pedra e a inteligência evoluiu pouco. Então não é que estava eu muito bem, roendo um osso (ementa, péssima!) e catando piolhos ao meu companheiro, que até já me tinha dado uma cacetada na cabeça - parece que é tradição na relação amorosa homem, mulher! - quando vejo este quadro dantesco: uma mulher das cavernas, com uma corda ao pescoço na ponta da qual se encontrava uma pedrinha de 500kg, a atirar-se a um poço. Pergunto: «Que é isto?» E diz o chefe Grande Cabeça Oca, muito sapiente, solene e misterioso: «Estava estipulado em acta!» Estremeci! (e continuei a catar o meu companheiro....claro...o respeitinho e tal...)!
Ah! Como eu anelo pela civilização!

Monday, April 30, 2012

William Orbit _ Adagio For Strings


Morri, fui para o céu e os anjinhos (com um grão na asa) estão a dar-me música...! Força, anjinhos! Força!

Friday, April 27, 2012

"Poste" cifrado

Tesc tesc tesc ih ih ih a outra a brijate bardote já levou na tromba...rsrsrs AHAHAHAHAHihihohohohOOH. O outro...deve estar a gozar o prato. Gostas pouco, gostas! E o dos dentes grandes, o dentuço, o coiso, a bem dizer o carlos dos dentes ...k rir! Mas a outra ou o outro... Gollum e tal e coiso ...não havia nexexidade, como diria o diácono Remédios! Sabia escrever e dava na tromba forte e feio. Oh, maçada! E o coiso Boby...o bobizinho, que bem falou!! Hummmmmmmmmmmmm. Há ali gente k leu Barthes. O coiso, burro de nascença, não leu! Não leu. A bardote nem sequer sabe ler. A do grande olho, também não! Como diz o povo, muito olho, muito repolho! A das letras barra tretas leu apenas as gordas - altura de piscar o olho - o barra a ABC viu o livro numa montra e fugiu espavorida, de asna que é!! O das dentuças crescentes ainda está a aprender a soletrar. É só cama...cama...coiso...coiso...pimba...pimba. Ainda é virgem! Hhuuuuuuuuummmmmmmmmm. A outra é mais guisados e fritos. Mas limpa as estantes, clarooooo. Logo vi! My precious, my precious...tens o meu blogue só para ti! Entra, senta-te, escreve o que quiseres. Bobizinho, vem com a precious. E quanto ao, ao, bem, ao coiso... não estaria...na...hora de...quer dizer...esvaziar... limpar...como dizer...pois... vazar... deitar fora a ....o...bem, há que dizê-lo com frontalidade....despejar o pennn, digo, o bacio? Hein? Bom,bom, bom. coiso coiso coiso...

Thursday, April 26, 2012

Susan Boyle - Britains Got Talent 2009 Episode 1 - Saturday 11th April |...


Esperem até ao minuto 1.22. Quantos podemos dizer que surpreendemos, alguma vez, assim? Este é o vídeo mais arrepiante de que me lembro. É inspirador!!
 A maior parte de nós vai passar pela vida sem ter jamais surpreendido alguém...nem por um segundo...

Tuesday, April 24, 2012

Abril, 25

Hoje quero comemorar o 25 de Abril bem cedo. Às primeiras horas. Quando morre alguém como Miguel Portas, há que tentar compensar a sua falta, a sua voz, a sua luta. É por ele que eu pela primeira vez comemoro o 25 de Abril, com cravo e tudo. Por ele até consigo dizer: 25 de Abril, sempre! Mais, até sou capaz de acreditar nisso, não apenas dizê-lo. Detesto lamechices, mas uma mulher não é de ferro, principalmente quando descobre, com surpresa, que ainda se comove, ainda lhe vêm as lágrimas aos olhos, porque morreu um político!

Miguel Portas

Miguel Portas, que pena! Que pena! Cheguei a casa, para ouvir a notícia da sua morte. Eu pensava até, que tinha recuperado dessa doença horrível, com a mesma força que demonstrava sempre. Pensei que há pessoas que não podem ser levadas, assim, sem mais. De repente! Paulo Portas, querido, de sempre, dos meus dias de solidão triste (hoje vivo uma solidão alegre), solidão na companhia do Independente, de VPV, MEC e outros. Eram todos a minha companhia. A revista K, também me fazia companhia. Um abraço grande para si, meu querido amigo, que eu amo de verdade. Um abraço também para a sua mãe. E para os dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda! Eu também já votei Bloco! Um abraço para todos, em especial para o Miguel...que hoje já não está entre nós!?

