Friday, October 09, 2009

BREATHLESS!

De cortar a respiração. A preto e branco. Sábado, pp. 116, 117. O homem de olhos claros está sentado numa cadeira. Tem um lenço no pescoço, a cabeça está levemente inclinada e encostada à cadeira. A pose é de abandono. Os olhos claros, límpidos, olham-nos fixamente. Dois jovens, lado a lado. Ela hirta, como um manequim numa loja. Ele não o está menos, mas os olhos dele são mais expressivos. Um homem de barba, com dois cães junto de si, está sentado numa cadeira, tem os olhos entreabertos, a cabeça está inclinada e encostada à cadeira. Parece levemente embriegado e sorri, muito levemente. Uma família: o pai sentado, a mãe sentada, a filha de pé, os olhos abertos fixamente, as mãos, rígidas, pousadas sobre a mãe e o pai. Três jovens, irmãs, a do meio, muito direita, com as mãos no colo, olhos entreabertos, conserva um semblante rígido. Depois, uma criança, rapaz, sentado numa larga cadeira. Grande de mais para o seu corpinho, vestido com um fato, à homem. Inexpressivo, os olhos são dois pontos que se destacam na cara, não se vê se estão abertos ou fechados. Tem uma mão presa no braço da cadeira. A outra, em cima da perna, segura uma flor. Depois, ainda, mais uma criança, rapariga, dorme, sentada sobre uma cadeira. Em seu redor, bonecas: quatro.
Quase todos estão mortos. Posam uma última vez para a fotografia, aquela mesma fotografia que servirá para que aqueles que os amam os possam recordar, ainda vivos (embora mortos),com os seus cães, família, mãe e pai, irmãs, bonecas e uma flor. Enfim, aquelas coisas que os mortos não têm, lá no sítio,chamado terra dos mortos, para onde vão.
Podia, mas não coloco as imagens. No meu cemitério, respeitam-se aqueles que partiram e, embora estes mortos estejam lindos de morrer, não serão aqui exibidos. Que descansem em paz!