Monday, December 28, 2020

Sunday, December 27, 2020

Ciência, Medo e Gambuzinos

 


"É necessário um diálogo entre vários saberes, os da biologia, das ciências sociais e das humanidades, para que possamos tirar partido dos conhecimentos   (...)." Etc. 

"Para que a ciência e a tecnologia sejam compreendidas, é necessário um diálogo abrangente de saberes. É necessária uma cultura, da qual a ciência faça parte. É preciso quebrar o estranhamento que a ciência causa e abraçá-la na nossa cultura, ansiando por uma continuidade e comunhão de conhecimento. A cultura é o cimento da humanidade e tanto a ciência como outros saberes devem coligar-se em favor do nosso bem-estar."

David Marçal tenta, num excelente artigo que escreve no Público, explicar o lugar da ciência, criticando, a partir de alguns exemplos, a ignorância que tem sido manifestada, com especial relevo para o momento actual, acerca do conhecimento científico. As reacções em relação à vacina são bastante reveladoras - o presidente de um certo país diz que a vacina transforma as pessoas em jacarés. Mas o que mais me chamou a atenção foi  a referência a outras áreas do saber, dado que alguns cientistas consideram as ciências sociais e as humanidades pouco menos que totalmente inúteis. E não são. Há grandes sociólogos e filósofos, entre outros, que dão um contributo fundamental para compreender o mundo em que vivemos. Mais: fornecem conceitos que nos situam e nos permitem espreitar a complexidade daquilo em que estamos inseridos. 

Muito se fala de o medo e a obediência serem o alicerce em que se erguem as ditaduras.  A obrigatoriedade de usar máscara, respeitar o distanciamento social, etc., são vistos por muitos como formas de manter os cidadãos acorrentados e numa espécie de exercício para a obediência total aos políticos. Esses, parece-me, são os cidadãos verdadeiramente amedrontados.

 Pessoalmente, como sofro de uma repulsa miudinha por uma série de coisas, pelo-me pela mascarinha e o gel. Como detesto beijos e aproximações,  não podia estar mais satisfeita com o abençoado distanciamento. O confinamento é para mim, há muito, a minha forma de vida. E não poder viajar para fora do meu concelho? Que bom!  Não posso, por isso, servir de exemplo de alguém que usa todas estas estratégias de proteção e de cara alegre. Tapada e cheia de vincos e não raro afogueada, mas alegre. Se tenho medo? Claro que tenho medo. Não há nada que eu tema mais que as doenças, aqueles estados de fragilidade que nos fazem ir para o hospital ou andar de médico em médico, que é o material de que se fazem os meus pesadelos. Já de morrer... who cares? Mas, dito isto, saio e faço o meu trabalho e não recuso nada. Olhem-me na 4.ª feira, sozinha na sala X, a trabalhar no meu computador no meu local de trabalho! Não estou paralisada com medo da doença ou da perspectiva de que os políticos no governo estejam a preparar-se para impor uma ditadura. E não estou porque acredito na ciência e as medidas sanitárias são "impostas" pela ciência. Depois, num mundo em que há políticos duma ignorância confrangedora e de personalidade repulsiva até ao vómito, em Portugal, o mais alto magistrado é alguém que eu admiro, de que eu gosto, em quem eu tenho confiança. Por outro lado, eu só assomo à realidade de vez em quando, o que é mais do que suficiente. À medida que a minha idade avança e que as minhas lutas e angústias são cada vez menores, assim vai diminuindo o meu medo de seja o que for. 

Venha o que vier, estou cada vez mais perto de esgotar a minha esperança de vida. Quero lá saber do medo... 

A ciência entre a ribalta e o estranhamento | Ensaio | PÚBLICO (publico.pt), consultado em 27 Dezembro, 2020


Tuesday, December 15, 2020

Tea and biscuits


 Há que dizê-lo com toda a frontalidade: que dia de trampa! 

A hora de deitar, apesar de tudo, costuma ser moderadamente feliz: pelo menos não tenho que ver a fronha de mais ninguém. Claro que há quem goste "de acordar mais um dia, é sinal de que estamos vivos", dizem, com evidente alarvidade. Pessoalmente, prefiro deitar-me. Já que estou viva mais um dia, pelo menos que possas vestir um pijama, tomar um banho - não por esta ordem . e deitar-me na minha cama, que é a minha peça de mobiliário preferida. 

O outro tonto perdeu completamente o sentido do ridículo.  E falando em ridículo... a criatura a beber chá e a comer bolachinhas, produzindo uns ruídos estrondosos e muito satisfeitos, cheios de lambidelas nos lábios. Foi a coisa mais interessante, aliás, deveras interessante, dos últimos tempos. Onde quer está uma coisa que vale a pena apreciar, quando menos uma pessoa se precata...

Saturday, December 12, 2020

You lucky bastard!

 


I haven't been given any coffee. 😒

Saturday, December 05, 2020

Flores

 



Faltam as peónias, a gipsófila, o cacto, as túlipas, os jarros brancos, os jarros amarelos... 

Well and baking

 


Perhaps not so well... but baking!


A Estética da Coisa

~~

Pelo menos com a máscara fico mais fotogénica.


Se fico!



 

05 de dezembro, 2020


A passar o tempo. A deixar passar o tempo...

Sunday, November 22, 2020

Os anos 80...


Suspensas... amanhã vamos para o "dinamismo" daquela coisa. Até às 06h30 da manhã, hora de levantar, tenho muito tempo de ouvir as músicas dos anos 80 e recordar a década em que fui feliz. Não fui, mas... Aliás, nem em 90 e por aí fora.

Saturday, November 07, 2020

Back to normal!?