Tuesday, April 17, 2012

Sinead O'Connor - Reason with Me



Lindo!
E Sinead envelheceu mal? Envelhecer... ver o corpo em ruínas. Acho Sinead tão linda, por não se enfeitar para tapar a ruína do nosso corpo mortal, perecível!
Sinead, melhor que nunca.

Monday, April 09, 2012

Ziziiiiiiii


Zizi, ficámos mais velhos. Eu no dia sete e tu no dia oito. Ohhhhh!!!!
Je t'aime!! Porquoi? Porque sou parva. Mas tu, novo ou velho, com pêlos (ihihih) ou sem eles (parecias um espinheiro, zizi), serás sempre insuportável! Continuaremos separados - os nossos feitios!!! - mas sempre juntos, à nossa maneira!

Primavera


Quando vier a Primavera



"Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é. "

Autor?

PS: Encontrei hoje este poema sem autor, enviado pelo querido coleguinha J. Adolfo, em resposta à minha mensagem automática de férias. Que lindo poema. Que coleguinha mais querido!!

Wednesday, April 04, 2012

Os dias longos


Que tédio!
Andei a dar uma voltinha pela internet. Estive no umbigo do Paulo e dei um pulinho ao Bardo do Entroncamento e, claro, ao Vate do Entroncamento, também. Dois monumentos de poesia. O bardo, claro, ainda na fase das operações concretas e também na fase anal, segundo Freud, claro, continua "poetando" - para o citar - sobre as aventuras do seu portentoso falo. Parece que teve mais um orgasmo e eu fico contente por ele, claro! Ou melhor, não fico. Irra!! A poesia do bardo (do Entroncamento) é uma versão do atirei o pau ao gato (tutu), aliás, à gata, que ele não gosta de maricadas, nem a brincar!! Vai pau, vem pau, enquanto o pau vai e vem folgam as costa e assim sucessivamente. O bardo comete os seus poemas (como dizia o outro)e os comentadores comentam - não confundir com lêem - com frases verdadeiramente formidáveis! Aliás, comentar é uma forma de dizer. Seria mais correcto dizer baboseirar. Também "apodam" - para o citar - o escrevinhador de poeta, grande poeta, vate (li eu, com estes dois olhos que usam óculos), lorde, etc. Mentiras! Tudo mentiras! Entretanto, o parvo, digo, o bardo vai consolidando uma reputação de poeta, escritor, intelectual e sábio! No outro dia, ouvi-o eu(com estes dois ouvidos com o seu pedacinho de cera)muito vivaço, muito esperto a trazer a Grécia Antiga para uma conversinha sobre ...bem...sobre qualquer coisa. Consta que as agências de rating, depois desta menção, reagiram logo com um aumento dos juros à sofredora nação, berço da Democracia, de Sócrates e de bons iogurtes cremosos. Em resumo, os tempos estão tão perigosos, que uma pessoa escreve um versinho e, para castigo, é logo elevada à categoria de poeta. Bem feita!!
Vamos agora ao vate (do Entroncamento). Começo por citar, de memória, uma comentário, vulgo baboseira, do bardo ao vate (ambos do Entroncamento): «Poeta, estou sem palavras perante o teu soberbo poetar». E pois que diz este soberbo poeta? Nada! Absolutamente nada ...de jeito. De outras coisas diz muito. É também muito dado a ilustrações, principalmente se forem reluzentes. Depois, e isto é digno de registo, deve ser a pessoa com mais fotografias dele em todo o espaço virtual. Antes dos soberbos poemas, pumba: foto, ou caricatura, ou ambas. Antes? E depois também, às vezes. Para além do mais, também é cantor lírico. Diz ele. Mas nós não acreditamos. A julgar pelos hilariantes áudios, aquilo é mais guinchar com dores de joanetes e calos, que canto lírico. Eu pelo menos também assim guincho naquele doloroso estado de pés...e não me ponho a dizer que sou cantora lírica!! Mas eu sou humilde(como já repararam)! O multifacetado basbaque, digo, vate, é muito religioso, mas também algo blasfemo, pois está sempre a comparar-se à divindade. Compara-se também a Fernando Pessoa e outros. E que diz ele mais concretamente? Atentem na lista:
- sou poeta... ai que cruz, credo!
- sou poeta...tenho este dom...que me causa tanto sofrimento
- tenho pensamentos poéticos
- ai, ai sou tão sensível porque sou poeta...
- nós, os poetas, carregamos o mundo nas costas...e sofremos muito...ai, ai, ui, ui
- Deus, porque me deste esta sensibilidade de poeta...
- o poeta vê sempre mais além ... vê tudo ... sabe sente...ai coitadinho do poeta...
- ai Jesus, a minha sensibilidade poética está a dar cabo de mim...ó da guarda!
- sou um privilegiado porque sou poeta .. e vocês não ...nha, nha, nha, nha, nha, nha
- etc.
Hoje, um outro poeta afirmou, sem se rir, que o vate é o maior poeta do século XXI!!! E os outros babões, derreados de tanta beleza poética, concordaram, aliás, continuam a concordar, porque o vate chega a reunir centenas de comentários todos a dizer a mesma coisa. Segue lista:
- poeta és bom...
- poeta és tão profundo...
- poeta, se os mineiros chilenos tivessem caído na profundidade da tua poesia ainda hoje lá estavam a pão e água
- poeta, como é possível ser-se tão bom
- poeta, tens o dom da palavra
- que fotografias tão lindas...és tão fotogénico
- Poeta, ó poeta, faz um milagre...toca-me e faz cair os meus pêlos, que eu não tenho dinheiro para a depilação definitiva...que é tão cara...e eu sou tão pobrezinha... e tão peluda...e gosto tanto de ti
- etc.

