Wednesday, December 03, 2008
Os que ressuscitam
Detesto os que ressuscitam! Não há nada pior do que um morto recalcitrante, um morto que quer subverter as leis do silêncio a que está obrigado. Silenciar é morrer, não existir, desistir. Há um tempo para tudo. Quando advém o silêncio, mandam as regras não estabelecidas, que se faça o luto, missa de sétimo dia e, depois, a deposição de flores no túmulo em datas previamente referenciadas para tal. Ressuscitar é, no fundo, desperdiçar as flores que se depositaram em memória do defunto. É deselegante, é desconcertante.
«olá. muito frio? blá, blá, blá. beijinhos com muita saudade.»
Frio? Os mortos devem estar frios, falar do frio aos que estão vivos? Que despropósito. Saudades? Os vivos é que devem ter saudades. Está tudo ao contrário. É um mundo de zombies, de mortos vivos, de gente que o não sabe ser. Por isso eu digo, impaciente, aos que ressuscitam: à tumba, meus senhores! À sepultura! Dormi em silêncio pela eternidade! Não perturbeis os dias dos que ainda vivem!
Dito isto, bebo café e desligo o telemóvel, dizendo NÃO ao desconcerto do mundo!
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1 comment:
Engulo em seco e enfio a carapuça
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