 
Joe Biden venceu as eleições!

Agora, o cavaleiro da triste figura vai fazer o seu último acto. O estilo estapafúrdio, ignorante, preconceituoso e obscurantista, muito obscurantista, não vai contudo desaparecer. Os estapafúrdios vieram à luz do dia, sem vergonha na cara, muito ufanos da sua "frontalidade", do seu politicamente incorrecto. Entre o medonho politicamente correcto e o sinistro politicamente incorrecto, venha o diabo e escolha. 

Mas, para já, respira-se melhor. 

Tuesday, October 27, 2020

Fantasmas



Há gente a rir à minha volta. Gente a falar. A falar em conjunto. Eu não posso refugiar-me no meu computador acidentado. Vou escrevendo isto, para parecer que estou ocupada. Sempre a escrever. Alguém se vira para mim. Deve ter-se dado conta de que há mais alguém por ali. Mas eu estou ocupada. Busy. Tenho imensa coisa para fazer. 

Saturday, October 03, 2020

Comunicar nos tempos da pandemia

 


Zoom, Meet, Teams! Adoro, bem melhor do que estar ao vivo. Eu própria, salvo raras excepções, posso fazer-me representar. Esconder-me. Há Coisa melhor? 

No trabalho, em grupo restrito, em figura de gente, com a cara ao léu...


Nos momentos bons, a ouvir assuntos que me interessam: Desidério Murcho, palestra sobre Lógica. Em directo no meu telemóvel.



E numa palestra sobre linguagem jurídica, no âmbito da Linguística Forense. Ouvir falar de coisas que não são metas e metas e mete-as...


Da pandemia, o mau mesmo é a pandemia, as suas consequências, todas elas.  E os que a negam e os que põem em causa o trabalho de quem está no terreno. A crítica tornou-se, em grande medida, uma extensão das discussões intermináveis de futebol. -Uma vozearia insana, em que todos se arvoram em senhores da razão. 
De resto, gosto do distanciamento, das máscaras - a fuga, a invisibilidade - o estar em casa sem que me digam que necessito de sair, de estar com os outros, como se os outros quisessem estar comigo...


Tuesday, September 29, 2020

Sonhos que sonhei... onde estão?

 


A minha maquinaria orgânica anda a precisar, urgentemente, de ser oleada, pois não só me obriga a passar a noite em interacção com acabrunhantes personagens do quotidiano fabril, como, esta noite, me pôs a fugir de um galináceo.

Eu estava refastelada num banco de jardim, em Faro, rodeada de escuríssimos arbustos e obscuras flores. Era noite. Nisto, oiço:

- Encontrei-te meu amor.

E fechei os olhos. Este ia ser um sonho de encantar, de romance, o meu tipo de romance favorito: aquele que não acontece. De repente, ainda envolta em suspirantes delíquios, senti uma picadela no ombro. Uma senhora picadela, diga-se, de tal modo que me permiti deslizar para a realidade do meu quarto e averiguar o caso. Seria algum companheiro de cama que me agredira? Talvez uma das seis almofadas. Mas elas são tão fofinhas! Ou o equipamento informático (e não só) armazenado debaixo da almofada (inteligente!) do lado esquerdo: o tablet, o Kindle, o telemóvel, o comando da televisão, o comando da box, o comando do ventilador, o pacote de lenços, a caixa de rebuçados para o catarro, a caixa de Strepsils e, triste é dizê-lo, o mata-moscas. Seria possível uma tal agressão por parte de um destes amiguinhos nocturnos? Abri os olhos. Felizmente, continuava no jardim de Faro, mas tinha um bico junto ao meu nariz e dois olhinhos muito redondos a olharem para mim. Era um galo! Levantei-me, fazendo uma prece com os dedos em cruz  e tentando, até, fazer a dança da chuva, junto a um canteiro. Mas o galo continuava ali, com as asas muito abertas e espanejantes. Mais: vinha, pata ante pata, de bico em riste, na minha direcção. Pior: ouviu-se, algures da figura da ave:

- Sou eu, amor.

- Quem? – Respondi. – Como se atreve?

E ele, teimoso, avança, esvoaçante e penugento, directo a mim. Foi quando decidi pôr-me em fuga, espavorida, pelas ruas da cidade.

As portas das casas reluziam, fechadas. Das janelas, espreitavam as cortinas, em desalinho de curiosidade. As ruas iam ficando mais estreitas e mais vazias. Éramos apenas eu, em correria, o galo, em esforço cacarejante, e os postes de luz, altos e hirtos, espalhando uma luz miúda.

Estava a ser muito cansativa aquela correria infernal. O bicho não se cansava. Mas, nisto, não só deixei de lhe ouvir o estampido das unhacas no empedrado das ruas, como vislumbrei o jardim onde estivera, há não muito, tão sossegada. Rumei para lá, a arfar. Sentei-me num banco e ouvi:

- Estou aqui, meu bem.

O galo? Olhei. Não. Era um homem, muito bem vestido, um pouco démodé, com um chapéu de feltro na cabeça, da qual se elevava uma frondosa pena.

- Hein? – disse eu.

- Hoje é dia de amá-la.

- A mim?

- Claro, meu benzinho fofo. Hoje é dia 29 de Fevereiro.

- Ah! Desculpe. Estou cansada. Fui atacada e perseguida por um galo. Doem-me os pés de tanto correr… Foi horríiiiiveele!

- Um galo? Olhe que não. O meu benzinho está aí desde que cheguei. Muito estranha. Eu chee..

- Não viu um galo? Uma ave imensa cheia de penas??

- Não, benzinho. A coisa mais parecida com uma ave, diga-se, sou eu, que me engalanei com uma pena para a homenagear.