Ainda fiz outras incursões poéticas, mas de tão monóoooooooooooooootonas, nem dá para dizer mal! Porque daria muito trabalho dizer mal. Façam favor, senhores poetas, de se porem a jeito para eu poder dizer mal sem me dar muito trabalho!
E, a terminar, uma pergunta se impõe: quem é o pior? O bardo ou o vate do Entroncamento? Para começar, há que dizer que são os dois igualmente péssimos, numa "pespetiva pixtemologica". Aí, não há mas nem meios mas, agora dizer quem é o pior mesmo...hoje nem vou dormir. É o vate! Não...péraí...é o bardo. O bardo! Meu Deuuuuus, claro que é o bardo....não...não...é o vate....bardo, vate, bardo? Vate!
Oh, the agony of choice!

Sunday, April 01, 2012

Estar em silêncio


Chá, livros (electrónicos)e silêncio.
Posso entrar e sentar-me.

Convite para uma chávena de chá


Treten Sie ein
Setzen Sie sich
Hier können Sie schweigen

Rainer Kunze

Entre
Sente-se
Aqui pode estar em silêncio

tradução minha

Inspiração


Quando eu morrer voltarei para buscar
Os momentos que não vivi junto do mar

«Cem Poemas de Sophia», Sophia de Mello Breyner Andresen
Lindo!

Sunday, March 25, 2012

Virar Noite


Hoje de manhã, liguei, como sempre, a TSF e ouvi uma reportagem sobre os brasileiros - os cablocos - que vivem na Amazónia. Uma mulher, uma cabloca, contou uma história - história verdadeira!, dizia ela, com a sua voz linda, o seu português com açucar e floresta - ocorrida numa noite de festa. Havia baile na comunidade, todos dançavam, e nisto aparece um homem muito lindo, de "olho azul", que dançou muito com uma cabocla. Às quatro da madrugada, o homem lindo "dji olhu azuu" disse que tinha que ir embora. A mulher que dançou com ele, encantada, acompanhou-o. Ele dirigiu-se ao rio, lançou-se à água e nunca mais foi visto.
A reportagem corria assim, com muitos testemunhos, todos de gente pouco escolarizada, mas com uma expressividade desconcertante. Nisto fala-se de sucuris. A reporter pergunta o que acontece, quando alguém é picado, dada a falta de médicos. O homem diz que, antigamente, havia gente que conhecia ervas, mas agora já pouca gente conhece. Então, às vezes, "à péssoa vira noitxi". A pessoa morre, explica a repórter. Vira noite!
Sintonizada na TSF, oiço, mais à frente, que António Tabucchi, o português por opção, grande admirador e tradutor da obra de Pessoa, morreu hoje, dia 25 de Março. Penso que deixarei de usar o verbo morrer. Prefiro virar noite.
António Tabucchi, hoje, 25 de Março, virou noite!
Boa noite, António!!! Dorme em paz!

