EU: Há que tempos que não nos falávamos!
OUTRO: Então, que contas? Espero que tenhas algo digno de
interrompermos este longo – e apreciado – silêncio.
EU: Tenho, pois. Eu tenho sempre coisas para dizer, como
sabes.
OUTRO: Vais falar d….
EU: De beijos…
OUTRO: … Mas pensava que andavas sombria e acabrunhada…
EU: Sim… mas vou falar de beijos de forma sombria e
acabrunhante..
OUTRO: Ó/Oh os beijos, os beijos são como cerejas…
EU: Eu gosto mais de cerejas, embora não goste de cerejas…
mas são um fruto bonito … é como os morangos…
OUTRO: Mas falemos de beijos…
EU: Vi no canal Q…
OUTRO: Quê?
EU: Sim. Um bacoco, um palerma falava de beijos como se
fosse especialista, DOS GRANDES, na matéria…
OUTRO: E não era DOS GRANDES?
EU: Não!
OUTRO: Mas deu sugestões para bem beijar?
EU: Deu: não se deve ter bróculos agarrados aos dentes
quando se beija…
OUTRO: Hein?
EU: Mas também não se deve escovar os dentes de forma a ter
sangue gengival quando se beija.
OUTRO: argh!
EU: Disse que não se deve explorar a boca do parceiro a ponto
de lhe arrancar a placa, caso ele a tenha.
OUTRO: !?
Eu: Disse ainda que o beijo envolve os lábios, a língua, os
dentes e até um dedo…
OUTRO: Um dedo?
EU: Um dedo! Para meter na boca, para pressionar. Ele diz
que é erótico.
OUTRO: Extraordinário!!
EU: E que não se deve pensar no IRS quando se beija…
OUTRO: Mas ele não disse nada de poética, por Deus… estamos
a falar de beijos…
EU: Ele falou na bela dança das línguas. Achas poético?
OUTRO: Não, credo!
EU: Então não disse nada de poético.
OUTRO: E que mais disse o especialista?
EU: Que no dia anterior tinha comido lulas e no outro tinha
comido rojões…
OUTRO: Mas… porquê??
EU: Para concluir que os dentes não servem só para trincar
rojões!
OUTRO: Para que mais servem os dentes, então?
EU: Para mordiscar os lábios…
OUTRO: Ah!