- Pena de galo?

- De pavão. Pavão!

- Então está a dizer que eu sou mentirosa, que não aconteceu nada?

- Aconteceu sim, a fofa, assim que eu cheguei, ficou muito inquieta. Disse umas palavras misteriosas e depois foi para o canteiro aos pulos…

- Desculpe? Euuuu? Aos pulos?

- Sim. Era uma espécie de co… coreografia. Destruiu as plantas todas e arrancou os goivos pela raiz. Olhe!

- E não fez nada? SE eu fiz isso, por que razão não me agarrou?

- Por causa da poeira, amorzinho fofo. Veja como está cheia da terra.

De facto, havia sobre mim um imenso véu de terra e até algumas ervas. Não podia ser! Expliquei então que tinha sido a correria pela cidade, com as estradas cheias de buracos e com a criatura penugenta a levantar imensa poeira com as patas. E perguntei ao homem démodé, engalanado, se já tinha visto as unhas dum galo.

- Que pergunta, gatinha fofa. Venha aqui para a espanejar.

- Deixe-me. Não me espaneje! Vou embora.

- Fofa! Fofa, estamos a ter a nossa primeira discussão. Deixe-me estreitá-la em meus braços…

E arregalou os olhos, muito contente.

Abraçamo-nos. E, do jardim de Faro, fomos transportados para uma bela casa. Era um sítio antigo, de tectos altos, amplo, com uma sugestão de reposteiros de veludo grená e mobília escura e elegante. A roupa começou a sair do nosso corpo, espalhando-se pelo chão, que brilhava sob a luz de um candeeiro de cristal. Felizmente não ficámos nus, o que seria muito impróprio e indiscreto. Em vez disso, à medida que a roupa saía, íamos ficando cobertos de uma penugem longa e macia, que ondulava. E foi nestes preparos que iniciámos uma sessão de beijos, com os lábios unidos em ventosa, que terminou aos rebolões no chão.  Entre beijos e cabeçadas nas paredes e mobiliário, sempre de rojo, com evidente benefício para o enceramento do parquet, corremos toda a casa descendo, até, compridas escadarias. Por vezes, parávamos, ofegantes, um pouco lilases até, já a arroxear, enchíamos os pulmões e, antes de continuarmos o deslizamento beijoqueiro e cabeceante, olhos nos olhos, eu dizia-lhe:

- Ai, querido. Que cabeçada!!

E ele, enlevado e esfuziante de paixão incontida, retorquia:

- Cabeçada? Eu não tenho cabeça! O meu bem fez-ma perder.

Mas tinha eu, e dorida. A testa, um verdadeiro catálogo dos abundantes galos que iriam despontar.

Aos primeiros minutos do dia 1 de Março, o meu homem elegante e démodé desapareceu. Foi-se. Eu fiquei só e pensei: o meu primeiro sonho de amor. E foi tão lindo!

https://br.pinterest.com/pin/216665432057912001/?nic_v2=1a2JU1DAN, em 27 de Setembro, 2020


Saturday, September 26, 2020

Trabalhar por objectivos...





Triste é observar aqueles que acabam por acreditar MESMO que é só o resultado que verdadeiramente importa. Os que sabem que não é, embora também mintam - que remédio! -, mas não vendem a alma ao diabo, estão feitos. Loosers!!!


Tuesday, September 22, 2020

Segunda Feira

 


Começou. Novidades todos os dias. A máscara deixou-me cheia de vincos na cara, por vezes impedia-me de ver. Quando a tirei, ao fim do dia, estava vermelha e afogueada. Foi a melhor coisa que me aconteceu. Amanhã estarei mais horas com ela. Pode ser que haja algo de bom...

Monday, September 21, 2020

Baile de Máscaras


Impõe-se dizer que a máscara contribuiu muito positivamente para a estética do indivíduo. Nunca me tinha apercebido, que havia tanta gente bonita no meu local de trabalho. Eu própria até rejuvenesci e fiquei com menos queixos. Não quer dizer, contudo, que o panorama á minha frente se recomende. Alguém fala de ajuntamentos e falta de cumprimento das medidas, com a máscara pendurada na orelha. Com a boca ao léu, portanto, lançando sadios - esperemos - perdigotos para o espaço. À revelação de tão impróprio comportamento por parte de quem se ajunta, retruca uma perfeccionista dos equipamentos, que é assim     que, não tarda, estamos todos confinados. A retrucante, porém, tem o nariz fora da máscara enquanto se indigna. Depois, embora estejamos num local onde deve imperar o silêncio, as duas justiceiras falam altíssimo, como se tivessem medo que a máscara impedisse a correcta audição das pérolas tonitruantes que lhes resvalam dos beiços. Engano. Lá vem a grande chefe pedir silêncio, de forma algo tímida, mas irritada e irritadiça. Em vão. A converseta continua animada, e o nariz em riste prenuncia a exibição, não tarda, do buço que por baixo dele se aninha. 

imagem do Google


Sunday, September 13, 2020

A Terra é Plana

 


"Apesar dos factos em contrário, a verdade é que a Covid é a maior ameaça à humanidade desde a invenção da gaita de foles. À cadência actual de mortos por dia, Portugal arrisca ficar desabitado em 10 mil ou 15 mil anos. "

https://observador.pt/opiniao/o-portugues-nao-vai-em-grupos-as-regras-da-contingencia/, em 13 de setembro, 202o

Não se aprende nada com o AG, mas rio-me muito. E não há nada mais importante.

Respondendo agora à pergunta da imagem. Agora sou o gato 4 com uma pontinha do gato 9. Amanhã, sou o gato 2, com uma grande ponta do gato 7. Chuif!