Wednesday, March 21, 2012

Dia Mundial da Poesia


Conheço um homem que é uma poesia (fraca). É uma daquelas criaturas sem carisma. Estranhamente, nem é autoritário nem tem autoridade. Não tem nada. Parece aquelas supostas poesias sem palavras, sem ideias, sem emoção, sem sentimento. Enfim, um grande vazio, não isento, no entanto, de barulho. Porque no fundo, ele é apenas um homem que faz barulho, que grunhe. Mais nada. É um grande poema sem rima, sem conserto e sem concerto também. É um silêncio não ausente de murmúrios. Um tonto, um pobre demente. Alguém que gostaria de ver-se ao espelho mas, como é um grande vazio e uma grande ausência de tudo, não lhe ocorre sequer ver-se ao espelho.
É uma poesia Dada, daquelas muito mazinhas. Aquelas poesias que ainda querem ser Dada, quando o Dada já saiu de moda!
É um balofo, cheio de si, que dá grandes lições de moral, em salas vazias. É um farsante. É alguém que não se rala, nem quer ralar-se. Mas sabe sempre o que os outros devem fazer! Não se cansa de aconselhar ignaramente: "Ah, mas são tão boas pessoas coitadinhas, não se ralem" ou "Ah, mas são umas bestas, não se ralem" ou "Ah, não macem as pessoas, coitadinhas, são umas bestas tão boas, não se ralem", etc. É um poema minimalista, ou seja, tem um vocabulário muito reduzido!
É ainda um poema hilariante, mas de uma forma mazinha e simplória. O pobre sonso gosta de contar anedotas...sempre as mesmas e sempre sem graça. É também hilariante quando faz cara séria para impor respeito. Mas não impõe. Nem respeito, nem nada. É um impostor.
É também, claro, claríssimo, um poema popular e amador. Gosta de comer e beber. Gosta de um tintinho do bom. E de futebol. É uma pobre alma e uma alma pobre. Não é mau tipo, no fundo, muito lá no fundo. Ou, pronto. Não muito no fundo, aí a meio entre o fundo e o cimo. É um tarata.
E está comemorado o dia mundial da poesia - coitada, se fosse coisa boa, não tinha dia! Comemorado está também o tonto! Eu devia-lhe esta homenagem. Afinal, ele até é tão articulado e esperto, quando está a dormir...!

Tuesday, March 20, 2012

A ruína e a normalidade


Preparo-me para mais um dia de trabalho! Já passei os olhos pelo Umbigo do Paulo e fiquei a par das últimas da educação.
No Correio da Educação fala-se de ruína e ontem, num texto de Mia Couto, falava-se de normalidade. Melhor, falava-se do facto de nada interpelar as pessoas. Acontecem as coisas mais anormais, mas já nada choca. É tudo normal.Conheço bem o sintoma. Sinto-me muitas vezes sozinha a apontar o dedo. Mas só eu vejo, mais ninguém. Há uns quinze dias tive uma conversa com um demente, com todos os sintomas da doença da normalidade. É tudo normal. É a vida! Depois, se eu não conhecesse a praxis do pobre demente...!
Estou a escrever, a uma hora em que não gosto de escrever. Faço-o só para ter uma prova de que ainda consigo fazer alguma coisa, ou seja, reagir, porque quando chegar ao local de trabalho, entro na normalidade faz de conta. Ouvirei os dementes expelirem boca fora os seus delírios e eu própria também poderei delirar um bocadinho. Deus me livre de dar nas vistas!

Monday, March 05, 2012

...??!!*****//????!!!!!!


Com o bom humor próprio de quem acabou de ler uma frase, na qual se dizia que entre as aves migratórias se encontram a baleia azul e o elefante, dou comigo a ouvir uma cantilena, na TSF, que repetia com voz irritante, isto é, pretensamente erótica: "até ao orgasmo total, até ao orgasmo total", idem, idem, aspas aspas, idem idem.
É só burrice e hormonas aos saltos. Se esta gente visse menos baleias a voar, fornicasse menos e trabalhasse mais....!
Need I say more?

