Não vale a pena esperar mais. É só mais uma história para o meu livro de humilhações... Vou dormir.
Door by Kylan Thomson, https://www.facebook.com/photo/?fbid=508874095377275&set=a.107022938895728, consultado em 20 de Outubro de 2024
Não vale a pena esperar mais. É só mais uma história para o meu livro de humilhações... Vou dormir.
Door by Kylan Thomson, https://www.facebook.com/photo/?fbid=508874095377275&set=a.107022938895728, consultado em 20 de Outubro de 2024
vir da festa.
Uma pessoa chega exausta ao fim do primeiro período. A pessoa com quem tenho trabalhado desde a década de 90 está como está... Eu só tenho vontade de me deitar e cobrir a cabeça e ficar assim até ter de ir novamente para aquela coisa, que me tem garantido um salário ao fim do mês. Apesar de tudo, cá estou a preparar as festividades... logo eu, que gosto tanto de festas... mas ainda não chega. Não posso fazer nada que seja somente em meu benefício?
A família é um bando de egoístas que janta de pantufas, disse Eça de Queirós. E bem!
A besta mandriona recomeçou a torrar-me a paciência, novamente ao quadrado, choramingando que vai ter de estar até ao fim do ano por causa de mim. De MIM????? De si, seu cabeça de burro preguiçosíssimo! Quantas vezes mais é que eu precisaria de dizer: não põem os pés na pocilga, vão ter que afocinhar durante mais tempo. Porém, como dentro daquela cabeça oca não entra nada que se oponha ao alto conceito que o asno tem de si próprio, lá pensou que eu ficaria a babar-me e a orar pelo privilégio de assistir às suas escassas aparições. Enganou-se. Enganou-se redondamente, acrescente-se!
E a argumentação, senhores? " Ele não sabe nada e passou e eu, que sei, não passei". Como disse?? "Eu que sei?". Mas sabe o quê? Comer e beber e passear na rua? Nem isso! É mais comer e beber e fazer a sesta! O basbaque. Mas que criatura repugnante: não levanta um dedo e quer que as coisas lhe caiam no regaço. Continue a sornar e vai ver que, comigo, os sornas viram o disco e tocam a mesma. Continue a fazer turismo e a rir e a dizer dislates como fez no ano passado e vai ver a raposa que o espera...
Eles ouvem até à saciedade que passa tudo. Faça ou não faça, vá ou não vá, basta alistar-se para a função que o sucesso está garantido. Não lhes passa pela cabeça que, apesar de tudo, há mínimos! Mínimos. E ele não conseguiu sequer fazer os mínimos! Só fez mesmo o que lhe apeteceu. Agora, se quiser, vai ter de cumprir as regras - as poucas regras do jogo!
Por falar. O outro, aquele que não tem este olho, mas que vê com todos os três, decidiu aparecer. O mal do turismo educativo é que o palhaço à frente do quadro vê-se grego para pôr o olho em cima dos turistas. Mas ontem, o turista de Olhão foi, digamos, à visita, embora cheio de maleitas. Pois que estava muito cansado e necessitado de um banho... Por Deus, disse-lhe eu, o banho não. Não falemos de banhos. Pois que tinha deixado um tacho ao lume, se eu não me importava que ele o fosse apagar... E eu, que não, que não deixava... Pois que estava constipado, que ainda tinha muita tosse... E eu, pois, então porque é que veio, se era para ir embora... Pois que não, que era para ficar, não para ir embora, só que estavam a ser dias muito difíceis e assim... Assunto encerrado. Mas, mal abro a boca para pontificar sobre assuntos da máxima importância epistemológica, ouço: posso ir empoar o nariz? Pode!
Tentar dizer alguma coisa de jeito, nos intervalos de todo o tipo de interrupções insanas, deveria ser uma modalidade olímpica, posto que exige muito esforço e muito treino. Nisto, ouço o ataque de tosse mais pavoroso de que tenho memória. Parecia uma rajada de metralhadora. Olho, então, pela janela e vejo o pobre mártir de cabeça encostada à parede com a boca escancarada a expelir, quem sabe, os pulmões em direções várias. Num impulso, dirigi-me para a porta, para o ir socorrer. Mas depois, olhei para a cara dos outros turistas e vi que estavam a rir à socapa. Ou seja, o candidato ao óscar para melhores efeitos sonoros estava a ver se eu, compadecida, o deixava ir tomar banho. Abro a porta e que observo? Que o pobre tonto, enquanto se esforçava para tossir, ia dando, em simultâneo, umas passas valentes num cigarro que tinha na mão. Às tantas, estava engasgado. Passei-me: então veio fumar? Não, diz ele, qual chaminé, a fumegar, e de cigarro em riste. "Só parei para tossir e acendi um cigarro, para ver se passa. E está a fazer-me bem." A lata! "Meus senhores, fumar é só nos intervalos!!!!" Pois, pois, disse ele, enquanto se dirigia apressado, refeito e saudável para o triste local onde faço as minhas tristes figuras profissionais...
É uma tristeza muito grande. Muito, muito grande...
Imagem: https://pixelshow.co/blog/tudo-sobre-ilustracao-de-humor-absurdo, consultado em 5 de Dezembro, 2024
- «Deixou a vassoura estacionada lá fora!» - Murmurou alto o venerável pespego.
Ouvi... virei-me... e continuei a andar.
Nota: não foram os meus discípulos, que teriam toda a legitimidade para me chamarem o que quiserem (e fazem-no). Foram dois "respeitáveis" adultos, no exercício da sua função, que de mim só ouvem bom dia ou boa tarde. Coitadinha não sou, certamente. E eu gosto de não ser coitadinha. Há alguma coisa que eles sabem de mim, que não lhes agrada. Ainda bem que lhes sou desagradável. Aqueles inúteis merecem tudo o que de desagradável lhes fustigue as trombas.
https://www.facebook.com/photo/?fbid=594693553125895&set=a.170833708845217, consultado em 27 de Novembro, 2024