Friday, September 11, 2020

Comédia de Enganos


Lembro-me de uma vez, já há uns anos, ter corrido a notícia, numa certa plataforma da Internet, de que um certo membro tinha morrido. Instalou-se a consternação. Os lamentos foram bastos e grandes. O defunto era uma boa pessoa. Boa? O defunto era extraordinário. Extraordinário? O defunto era sublime. 

Eu, que não o conhecia, esbocei, solidária com os membros enlutados, algum pesar. Claro! E recordavam-se as façanhas épicas do jazente.  Ai aquele dia em que, etc., etc. aquilo é que foi! Que divertido era o defunto. E bom. Sobretudo bom. Amigo do seu amigo. Enfim. A bondade em pessoa e agora, lástima, tinha-nos deixado a todos mais pobres. Então, um outro sujeito, muito dado à retórica (bacoca), profere uma frase de grande efeito, que passo a citar: curvo-me respeitosamente perante a sua memória. Muito me ri, confesso, com a curvatura do dito cujo. Quase rebolei no solo com a hilaridade. E é então que o falecido decide anunciar que estava vivo. Disparate! 

Ficámos estarrecidos e levemente envergonhados pelo esparrame de afecto a que nos entregámos. Especialmente o outro que, amigo que é de pôr cerejas nos topos dos bolos, andou a acocorar-se sem necessidade.  

E é aqui que entra o drama cómico dos últimos dias. Alain Cocq está condenado a uma vida vegetativa. AC pede para ser eutanasiado. AC não consegue ser eutanasiado. AC decide suspender o que o prende à vida  - tubos e mais tubos - e quer deixar-se morrer em directo no Facebook. AC é notícia em todo o mundo. Eu fui implorar no Le Monde a Macron (que me ouviu, certamente) que  atendesse AC. O Facebook bloqueia a conta de AC. Berreiro. Os mais fluentes em Francês encheram a barriga de nomes ao Facebook. Nisto, umas almas que são pela eutanásia e que queriam continuar a acompanhar AC, abriram uma conta de apoio a AC. Eu fiz-me membro e todas as noites ia desejar-lhe boa noite, porque ainda sei dizer "bonne nuit". E não faltaram carinhas de lágrimas e corações e mensagens com velas e mais velas e imagens celestiais por parte dos mais católicos. Entretanto, ficamos a saber que AC tinha ido para o hospital contra a sua vontade. E depois, que tinha ido para o hospital por vontade própria, posto que não aguentava mais o estado em que se encontrava. Há logo quem diga de forma boçal: tinha tanta vontade de morrer como eu! Vergonha, tanta coisa e agora foi para o hospital. Eu, algo perplexa, achava estas frases cruéis. Eu sou a favor da eutanásia, mas esta implica VONTADE EFECTIVA do requerente, assim como o suicídio, logo, se AC voltou atrás, quer por não suportar a situação, quer por preferir viver, tudo bem. Desejei-lhe sorte e saí do grupo, privado. AC, entretanto, volta a ter a conta activa, está com bom aspecto, sem a sonda de respiração, e está a falar, a explicar os acontecimentos. Eu não queria sequer ouvir, não gosto de assistir ao sofrimento alheio, mas fiquei intrigada quando começo a ver carinhas zangadas e carinhas de risota e palavras duras. Bem, vou averiguar, enquanto decido que não quero receber mais notícias de AC no meu feed. Do Facebook, quero apenas estar em contacto com grupos que evitam contactos, grupos esses sobre assuntos do meu interesse. Pessoas? Não quero nada com pessoas. Só com grupos. E que vejo? Que AC vai processar aqueles que abriram a conta de apoio em nome dele, porque é uso indevido do seu nome, porque é devassa da vida privada e outras coisas assim. Bom, entre aqueles que continuam a apoiá-lo, há uma grande mole que até o insulta sem dó nem piedade. E eu? Como disse, para mim acabou. Quanto à polémica, congratulo-me com a volta à vida de AC. Está de volta, mesmo, ingrato e mau, como é próprio de estar vivo. Que mais posso dizer?

Ah, posso dizer que, se o processo cair também sobre os membros incautos e choramingantes, também me calhará a mim uma de duas coisas: ou desembolsar uma indeminização ou ir parar com os doloridos ossos atrás das grades.

  A vida é bela!

Imagem: https://londonfuse.ca/fuse-profile-aaron-hatherall/beksinski/, em 11 de Setembro, 2020 


Para rir...

 

Que melão! Que senhor melão...

Tuesday, September 08, 2020

Calor Humano

Os primeiros dias (e os outros) são gélidos. Este ano, talvez, mais. Calcei meias, coloquei uma mantinha leve na cama e estou deserta por me cobrir com ela, me encolher, ajeitar as almofadas e ouvir pela terceira vez a palestra de CBJ sobre o conceito de Tempo. Quero pôr o dia para trás e, sobretudo, afastar a inquietação pelos deveres, as obrigações a realizar amanhã... 

Entretanto, Alain Cocq, como está à mercê de tudo, como não se pode valer, foi levado para o hospital, porque estava "muito mal, quase a morrer", e manda a lei que se dê assistência a quem está mal, sob pena de se ser acusado do crime de recusa de auxílio. Depois vem o médico e, como mandam as regras da sua profissão, tem de fazer tudo para salvar "uma vida". E pronto, lá vai o pobre homem, depois de dois dias de agonia, quando está mais perto de atingir o seu objectivo - MORRER -, parar ao hospital, para voltar tudo ao princípio. Agora que digo isto, até tenho vontade de rir,  mas posso piorar a minha dor de cabeça.