Thursday, February 23, 2012

The Shining


Olha, cheguei à Figueira da Foz, mesmo à hora do jantar. Mas eu tinha tirado bilhete para Coimbra ou para Lisboa, não consigo agora precisar! ‘inda mais essa! Devo ter-me enganado no Entroncamento. Mas eu nem sequer passei pelo Entroncamento! Há que tempos que não vou a essa terra linda….linda (buááá, chuif, chuif). O pior é ter de ir dormir a casa da minha tia, em vez de ficar já neste hotelzinho, à beira mar, tão lindo, com olhos nas fechaduras das portas. Família! Sempre a atravancar a vida das pessoas, até em sonhos. Apre! E a minha bagagem? Pânico! Ah! O meu saquinho, o meu lindo saquinho portador das minhas coisinhas, está aqui mesmo pendurado na minha mão. ‘bora para a casa da tia. E onde diabos irei dormir? Sim, porque eu já não tenho paciência para improvisos. Quero caminha fofa e pequeno-almoço britânico às dez. E nisto cheguei:

-Há coelho para o jantar - diz a minha tia muito lacónica.
- Que bom! – respondo.

E começo a fazer contas de cabeça. O meu primo P1 dorme aqui. O P2 dorme ali, mas a caminha é grande. Vou dormir com ele? Não me apetece, mas… às sete horas já tenho que estar no comboio para Coimbra ou para Lisboa. É um instantinho. O sacrifício será benéfico para a minha vida pós-morte. O tio T1 e a tia T2 dormem aqui na cama deles. Mas nisto vejo o sofá da sala. É aqui mesmo. Vou-me já à cama. E a minha bagagem, para tirar o pijama?
- Ó T2, viu o meu saquinho?
- Há coelho para o jantar.
Está aqui. Vou aos saltinhos para a sala, em direcção ao sofá, e já lá estão deitados a tia T2 e o primo P2. Que lata! Vou então dormir na cama do P2, melhor, mais espaço fica para mim. Mas, na cama do P2 está deitada a minha avó. O vultinho da minha avó, tão pequenino, com o tufo de cabelinhos brancos, e com os olhinhos a rir para mim, convence-me: tenho de dormir com ela. Mas nisto oiço alguém chamar-me. É uma amiga minha! Ó praga. Onde é que ela se deita? Se é minha amiga tenho de a pôr a dormir. Ideia! Há um colchão debaixo do sofá. Dormimos lá as duas. Volto à sala e, no colchão debaixo do sofá, já estão deitados a minha mãe e o meu pai. Estou novamente desalojada, juntamente com a minha amiga. Penso: é melhor comer alguma coisa enquanto descubro onde dormir com a minha amiga. Pergunto à tia T2:

- Onde está o coelho?
- No forno.
- Onde está o forno?
- Na cozinha.
- Onde está a cozinha?
- rrrrrroooonnncccc zzzzzzzzzzzzzz.

Lindo! Bela hospitalidade. É que não há rasto de cozinha em lado nenhum. Nisto diz-me o meu paizinho, com o tufinho de cabelo branco a sair do lençol:

- Ó Lelicha, traz-me um livro do tio Patinhas, filha.
- Ok, chefe! Vou ver o que tenho na minha malinha.

A minha malinha estava enorme, parecia um elefante. O que teria acontecido? Fui ver e tinha lá, entre muitas outras coisas, todos os volumes da enciclopédia britânica. Que pesadelo! Como é que eu iria carregar tudo aquilo, às 7 da manhã, para a estação de caminho de ferro? Fui então ao quarto do meu tio T1, procurar patinhas na mesa de cabeceira. A cama ainda estava vazia. Porque é que a minha tia T2 não dormia com o marido, como todas as outras esposas do mundo, e o meu primo P2 não ia dormir com a avó, como todas as crianças, para eu dormir no sofá com a minha amiga? Só preocupações! E eu que tinha vindo em busca de paz e sossego para me dedicar à escrita do grande épico, digno de um qualquer nome, dos grandes, da Literatura universal, sobre três bostas mutantes!! E ali estava, mal comida, sem poiso para dormir e sem cabeça para pensar em bostas. Lá encontrei um livro dos irmãos metralhas e fui dá-lo ao meu pai. Foi aí que pensei. O meu pai morreu. A minha mãe pode ir dormir com a minha avó e eu durmo aqui com a minha amiga. E depois pensei, mas a minha avó também morreu, posso muito bem ignorá-la e deitar-me lá com a minha amiga! Mas pareciam tão vivinhos, a avozinha toda enrolada na caminha e o meu pai tão feliz e tão vivo a ler os metralhas! Deixá-los viver mais um bocadinho.