A mania que as pessoas têm de nos virar as costas, quando nós até apreciaríamos e necessitaríamos do seu apoio, e de nos foderem a paciência completamente, quando nós queríamos apenas que elas nos desamparassem a loja e fossem para o caralho!!  

Imagem: https://www.businessinsider.com/the-shining-alternate-ending-2013-1, em 9 d Setembro, 2020

Monday, September 07, 2020

Um Homem Singular





Espero que amanhã já não acordes...

Sunday, September 06, 2020

Não amanhecer...





Há um homem, neste momento, que não quer ver mais o amanhecer. Já não quer ver nada. Já não pode ver nada. Nada lhe desperta a atenção. Já não tem vontade. Jã nada pode, senão deixar-se ir.

Quer ficar na noite, mas na noite escura, sem brilhos de luzes, de faróis de carros, ou sequer de estrelas. Só já quer partir.



Uma canção para Alain Cocq, sozinho com os seus cuidadores fiéis, privado de contactar com aqueles que o queriam, querem acompanhar até ao fim e, depois do fim, querem celebrar, ouvir música - vamos ver qual. Hoje, para esta noite, colocaram-se velas. Amanhã logo se vê.



Estranho: as associações de defesa da eutanásia não se manifestam. Do que depender de nós, o grupo que se criou para acompanhar Alain, a coisa não ficará por aqui! 

Saturday, September 05, 2020

EUTANÁSIA , SUICÍDIO ASSISTIDO: MORTE!



Alain Cocq, como não pode ter uma morte boa, sem dor, com tranquilidade, decidiu suspender os cuidados que o mantêm vivo: sonda para respirar, sonda para se alimentar, saco para excretar fezes e urina. É esta a vida dele. Há 34 anos que começou a sofrer de uma doença degenerativa. Fez o que pôde para chamar a atenção para a necessidade de haver uma resposta de morte e não de vida - que vida?? - enquanto ainda se podia mover. Agora está numa cama. Comunica através do Facebook. Apelou ao Presidente Macron, para autorizar o seu fim com "dignidade", mas a resposta foi não. Assim, a alternativa foi parar, hoje, sábado, a alimentação e a hidratação, continuar apenas com a morfina, para suportar as dores. Espera ele que, deste modo, não sobreviva por mais que cinco dias. A morte, essa, ocorreria no Facebook, em directo, forma como tem comunicado connosco, aqueles que estamos com ele, apoiando em toda a linha a sua decisão. Na última mensagem, disse-nos, mais ou menos, que não estivéssemos com cara de enterro: ainda estou vivo!  Todos rimos... mais ou menos. Entretanto, o Facebook já manifestou a intenção de bloquear o contacto dele com o mundo, com aqueles que o seguem, e impedir a morte em directo.

Ah, para que conste, não se trata ou trataria de uma transmissão do tipo grande sofrimento em directo, olhai e afligi-vos, entre a Marcha Fúnebre. Não. Tão somente mostrar àqueles que estão com ele, alguns, não é o meu caso, há muito tempo, que acabou tudo. Que na cama onde houve dor, revolta, apelos, indignação - tudo em directo - há agora paz, tranquilidade, silêncio. 

O espaço público, que são as redes sociais, destina-se às pessoas felizes, que mostram as suas férias, as suas refeições, os seus gatos brincalhões, os seus filhos saudáveis e lindos. São o espaço onde se coscuvilha, se insulta, mas também onde se contam anedotas ou se partilham imagens de "morrer de riso", que é a única morte que aí se permite.

A morte mesmo, à séria, essa coisa nada natural, é para se manter escondida, não vá estragar o dia dos imortais.



Faz lembrar o outro, o da Construção de Chico Buarque,  que " morreu na contramão atrapalhando o tráfego".  Notem: atrapalhando...



Mas o Alain nem isso pode fazer. Ele só poderia atrapalhar "no Facebook"! Quando os vivos já estão mortos, atrapalham apenas aquilo que os outros lhes permitem atrapalhar!

Thursday, September 03, 2020

Tuesday, September 01, 2020

O Regresso...


Que horas são? 18:24. Acabei de almoçar. 

O regresso e o facto de ter de estar no trabalho, na fábrica, às 13:15, tirou-me a vontade de comer. Só no regresso a casa aqueci qualquer coisa e sentei-me à mesa, com um cansaço inusitado. Eu estive apenas durante duas horas e meia numa sala com mais duas pessoas. Ambas as três de trombas. Especialmente eu e a minha colega, com máscaras K95, se não estou em erro, a minha com respiradouro, uma coisa enorme, descomunal, que me cobre as faces até quase às sobrancelhas. Quando olhava para a minha colega e me deparava com aquele aparato, abismava-me e pensava: a minha  - máscara, claro - ainda é maior! E tem uma coisinha redonda, para que conste. Mas que figuras!! 

Às tantas, segredei no ouvido da minha colega, mantendo as devidas distâncias sociais e outras: uma tarde inteira a debitar PowerPoints e outras coisas, às simpáticas plateias, com isto nas fuças, vai ser uma alegria. Ela concordou. Até demorei mais cinco minutos no percurso, o que prova que a máscara torna o multitasking  - andar e respirar - mais penoso! E eu gosto da higiénica cobertura. 

Ah, já me esquecia, tive de desinfectar as mãos de uma pessoa, esguichando-lhe álcool para as mãos. Mais uma tarefa da profissão. Falando em desinfectar, como me esqueci das luvas, passei o tempo todo a borrifar-me com álcool. A minha colega até me chamou a atenção. Chego a casa e leio algo do género: a desinfecção em massa das mãos com álcool pode criar um super vírus. Credo! Não faltava mais nada. 

Ainda assim, creio que o ano que agora começa dificilmente possa ser pior que o anterior. Pelo menos, certas pessoas já mostraram as suas verdadeiras cores. Dali virá certamente toxicidade a rodos, é a especialidade da casa, mas já estamos vacinados. 

Monday, August 31, 2020

1 de Setembro, 2020

 

Acabou Agosto. Pareceu-me que tinha de assinalar a data. Mas não tinha nada para dizer. Os nossos inimigos, as pessoas que nos viraram as costas, que nos desclassificaram, nos humilharam, são preciosos. Dão pano para mangas para escrever. Eu gosto de escrever, de registar os momentos, de fazer a revisão dos factos. Mas é a raiva que me traz ideias, que me põe palavras na boca, me faz escrever. A alegria também. Mas as alegrias são sempre breves... não servem.

Este ano, este verão, não me trouxe nada. Fiquei enfronhada no YouTube, com os meus amigos brasileiros e ingleses e americanos e espanhóis e agora até uma amiga turca. Li pouco, mas ouvi todas as palestras do Prof. Doutor Leandro Karnal, entre outros, e até tirei apontamentos. 

Falando em ler, terminei o livro sobre Betty Broderick: fascinante! A realidade ultrapassa, de longe, a ficção.  Terei de encontrar uma emoção qualquer que me faça escrever sobre esta mulher, esta assassina. Ainda na questão dos livros, aguardo o ensaio sobre Nietzsche e as mulheres, ou melhor, a visão de Nietzsche sobre as mulheres, da autoria de uma especialista que LK convidou para falar com ele sobre este filósofo. Estarei atenta. 

Mas, dizia, dei por mim morna, anestesiada, sem raivas, sem paixões, sem ódios, sem nada. E sem o que dizer.  Aliás, está na hora da live do Professor Marco António Villa. Não durmo sem o ouvir. Para conseguir alinhavar umas palavras, procurei umas fotografias, mas não estão neste computador. Encontrei, no entanto, um printscreen de uma troca de emails com uma formanda minha, muito novinha, 22 anos, que, não sei como, engraçou comigo, continuando a escrever-me muito depois de estar certificada. As últimas notícias dela foram perturbadoras... Espero que esteja bem. 

Minha amiguinha, espero que estejas bem!!





Monday, August 24, 2020

Christina Bothwell: a Alma

 

CB tem a alma - soul - como tema da sua arte. As almas surgem transparentes, quer saindo do corpo quando se morre, quer saindo dele quando se sonha. Quando se dorme.

 Há algo de interessante acerca do tema da alma transparente. A alma fugidia, que nos abandona... e que nos abraça. 

E a alma já liberta, de olhos entreabertos, bela e assustadora. A alma dos mortos, "roendo maças"...


https://www.phoenixnewtimes.com/arts/7-exhibits-to-see-in-july-in-metro-phoenix-11317645, em 24 de agosto, 2020

https://www.thatcreativefeeling.com/masters-of-glass-sculpture/christina-bothwell-3/, em 20 de Agosto, 2020

https://www.thatcreativefeeling.com/thick-rough-and-beautiful-clay/christina-bothwell-2/, em 20de Agosto, 2020

Thursday, July 30, 2020

Livros, Filmes e Música





Wicked Game é perfeito para o filme My Cousin Rachel, baseado no romance homónimo de Daphne Du Maurier, a autora de um dos meus romances preferidos: Rebeca.

Penso que vou rever filmes que decorrem noutras épocas. Parecia tudo tão perfeito, apesar das tragédias. O espaço era amplo, as casas, grandiosas, eram cenários de pesadelo: perfeitas. E a música de Chris Isaac, na versão dos Ursine Vulpine, parece ter sido feita a pensar na Prima Raquel...

Belo programa de férias: pintar a casa - já comprei as tintas e os pincéis, só já falta pintar!! -, ver filmes, ler livros, e ouvir música. Etc., etc., etc.   

Tuesday, July 28, 2020

Férias 2020





As férias chegaram, apesar de tudo. Trabalhei em casa. Que bom. Passei o fim de semana a preencher folhas de Excel, juntamente com uma colega, através do Meet. Reuniões via Teams, via Zoom, via Meet. Também dei por mim a ser espiada  - ESPIADA! - através do Messenger... Fiquei furiosa e pelo meio da noite, com a câmara tapada, entrei na Internet e bloqueei a besta quadrada. São as aventuras possíveis, e eu gosto delas, na medida em que, apesar de tudo, estou sozinha. Falo, mas estou sozinha. Alguém do outro lado do mundo aproveita para espiar-me, mas eu continuo sozinha. O que é que me aborreceu verdadeiramente? É que nem tinha um batom nos lábios!!! Não se faz. Não se espreita uma mulher que está desgrenhada e sem uma corzinha nos lábios. É uma tragédia.

 Por sua vez  o YouTube, que é o país semi-estrangeiro em que me fixei, resolveu surpreender-me com um álbum completo dos Hooverphonic, um grupo muito próximo dos Portishead. E o que é bom traz sempre mais coisas boas, tal como o que é mau traz sempre mais coisas más, de que falarei um dia destes. Passei, pois, boa parte do dia a ouvir música belíssima.

Tenho três livros em cima da mesa e mal os abri. Que horas são? Bastante tarde. Vou abrir os livros.



"Ludovica nunca gostou de enfrentar o céu. Em criança, já a atormentava um horror a espaços abertos. Sentia-se, ao sair de casa, frágil e vulnerável..."