- Que bom está o nhcoelho…nhac mfac. – diz a minha amiga.
- Onde está o coelho?
- No fffnhorno.
- Onde está o forno?
- Nha cozinhanhac.
- Onde está a cozinha?
- nnhhhacc ffufenhac.

Bastou-me seguir os ruídos ou rugidos da mastigação da minha amiga para encontrar a cozinha. E ali estava ela, má rês, à mesa, com a boca cheia, na proximidade de um enorme coelho assado. Dir-se-ia que era a cozinha que estava no coelho e não o coelho que estava na cozinha. Como é que eu havia de a descobrir? Mas era um coelho que cheirava lindamente. Comecei logo a comer e ele apoderou-se da minha boca como se a quisesse comer também. Tinha de pedir a receita. Que bela ceia. Podíamos não ter onde cair adormecidas, mas o jantar era divino. Entre grunhidos, de boca cheia, disse à minha amiga que o meu primo P1 ainda não tinha vindo, por isso podíamos dormir na cama dele, ao que ela respondeu que já lá estava a dormir um primo dela, o P3. «O qnhê?». «Frronhc». O melhor era mesmo comer e calar. Assim fizemos, até que a minha amiga adormeceu sobre a mesa, com o cabelo dentro do prato e um osso a sair-lhe da boca. Que falta de maneiras! Pelo menos ela já estava instalada. Levantei-me, agarrei na minha malona e abri a porta, porque até estava com falta de ar. E desapareceu tudo. (Que pena, o tufinho de cabelo branco do paizinho e da avozinha…saudade. )

Luzes na noite. Movimento. Mar e mar. A malinha de volta, magrinha. E o hotelzinho lindo estava ali à minha frente. Dirigi-me a ele. Nem foi preciso dizer nada. O recepcionista agarrou-me ao colo e deitou-me numa cama enorme. Adormeci logo, feliz, com a porta dos olhos a olhar para mim.

Wednesday, February 08, 2012

Poesia (!)


Ruína

Sem encontrar-se.
Viajante pelo seu próprio torso branco.
Assim ia o ar.

Logo se viu que a lua
era uma caveira de cavalo
e o ar uma maçã escura.

Detrás da janela,
com látegos e luzes se sentia
a luta da areia contra a água.

Eu vi chegarem as ervas
e lhes lancei um cordeiro que balia
sob seus dentezinhos e lancetas.

Voava dentro de uma gota
a casca de pluma e celulóide
da primeira pomba.

As nuvens, em manada,
ficaram adormecidas contemplando
o duelo das rochas contra a aurora.

Vêm as ervas, filho;
já soam suas espadas de saliva
pelo céu vazio.

Minha mão, amor. As ervas!
Pelos cristais partidos da morada
o sangue desatou suas cabeleiras.

Tu somente e eu ficamos;
prepara teu esqueleto para o ar.
Eu só e tu ficamos.

Prepara teu esqueleto;
é preciso ir buscar depressa, amor, depressa,
nosso perfil sem sonho.

Federico García Lorca, in ‘Poeta em Nova Iorque’

(Eu não aprecio poesia, mas aprecio alguns textos poéticos. A net está inundada de "poesia" má até ao enjoo. Às vezes é necessário lembrar os poetas com p grande, os poemas com p grande, para lembrar que a poesia já foi o género com g grande, por excelência, da literatura com l grande. "Somos anões nos ombros de gigantes"? Talvez!)
!