Teoria Geral do Esquecimento, J E Agualusa



"Sim, sou um nostálgico da simplicidade. Tenho 5000, 6000 livros. Mas o meu sonho supremo era ter apenas 10 ou 20 e fechar a contagem. Ah, como seria bom reunir os livros da minha vida numa única estante e deixar que o ruído do mundo, e das letras, passasse lá fora."



Vamos ao que interessa - crónicas, J P Coutinho



Apetecia-me continuar a viver a noite assim, a abrir e a fechar livros, não a dormir, a viver...  Caso durma e tenha um sonho épico ou um pesadelo épico, no entanto, continuarei a viver... Não a abrir e a fechar livros e a sentir os minutos da noite, mas a viver...

Saturday, July 25, 2020

Wednesday, July 15, 2020

Felipe Neto: gooood!





Very well said. I'm referring to his accent, of course! Not.



The teenager? Pathetic philosopher ...

Monday, July 13, 2020

A Ausência



Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Guronsan... Eno... Qualquer coisa.... please!


Aaarrrrgggghhhhhhhhhhh 

Não bastava eu ter a mania de pôr a loiça suja em cima da máquina em vez de dentro da máquina, e agora isto.

Já é bastas vezes mau ouvir O Homem que Mordeu o Cão, enquanto tomo o pequeno-almoço ... hoje por exemplo: as façanhas de uma criancinha numa casa de banho a fazer pinturas *castanhas* nas paredes. Need I say more?  Mas eu já estou vacinada. 
Há porém uma infestação de anúncios e cantoria no YouTube, uma coisa desmedida. Há algum tempo, só tinha de preocupar-me com a pasta de dentes contra o .... uhhhh ... sangramento das gengivas,  que apresentava um desagradável misto de cuspo e sangue a escorregar num lavatório em direcção ao ralo. Um pesadelo! Um pavor. Ontem, porém, estava eu consolada a encher-me de  Nutella em pequeninas tostas, de tal modo que até fiquei assada nos cantos da boca, devido ao excesso de chocolate, quando ouvi: aprenda a tirar a cera dos ouvidos. Fechei logo os olhos! Mas ainda vi uma coisa parecida com a extremidade de um parafuso que, presumo, é para atochar nos ouvidos e extrair a dita cera! 

Senhores da publicidade: contenham-se! Há gente a querer alimentar-se.  

Friday, July 10, 2020

A VIDA DOS INDÍGENAS BRASILEIROS IMPORTA



«O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, vetou um projecto legislativo que obrigava o Governo federal a fornecer água potável, higiene e camas hospitalares a indígenas, por serem considerados “grupo em extrema situação de vulnerabilidade” durante a pandemia de covid-19.»

«Bolsonaro justificou o veto de 16 alíneas do projecto legislativo argumentando serem contra o interesse público e inconstitucionais, por criarem despesa obrigatória sem demonstrar o “respectivo impacto orçamentário e financeiro”.»

GENOCIDA!

https://www.publico.pt/2020/07/09/mundo/noticia/bolsonaro-veta-lei-define-indigenas-grupo-extrema-vulnerabilidade-1923744

Imagem: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2020/01/18/indios-repudiam-exploracao-de-terras-indigenas-em-carta-ao-congresso-escrita-em-reuniao-mobilizada-pelo-cacique-raoni.ghtml

Tuesday, July 07, 2020

Mon Cherry!


Huuummmmmmmmmm. Não pode crescer mais aqui, mas ainda falta ali: 4 dedos! É muito dedo ainda. Talvez em setembro esteja bem. Talvez... 

Cerejas




Mais um dia quase a terminar. Faltam ainda uns quantos relatórios, mais um avanço na correção do portefólio, um banho, e depois é cama mesmo. Ando a arrastar-me... 
Hoje, finalmente, estreei a minha máscara das cerejas. 5-line-masks Premium cherry. Foi a melhor parte do dia. Tive de ir à rua, o que é sempre perigoso, e não falo do vírus ou só do vírus. Por falar,  que bela palavra, covíboras. Imaginativa. E não fui eu que inventei! 

Friday, July 03, 2020

Wednesday, July 01, 2020

Ler para Esquecer...


A lata dos incompetentes! Deve ser muito triste para certas pessoas verem-se numa profissãozinha como esta e serem, portanto, NADA. Como são NADA e nada podem e levam nas orelhas dos outros nadas - eu vi -, andam sempre em busca de um nada da categoria nadinha ou nadinha mesmo, para poderem eles arrear também! Mas é vê-los, desfazendo-se em tutoriais e webinares, as novas pragas a par da Covid, do corona, das coironas e do novo vírus da gripe suína que se perfila, na pole position,  para nos entrar pelos orifícios faciais: ele é  as narinas, ele é o bucal, o orelhal, os poros, sei lá... um arraial de orifícios. 
Andam os profissionais da indústria da metafísica e outras metas  - só metas -  de boca cheia de digital e de mais digital e nem têm arcaboiço para fazer os mínimos. Aliás, os minimosinhos. É como as pontes. Só depois de feitas é que se fazem os acessos, de preferências quando as pontes, de velhas, já não se aguentam nas colunas. Very Typical!
E aquela coisa, credo, parece uma rede e não é de pesca. As boas redes de pesca de antanho, sendo cerzidas por agulhas de madeira à beira-mar. Hoje é aquela tristeza, aquela vozearia, aquelas fronhas, de sorriso bovino, plasmadas em múltiplas fotografias. Que bicheza, que selva. É só poluição. Estou derreada. Pudera!!
Tive de ir à Wook em busca de livros para sobreviver. E livros de papel. Quero apalpar e não é o Kindle. É papel mesmo. É agarrar-me e não é ao computador, o sítio imundo onde existem aquelas coisas. Aliás, também tenho que comprar um novo computador só com as minhas coisinhas. Um computador limpo, de máscara, com as teclas etilizadas, com software MEU só MEU. Sem as camadas de estrume virtual, digital e o diabo. 
Foda-se!!!




Friday, June 26, 2020

Sunday, June 21, 2020

Saturday, June 20, 2020

Le Silence de la Mer


Um Homem vai vivendo. Vai enfrentando a vida, como pode. Aparentemente tem sucesso. Aparentemente está feliz. Na rua, nas revistas, nas "redes", está feliz. Nas redes, toda a gente está feliz. Ou atormenta de forma soez os que estão felizes. Os obstáculos, as pequenas angústias, o pensar no futuro, o pensar como continuar a ser feliz e a ter sucesso no futuro, tudo aquilo que nos aperta um pouco, que nos sufoca, só se manifesta no palco vazio da nossa mente. Não falamos porque o nosso interlocutor mais imediato se aflige. E não queremos afligir o outro. E não temos ninguém a quem possamos contar o pequeno drama que se vai desenrolando no nosso íntimo. A depressão vai-se confundindo com uma pequena crise. A crise da meia idade. A crise das outras idades. O encurtar de tudo, de tempo, de oportunidades, de amigos. Alguns deixaram-nos devido aos nossos sucessos - pequenos sucessos -, porque não suportam que tenhamos subido um degrau. Não importa qual. Outros nunca sequer foram nossos amigos. E demonstraram-no, posto que sempre nos viraram as costas nos momentos mais frágeis. Mas nós não queríamos acreditar. Nós esperávamos que fosse só um momento, que não se repetiria. Nós não sabíamos que a nossa existência, e tudo que nela existe, era visto como uma espécie de parasitismo. Para nós termos, o outro deixou de ter. A nossa existência teve como contraponto uma série de inexistências e de raiva acumulada dirigida a nós. E nós não sabíamos. Embora saibamos que não foi assim...
E um dia um Homem olha em volta e não vê nada que valha a pena. Já ultrapassou a angústia de pensar na angústia dos outros. Já não vê nada. Já arranjou coragem para dar um fim ao psicodrama da sua mente. Só quer dirigir-se para o mar. O mar grande, onde já nadou, onde já foi feliz. É para o mar que se dirige, mais uma vez, a última, em busca de ser feliz. Pela última vez.

Descansa em paz, Pedro. Podias ter dito alguma coisa, íamos os dois. 

Imagem: Beksinski

Wednesday, June 17, 2020

A ordem


Tudo tão sossegado. As folhas deitadas, as canetas quietas. O computador aberto e silencioso. A mala transparente. O cachecol cinzento descansado, enrolado. As cadeiras afastadas das mesas,
 expectantes. A luz amarelada e triste. Os meus óculos, que mal se vêem. O frasco de álcool, que há muito é meu companheiro, aliado. Nada  - quase - dá conta de mim, algures, ao pé de algum formando. Bem menos quieta que todos os meus objectos...
Foram dias maus. Passados! 

Sunday, June 07, 2020

Obsessões: cabelos e germes



Estava tão bem aqui, o meu cabelinho. A cor estava linda, mas o raio da cabeleireira não infrequentemente enganava-se na cor! Até que me cansei e tomei o assunto nas minhas próprias mão, embora pareça que toda a gente andou a tosquiar-se durante a quarentena. É que não há como a pessoa ser original! Em abono da verdade se diga que o meu cabelo tem andado a compor-se, até já cresceu um pouquinho, embora no sítio errado: where else? Lástima é que não ceda à força da gravidade, é que anda sempre em pé ou, pior, agarra-se-me à cabeça como se temesse despenhar-se no solo. E encaracola-se! Meu Deus, tenho de comprar uma peruca para os dias em que ele está temperamental. Pela manhã, é um desfile de horrores. Hoje acordei com um redemoinho traseiro - não confundir com no traseiro - e uma aba poderosa do lado esquerdo. Tive que recorrer à força dos braços para baixar tudo. Cabelos...
E agora os germes ou melhor perdigotos. Toda a minha vida fui acometida de grande náusea à ideia de que o "ar puro" mais não é que ar reciclado após ter saído dos pulmões de alguém. Não há ar puro! É fake. O ar é um concentrado imenso de perdigotos, germes e outras coisas. Há que tempos eu já usava álcool e outros líquidos para tentar purificar-me. Em certos sítios, ia abrindo o meu caminho a borrifos de álcool misturado com essência de baunilha para disfarçar. Borrifos esses que não raro me caiam nos olhos, o que nunca é bom. Daí que eu seja, talvez, a única pessoa no mundo a gostar de máscaras. Abençoadas: a nossa boca e narizinho - ou narizão - tapadinhos e aconchegados em panos e tecidinhos suaves. Tão vooommm! Penso que encontrei o amor do resto da minha vida. As mascarinhas cirúrgicas e sociais e outras, e também as luvinhas de propi qualquer coisa Aiiiiiiii.

Friday, May 29, 2020

Coisa mais linda


Que pena só agora ter começado a pensar em mim. Já foi demasiado tarde.
E agora parece que o mundo vai acabar: crise sanitária, crise económica. Crise. Crise…

Carpe Diem



Eu resisti durante muito tempo…

Thursday, May 28, 2020

Photoshop


Adeus cabelinho médio. Foi um gosto conhecer-te, mas ultimamente andavas completamente insuportável. Recordar-te-ei sempre com muito carinho. É tudo!

The masked dance



Tenho que tornar a aparar o cabelo... Mas cabelo comprido JAMAIS!