Thursday, February 02, 2012

A civilização


A civilização, já se sabe, é um grupo de criaturas com falta de maneiras. A escola, instituição civilizadora, por excelência, tem-se esforçado, e muito, ultimamente, para contribuir para o progresso civilizacional. Passem à frente de uma escola, e verão os frutos civilizacionais em todo o seu esplendor. Mas passem com precaução: levem pensos rápidos, por exemplo, não vá algum estudante mais esperto (mais vivaz, mais galhofeiro) dar-vos com alguma coisa na tola. É também conveniente não ligar muita importância ao que eles dizem, coitadinhos, porque eles esforçam-se por actualizar de forma assaz empenhada o calão pátrio. Eles próprios são muito calões: estão cansados, desmotivados, a matéria é uma seca, os profs são uma seca, é tudo uma seca. Claro que há muitos professores que são uns desmancha-prazeres, que não são nada porreiros ou baris, como quiserem. E professor que não é baril, vai-se-lhe à tromba e às canelas.
Um professor que quer ensinar e quer silêncio na aula? Isso faz-se? Um professor que não gosta que lhe insultem a progenitora ou o mandem a sítios insalubres? pódji? Depois, os professores são muito mariquinhas, FRÁGEIS, com muitos problemas pessoais, motivo pelo qual, claro, se suicidam. Em Dezembro suicidou-se um, em Janeiro, num período de 15 dias, suicidaram-se duas. Parece que entretanto já houve um outro suicídio. Os alunos sempre atentos, claro, e para enrijecerem os ossos aos professores, ontem espancaram um e mandaram-no para o hospital, de onde sairá, certamente, muito fortalecido e até talvez mais gordo (o que não mata...e coiso...), quiçá!
Estamos a criar MONSTROS! M O N S T R O S!

A minha solidariedade para com o colega agredido!
A minha inveja para com as colegas que já partiram! Que descansem em paz!
Cada um é que sabe o sentido que faz para si levantar-se de manhã e enfrentar o dia!

A minha solidariedade também para com os alunos vítimas destas bestas que são os "seus colegas". Enquanto os pais dos bons alunos não se levantarem para exigir que os seus filhos tenham condições para estarem nas escolas, vamos continuar a criar monstros...e cara alegre!

Friday, January 20, 2012

Etta James - Stormy Weather



Morreu Etta James, a brilhante intérprete de Stormy Weather, canção do filme A Single Man, com Colin Firth. Foi através do filme que fiquei a conhecê-la. E é assim que a morte de alguém desconhecido nos toca, porque está associado a um momento bom da nossa vida: um filme baseado num romance de excepção.

Tuesday, January 10, 2012

Morrer aos 18 anos


Morreu uma aluna da minha escola. De acidente! Terminou para ela a vida. Para a mãe, minha ex-aluna, qualquer coisa termina também. É difícil imaginar o quê, o como.
Rest in peace!

Monday, January 09, 2012

Memória Futura


6 de Janeiro. Ah, k lindo! (apontamentos), estamos tão felizes. Ihihih...coiso, coiso, coiso. Aqui reunidos. Plac, plac. progresso...sonho...realização...e coiso: «apostem na vossa formação...pela vossa saudinha...ó faxavore!». «Muito bem!». Força. Dá-lhe outra que ainda mexe. Tudo muito compostinho e a coisa, ena, ena, tão simpática. Abracinho, abracinho. Beijinho, beijinho. Venham daí esses ossos. Fotografia, por favor: há que registar o momento para a posteridade. Claro! Ora essa. «Aplausos, por favor». Hein? Descobriu-se finalmente a pólvora ou já se chegou à Madeira?» Ambas as duas coisas. E a outra de voz fininha...sorrizinho amarelado mas prazenteiro: iiiiihhhiiiihhhiiiihhhhh. Dê cá um abracinho. Estamos tão felizes. Plac, plac, plac. Atchiiiiimmmmm! Atchimmmmmm! «Santinho». Que horror, aqui neste sítio fechado e apinhado e ainda há gente que se atreve a espirrar! É só germes, chiçaaaa! «Discurso, discurso, discurso!» Não há traseiro! Tudo com o seu fatinho domingueiro apesar de ser só sexta-feira. Olha uma arvorezinha de natal com pernas. Olha uma cascavelzinha com rímel. Olha uma enjoadinha vestida de preto! «Digam cheese!». «Cheeese». «Cheeeese». «Cheeeese». «Olhó passarinho!». «Olá passarinho!». Aterrador vai ser ver a galeria de monstros resultante de tanto queijo e tanta passarada. O que as pessoas gostam de fazer figuras tristes.(ao contrário de mim, claro, enjoadinha e vestida de preto, mas sempre muito dignazinha). Pronto. Foi um momento tão lindo que aqui se viveu!
Triste mesmo é que foi(lindo)! O impulso que nos leva a estar juntos... tristemente...no meio da crise e da falta de esperança...aproveitando o momento do encontro para esquecer o depois ... e o antes.

Wednesday, January 04, 2012

Viver


"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” Oscar Wilde

Assim é! Eu já nem existir consigo...